Fátima Alçada: “Programação do CAO toca diferentes públicos e áreas performativas”
Nesta nova temporada, set – dez, a Cultura em Ovar renova-se e inova, apresentando uma programação arrojada, dinâmica e abrangente, privilegiando os equipamentos culturais de excelência do Município, e com um grande destaque: uma nova dinamização da Escola de Artes e Ofícios com a inauguração do Centro Lúdico do Azulejo e da primeira de sete grandes exposições dedicadas às artes e ofícios do concelho, “A Cordoaria 1.7”. O Teatro será a área artística de relevo, assim como os espetáculos com a comunidade e ainda o Serviço Educativo, que ganha também mais um palco na Escola de Artes e Ofícios.
“Clarão” dos PAUS é o primeiro concerto a subir ao palco do auditório do Centro de Arte de Ovar, este s+abado, no dia 20 de setembro, num espectáculo que para alguns será uma surpresa e para outros a confirmação de uma das melhores bandas a fazer música em Portugal. Neste mês há ainda circo contemporâneo “Abril” de João Paulo dos Santos, pela companhia francesa Último Momento.
Outubro abre com um concerto de excelência “Canções com Teclas”, com Manuel Freire na voz e Manuel Jorge ao Piano, prometendo um concerto diferente, mas com memórias.
Nos dias 10 e 11, a Escola de Artes e Ofícios apresenta-se ao público com uma nova dinâmica. O Centro Lúdico do Azulejo é uma das grandes novidades e inaugura com a oficina “Jogos de Rua, Sonhos de Parede”, que tem por objetivo dar a conhecer o património azulejar de Ovar, através de cenários e artefactos lúdicos exploratórios que terão como ponto de partida observar, pensar, descobrir e criar. Este será um novo espaço de aprendizagem e exploração formal e criativa.
A Exposição Cordoaria 1.7 será a primeira de um conjunto de sete Artes e Ofícios relevantes no concelho de Ovar a ser apresentada no espaço expositivo da Escola de Artes e Ofício. Esta exposição pretende valorizar o conhecimento desta arte assim como dar a conhecer o património imaterial associado ao ofício.
No dia 11, o Teatro entra em cena com a aclamada “Ode Marítima” com Diogo Infante e João Gil, e no dia 25 com “Gata em Telhado de Zinco Quente”, de Tennessee Williams, pelos Artistas Unidos.
Este é ainda um mês de Serviço Educativo com a apresentação de vários espetáculos de marionetas pela Companhia Mecânica – Paulo Duarte, quer no Centro de Arte de Ovar, quer na Escola de Artes e Ofícios, de “A Primeira Pedra da Muralha” e a formação para educadores “A voz e o corpo no ato de educar” por Margarida Mestre.
Emmy Curl, no dia 31, encerra a programação de outubro, num concerto peculiar no sub-palco do Centro de Arte.
Nos meses de novembro e dezembro, o teatro continua em evidência, com “Cyrano de Bergerac”, encenado por Bruno Bravo, no dia 22 de novembro, tratando-se de uma peça que envolverá a comunidade através de um workshop prévio. Na música destaque para “Mão Morta” no dia 15 de novembro, “Little Friends” a 28 de novembro e “Gospel Collective” no dia 13 de dezembro. No Serviço Educativo, o teatro de Marionetas “Peregrinação” decorre a 2 e 3 de novembro, e o teatro para bebés “Lá Fora” de Crista Alfaiate e Carla Galvão nos dias 14 e 15 de dezembro.
De referir que, ao longo de toda a temporada, a Câmara Municipal de Ovar acolhe na sua programação diversos espetáculos produzidos por associações e grupos concelhios, entre os quais, o XVI Comcordas pelo Grupo de Bandolins de Esmoriz, o “Boa União – 125 anos de música” pela Sociedade Musical Boa União, o VII D’Ovar Pr’Ovar pela Banda Filarmónica Ovarense, o Concerto de Natal dos Serviços Sociais dos Trabalhadores do Município de Ovar, “Loja dos Suicídios” pela Sol d’Alma, a exposição AMBID da Associação Amigos do Cáster, e “Força, force, vigore e fuerça” e “3” pela Companhia Vareira.
6 Perguntas a Fátima Alçada, programadora do CAO
Inicia-se este sábado a programação do Centro de Arte de Ovar (CAO) que vai até final do ano. Que preocupações a nortearam?
A programação para este último quadrimestre foi estruturada com a preocupação de ter uma oferta regular, que tocasse diferentes áreas performativas, diferentes públicos e em simultâneo acolhesse vários projectos de associações e colectividades locais.
A par com estas orientações, existiu um enfoque grande em criar uma oferta formativa direcionada a crianças e jovens e a educadores, com o objectivo de criar e potenciar ferramentas que aproxime os públicos do objecto artístico.
A aposta na cultura é para manter e reforçar em 2015?
Penso que sim, pois acredito que este Executivo partilha da ideia que a cultura e a existência de práticas culturais continuadas contribuem de uma forma indelével para uma dinâmica que contamina outros sectores da economia, para uma sociedade mais crítica e mais exigente e para um sentimento de pertença.
Sente que Ovar começa a tornar-se um ponto de encontro da cultura da região centro?
No meio artístico tornámo-nos rapidamente uma referência nacional. Posso dizer que a frase mais ouvida por quase todos que passaram pela nossa programação foi “É a primeira vez que venho a Ovar. A ideia que tinha é que isto era só Carnaval”. É uma afirmação de terceiros, que não comento, mas devíamos reflectir um pouco sobre ela.
Mas respondendo à pergunta, gostava muito que isso acontecesse. Inclusive que tivéssemos momentos ao longo do ano com impacto nacional.
A Escola de Artes e Ofícios surge, pela primeira vez, como espaço autónomo de espectáculos. Esta leitura é correcta?
Não. A Escola de Artes e Ofícios terá a partir de Outubro uma nova ocupação, permanente e distribuída pelos dois pisos. O piso de baixo será um espaço expositivo e o piso superior receberá o espaço lúdico do azulejo.
Esta ocupação permanente, não impedirá a realização de espectáculos, palestras ou outras actividades, mas de uma forma mais residual, para que todas estas opções possam coabitar.
A programação de exposições recairá sobre as artes e ofícios tradicionais com relevância no concelho de Ovar e a primeira das artes a ser exposta, será a Cordoaria.
A inauguração destes dois projectos que ocuparão este equipamento municipal, será no dia 11 de Outubro, pelos 18h00 e deixo aqui expresso o convite para uma visita, que será seguramente surpreendente.
O CAO vai ter um grupo de teatro residente. Pode falar-nos dele?
Temos na nossa programação o Projecto PANOS, que é uma actividade que me diz muito. Esta é a terceira vez e a terceira cidade em que implemento esta acção e esperando que corra bem, à semelhança das anteriores, dê origem a um verdadeiro grupo de teatro.
Tentando explicar o que é o PANOS, posso dizer que um projecto da Culturgest, disseminado por todo o país e que alia a dramaturgia contemporânea ao teatro feito por jovens. Todos os anos são convidados dramaturgos nacionais e estrangeiros a escreverem uma peça para ser interpretada por jovens. Estas peças são enviadas aos grupos PANOS que existem espalhados por todo o país (são mais de 40). Cada grupo escolhe um texto e durante o ano trabalha a sua encenação. Em Abril, apresenta o seu trabalho a um júri e os grupos escolhidos pelo júri, irão a Lisboa em Maio, apresentar o seu trabalho na Culturgest, no Festival PANOS. Este é um projecto muito marcante e que deixa sempre frutos.
O ano fica marcado, entre outras, pela 1.ª edição do FESTA. Já é possível fazer-se um balanço? Vamos ter 2.ª edição?
Iremos ter uma segunda edição, sim. E como é óbvio, é possível fazer-se balanços. A primeira edição do FESTA superou claramente as expectativas, sobretudo pela adesão de público. A forma como as pessoas se mobilizaram e acompanharam a programação pensada para os vários espaços foi efectivamente gratificante. Cabe-nos agradecer este envolvimento por parte de todos e criar uma segunda edição, colmatando eventuais falhas de uma primeira edição, que existem em todas as primeiras edições, aliada ao compromisso de diversidade, envolvimento e qualidade na sua programação.