Fernando Almeida apela a Marcelo para que não visite a cidade no Dia do Município
O deputado do CDS-PP na Assembleia Municipal de Ovar pediu ao Presidente da República que, por “bom senso”, não participe sábado nas cerimónias públicas a realizar na cidade que esteve um mês sob cerco sanitário devido à Covid-19.
A carta aberta dirigida a Marcelo Rebelo de Sousa, e à qual a Lusa teve acesso esta quinta-feira, foi enviada para o Palácio Nacional de Belém esta quarta-feira, dois dias depois de o referido eleito local do CDS, Fernando Camelo Almeida, se ter recusado a participar nas cerimónias do Dia do Município em protesto contra o “folclore político” a que vem sendo sujeito esse concelho do distrito de Aveiro.
Também o líder do CDS de Ovar, Daniel Malícia, anunciou que estaria ausente das celebrações, recusando-se a participar em eventos que, por não envolverem medidas concretas de apoio às empresas e famílias locais prejudicadas pela pandemia, diz atenderem apenas aos “interesses políticos” do presidente da autarquia e vice-presidente nacional do PSD, Salvador Malheiro.
Logo depois, o autarca social-democrata questionava publicamente se o líder nacional do CDS apoiaria a posição dos seus representantes locais e convidava Francisco Rodrigues dos Santos a juntar-se às cerimónias de sábado, mas na quarta-feira o presidente dos populares comunicou à Lusa que “os organismos nacionais do partido não absorvem as competências das estruturas locais”.
Enquanto presidente do CDS, respeito a posição tomada pela concelhia de Ovar e não estarei [no evento]”, acrescentou.
Agora, na sua carta aberta, Fernando Camelo Almeida diz a Marcelo Rebelo de Sousa esperar “poder contar com o seu bom senso e com o patriotismo que todos os portugueses lhe reconhecem”.
O meu desafio vai no sentido de Vossa Excelência poder dar o exemplo e não marcar presença em mais um evento que contraria a mensagem e a missão coletiva que temos vindo a assumir – a de nos contermos em ajuntamentos de massas -, não patrocinando, assim, um momento de irresponsabilidade e folclore político”, afirma o deputado municipal na carta.
Aproveitando para solicitar a Marcelo uma audiência em que lhe possa apresentar “as verdadeiras prioridades de Ovar, das suas gentes e da sua economia local”, o eleito do CDS realça que “urge abraçar e intervir coletivamente, enquanto comunidade e país, e reconquistar a confiança abalada” abalada pelas consequências do vírus SARS-CoV-2.
Ovar e os vareiros querem estar e contar com o Presidente da República – o que não querem é colocar em causa o esforço do concelho que mais sofreu e se privou durante esta pandemia”, declara Fernando Camelo Almeida.
Insistindo que “Ovar carece de medidas adicionais de apoio” e classificando-as de “imperativas” tendo em conta as “circunstâncias excecionais” do concelho no âmbito da Covid-19, o deputado do CDS-PP apela à ausência do Presidente da República concluindo: “Tenho o máximo respeito institucional por Vossa Excelência, mas neste momento opto por dar um ‘grito de alerta’ sobre o que se tem passado em Ovar e colocar a minha terra acima de qualquer circunstância institucional”.
Alexandra Couto / Lusa