Ferrovia Aveiro/Viseu/Salamanca é Prioridade Nacional – Por Teixeira Valente (SEMA)
Qualquer GOVERNO inteligente, bem assessorado por um Ministério das Infraestruturas, também inteligente, já tinha há muito tempo percebido e decidido que a única ligação ferroviária de Portugal para a Europa e que servirá consistentemente e para sempre o desenvolvimento nacional, será o corredor ferroviário
AVEIRO/VISEU/SALAMANCA.
Esta evidência resulta de vários fatores, entre eles a capacidade de resposta ao tecido empresarial do NORTE e CENTRO de Portugal que, como toda a gente sabe, (o Governo, se calhar também) representa mais de dois terços (66%) das exportações portuguesas.
Nunca percebi e tecnicamente ainda ninguém me convenceu de que a linha da Beira Alta, mesmo melhorada, seja uma solução para um transporte ferroviário de mercadorias, e mesmo de passageiros, para a Europa, face aos seus constrangimentos sobejamente reconhecidos e, por isso, a única solução de futuro e economicamente viável e aconselhável será o corredor Aveiro / Salamanca, em bitola europeia, aproveitando, talvez a plataforma intermodal de CACIA/AVEIRO, que precisa de ser utilmente reativada.
Gastar rios de dinheiro em soluções precárias e de pouco alcance temporal nunca foi uma inteligente e boa alternativa. Nestes projectos de elevado interesse estratégico nacional, temos que ter uma visão
de muito longo prazo, bem estudada (e quem sabe já o fez) e não só ver um palmo à frente do nariz. O que é barato sai caro e não resolve com consistência e inteligência este problema a longo prazo.
Quem, como eu, ouviu e viu, num programa da RTP1 “PRÓS E CONTRAS” há tempos, decerto ficou desiludido com o que ali foi dito, num programa cujo tema era “A FERROVIA EM PORTUGAL”. Pouco se falou de ferrovia nacional e internacional, dando a entender que é no sul do país que está instalada a maior capacidade exportadora de Portugal. Foi mesmo dito (eu ouvi), que 60% das exportações portuguesas passam por Sines. Isto não é verdade, pese embora a importância que o porto de Sines tem para a economia nacional, mas
não neste contexto. Sejamos sérios e rigorosos!
Os portugueses (e os estrangeiros) sabem que é a norte do Tejo, nomeadamente, entre Leiria e Braga, que está instalado o grande suporte económico de enorme potencial exportador não só para a Europa e, por isso, a existência de um corredor ferroviário de elevada qualidade e utilização viável para comboios de elevada capacidade e que nos ligue a essa Europa, via Espanha, só pode acontecer nesta região, sendo que a proposta de ferrovia AVEIRO/VISEU/SALAMANCA serve a todos e também provocará o desenvolvimento das regiões do
interior de Portugal e também de Espanha.
Deste modo, um GOVERNO que pense a longo prazo e de modo inteligente só pode optar por esta solução, recorrendo agora aos FUNDOS que a UE proporciona para o investimento na rede ferroviária.
Quero continuar a acreditar que os Governos do meu país são mais que medianamente inteligentes!
José Teixeira Valente
Presidente da Direcção da SEMA – Associação Empresarial