Opinião

Fibrilhação auricular causa um terço dos AVC – Carlos Morais

A fibrilhação auricular, doença que afeta 200 mil portugueses, é responsável por 1 em cada 3 Acidentes Vasculares Cerebrais (AVCs), representando um risco maior do que fumar, ter diabetes ou não fazer exercício físico. Esta perturbação do ritmo cardíaco é mais comum nas pessoas com mais de 40 anos, mas como é frequentemente assintomática as pessoas desconhecem que estão em perigo.
O AVC relacionado com a fibrilhação auricular é o mais debilitante tendo um risco de morte duas vezes superior comparado com os não relacionados. Estima-se que a fibrilhação auricular aumenta em 50 por cento o risco de incapacidade após um AVC e que está associada a um aumento de 20 por cento da estadia no hospital e a uma diminuição de 40 por cento da probabilidade de alta.

Um maior conhecimento da fibrilhação auricular, e do seu diagnóstico precoce, a ênfase na prevenção e no tratamento do AVC relacionado com esta doença, alicerçado em recomendações baseadas na evidência, a melhoria dos cuidados continuados destes doentes, a implementação de registos nacionais, o acesso atempado ao tratamento adequado, constituem a melhor via para proporcionar cuidados de saúde de qualidade aos doentes com fibrilhação auricular, e, em simultâneo, reduzir a enorme carga económica resultante dos AVCs associados a esta doença.

O AVC, principal causa de morte em Portugal, ocorre quando um coágulo entope um vaso sanguíneo no cérebro impedindo a passagem de sangue e consequentemente de oxigénio, comprometendo áreas do cérebro que controlam faculdades como movimentos, a fala, entre outras. As doenças vasculares cerebrais são a principal causa de morte e a 3ª principal causa de morte prematura em Portugal.

A fibrilhação auricular é a perturbação do ritmo cardíaco crónica mais frequente, afetando aproximadamente 6 milhões de pessoas na Europa, 8 milhões na China e 2,6 milhões nos Estados Unidos da América.
A Associação Bate, Bate Coração, uma instituição sem fins lucrativos, tem como objetivo clarificar mitos e verdades sobre as arritmias cardíacas e fibrilhação auricular.

Carlos Morais
*Cardiologista e Presidente da Associação Bate Bate Coração

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