
Não tenho nenhuma razão especial para aqui estar, só saudades. Tenho pensado muito nisso, nas saudades das coisas que deixamos de ter, mas que nos fazem bem continuar a alimentar. Este é um desses casos.
Não tive nenhuma razão especial para deixar de escrever para o Ovarnews, quando era tão bem tratado por quem o faz e por quem o lê, independentemente de concordar comigo ou não, mas aflorou-me uma necessidade enorme de parar, estagnar um pouco o fulgor de ideias que tentava produzir, quando o pensamento já era circular. Não me arrependi por um momento de fazê-lo, porque dei resposta à minha consciência e ela é a arma mais valente, e poderosa, que temos.
E Ovar, meus amigos, está a ser um pouco isso: uma cidade que responde à sua consciência. As coisas vão acontecendo, tal como as discussões, mas não se perde o rumo do que acreditamos. Uns para um lado, outros para o outro, claro, como tem que ser em democracia, mas a seguir um rumo. Há mérito na câmara, na junta, nas pessoas que fazem as governações e a oposição, porque a cidade, meus amigos – apetece-me muito chamar-vos meus amigos, porque vos sinto mesmo como meus amigos – ganhou um novo fulgor, que já não se compara ao anterior. Ao início, naturalmente, estranhou-se, porque o que é diferente faz estranhar, tem que ser assim, mas também é essa diferença que impulsiona para outro lado, para outro patamar.
Esta semana tivemos as comemorações da Força Aérea, os GNR descentralizados para Esmoriz, as praias do Furadouro, Maceda, Cortegaça e Esmoriz a flamejar pessoas na sua tez morena, as esplanadas a abarrotar, os sítios de estacionamento a escassearem, pela afluência e não pela sua ausência, e as pessoas não fizeram grande burburinho.
Talvez estivessem pela Praça, pelo centro, pelo Furadouro, na reabertura Pildrinha, ou em Cortegaça no Miradouro, ou em Esmoriz com o pé n’areia, no Pé N’Areia. Não importa. Importa que já não se alarmaram nem reivindicaram qualquer anomalia, porque já se habituaram à agitação. Não constante, mas permanente. E isso é que é o sinal que a nossa consciência mudou. Mudámos o plano que servia de cenário atrás de nós e, portanto, olhamos o futuro e presente de outra forma. Isso é bom.
Quanto a mim, vou continuar esta licença sabática de opiniões, só a voltar aqui quando me sentir assim: a ferver por dentro, como as praias em dias de Verão ou os serões em noite de céu estrelado.
Ricardo Alves Lopes (Ral)
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