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Válega: Homenagem aos “mártires” das videiras em defesa da agricultura familiar

A Associação da Lavoura do Distrito de Aveiro (ALDA) homenageou hoje, em Válega, os “mártires do corte das vinhas”, que tombaram às balas da GNR, em 1939, com uma evocação no centro da vila e romagem ao cemitério.

Por ordem do então governador civil, a GNR abriu fogo sobre os manifestantes que, a 15 de maio de 1939, se juntaram em protesto contra o arranque das vinhas americanas, que haviam sido proibidas pelo Governo de António de Oliveira Salazar.

A carga policial tirou a vida a Jaime da Costa e Manuel Maria Valente de Pinho, acontecimentos que a ALDA tem procurado evitar que caiam no esquecimento, servindo o momento para dar continuidade à luta dos “mártires das vinhas” em defesa da agricultura familiar.

A data foi hoje assinalada pela Associação de Lavoura do Distrito de Aveiro (ALDA), com uma homenagem junto à placa evocativa dos incidentes e uma romagem ao cemitério.

“O objetivo desta homenagem simbólica aos mártires do corte das videiras em 1939 foi lembrar a luta em defesa da pequena e média agricultura familiar, como era o propósito dos agricultores que morreram e de todos os que participaram nessa altura contra as injustiças da ditadura, e dar continuidade a essa luta, agora contra as más políticas agrícolas comunitárias e nacionais”, disse à Lusa Albino Silva, dirigente da ALDA.

Albino Silva lembra que vinho tinha na época um significado importante para o sustento das famílias, mas a reação dos agricultores foi motivada também por outras produções, em que as políticas do Estado sacrificavam os pequenos e médios agricultores.

“Na altura havia o racionamento e através da fiscalização dos produtos agrícolas, o regime “roubava” os agricultores que se viam privados dos seus rendimentos. A luta nessa altura não foi só contra o corte das videiras, mas em defesa dos interesses dos agricultores e da agricultura familiar, que hoje as políticas agrícolas comunitárias e nacionais continuam a prejudicar”, disse.

O dirigente da ALDA refere a fiscalidade como “uma das medidas que estão em cima da mesa que está a levar à ruína a pequena e média agricultura familiar” e a descida do preço do leite pago à produção.

“Num momento em que a austeridade esmaga as famílias impõem-se regras que arruínam a agricultura familiar e a homenagem de hoje também serve para continuar a luta em defesa da pequena e média agricultura, porque não é o sorriso da ministra que resolve os problemas dos nossos agricultores”, concluiu.

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