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ICNF reage à Resipinus e explica o que é resinagem “à morte”

O Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) reagiu à Resipinus – Associação de Destiladores e Exploradores de Resina que lhe atribuiu responsabilidades pela prática de resinagem até à morte nos pinhais de Ovar.

Em nota enviada ao nosso jornal, o ICNF explica que “as árvores que estão a ser alvo de resinagem estão a atingir o termo de explorabilidade. Daí estar a ser praticado o sistema de resinagem “à morte”.

“Os povoamentos são geridos pelo ICNF, a Câmara Municipal de Ovar e as Juntas de Freguesia de Esmoriz, Cortegaça, Maceda e Arada, pelo que compete a este conjunto de entidades efectuar a melhor gestão dos povoamentos florestais”, explicou na mesma nota, acrescentando que está prevista uma fiscalização “para breve” aos pinhais do Perímetro Florestal das Dunas de Ovar. “A fiscalização da actividade da resinagem compete ao ICNF e às autoridades de polícia. Foi realizada uma ação de fiscalização recentemente, estando prevista outra para breve”, adiantou o instituto à Lusa.

Já sobre o argumento que circula entre a população de Ovar de que os pinhais locais estão a ser mais intensivamente sujeitos a resinagem desde que os incêndios de 2017 destruíram mais de 86% da Mata Nacional de Leiria, o ICNF declara: “A situação no Pinhal de Leiria veio reduzir a disponibilidade de áreas para exploração de resina, mas não influencia a extração dessa substância noutros locais”.

A resina é uma secreção própria das espécies vegetais, que, sendo mais abundante nas resinosas, é expelida quando elas sofrem danos ou feridas nos troncos ou ramos. Consiste num líquido viscoso translúcido, de cor amarela a acastanhada, e tem como função proteger a árvore de agressões, estimulando a cicatrização, regulando o seu crescimento e repelindo herbívoros.

Embora envolvendo uma mistura complexa de componentes orgânicos que não se dissolvem em água, a resina pode diluir-se em certos solventes orgânicos, tais como hidrocarbonetos, éter e etanol, pelo que tem utilidade comercial para a indústria transformadora.

Segundo dados da Resipinus, em Portugal, as espécies produtoras de resina mais úteis à indústria são o Pinheiro-bravo (Pinus pinaster) e o Pinheiro-manso (Pinus pinea), pelo que a resinagem se verifica sobretudo no Litoral Centro do país (nos distritos de Leiria e Coimbra) e no Interior Norte e Centro (nos distritos de Viseu e Vila Real).

Para acesso à resina, há que fazer cortes na casca do tronco dos pinheiros e afixar-lhes recipientes, que, mantendo-se presos à árvore, recolhem a substância libertada durante cerca de 15 dias, até que se feche a chamada ferida e, eventualmente, novo rasgo seja efectuado.

O Decreto-Lei n.º 181/2015 estabelece duas formas de resinagem em Portugal. A que se vem verificando em Ovar é a resinagem à morte, de caráter intensivo porque a extração se realiza a curto prazo e só pode ocorrer nos quatro anos que antecedem o abate dos pinheiros. “Desde que seja respeitada uma presa de 8 centímetros entre cada ferida, não há limite para o número de cortes por pinheiro”, explica a Resipinus.

A modalidade que a associação defende é resinagem à vida, executada no longo da evolução do pinheiro e permitida “a partir do momento em que o tronco atinja um diâmetro de 20 centímetros (63 centímetros de perímetro), a 1,30 metros do solo”. Nesse formato só há autorização para uma ou duas feridas por pinheiro, o que “permite que as árvores continuem a crescer e a produzir madeira ao longo da sua vida”.

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