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João Reis, o escritor e tradutor de línguas escandinavas

O percurso literário por línguas escandinavas do escritor e tradutor João Reis resultou da sua consciência e decisão de procurar na emigração o que não conseguia no seu país, onde nasceu em Vila Nova de Gaia (1985).

O tema acabaria por dominar grande parte de mais um À Palavra no Museu de Ovar (10 março), moderado por Carlos Nuno Granja, que proporcionou mais um serão entre livros, como o romance deste autor, “A Avó e a Neve Russa” acabado de editar, e algumas das obras literárias de que é autor da tradução, como, “Voss” de Patrick White ou “O Sino da Islândia” do Prémio Nobel, Halldôr Laxness ou ainda, Knut Hamsun e Hjalmar Bergman.

A exemplo de várias gerações nas últimas décadas, João Reis, que começou por frequentar Medicina Veterinária, mas acabaria por se licenciar em Filosofia, ainda se lançou num projecto literário como editor em 2010, mas rapidamente concluiu que “em Portugal não se vive dos livros”.

Procurou na emigração concretizar os seus sonhos no mundo dos livros. Partiu então para Inglaterra, mas viria a ser a Suécia e depois a Noruega que lhe despertariam, mesmo com recurso a diversificadas experiências profissionais para poder viver, a sua apaixonada relação com os livros.

O relato do empreendedorismo de um jovem em meios literários e as dificuldades de sobreviver perante tantas dificuldades no seu próprio país, dominou este À Palavra em que João Reis aflorou, com base na sua experiência pessoal, as resistências no reconhecimento de novos valores jovens, considerando que não são levados a sério “por sermos novos” ou “não tínhamos experiência” e por isso não surgiam apoios.

Como reconheceu o escritor e tradutor nesta passagem por Ovar, o fato de ser licenciado em Filosofia e ter domínio de seis línguas, como as escandinavas, a procura fora do país de melhores oportunidades de emprego, também não foi fácil, uma vez que, os empregos a que teve de recorrer para alimentar os seus sonhos e não depender dos pais, foram o trabalho num armazém de vinho e como cozinheiro, tanto na Suécia como na Noruega, sem nunca desistir de lutar e procurar emprego na sua área.

Este foi mais um evento literário no Museu de Ovar que acrescentou experiências e testemunhos de vida de João Reis, que assumidamente contribuiu para o enriquecimento profissional do escritor e tradutor freelancer, como autor da tradução de várias obras em sueco, norueguês, dinamarquês e irlandês, colaborando igualmente com várias editoras portuguesas.

Com dois romances publicados, João Reis, falou sobre algumas das personagens do seu livro, “A Avó e a Neve Russa” editado em fevereiro deste ano e que o autor realçou a dificuldade do narrador ser uma criança, o que implicou a abordagem aos vários temas tratados na perspectiva da visão de uma criança. Um romance que se desenrola de recordação em recordação de uma criança, sobre uma idosa russa doente, emigrante no Canadá, que sobreviveu ao acidente nuclear de Chernobil, assim como da desilusão na esperança de no capitalismo encontrar um final feliz.

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