Marco Paulo celebra 50 anos de carreira em Cortegaça
O cantor Marco Paulo, intérprete de êxitos como “Eu tenho dois amores”, traz a digressão dos seus 50 anos de carreira a Cortegaça, nesta noite de sábado.
O intérprete de “Ninguém, ninguém” afirma que esta é “uma data muito especial e emotiva”, e que não pensava vir a comemorar “50 anos de canções”, mas que se sente bem e já projecta gravar mais discos e promete continuar a cantar.
“O público foi fundamental para chegar” a esta celebração, disse Marco Paulo, que referiu também ter tido “sempre gente muito competente” ao seu lado, de produtores a músicos, compositores e autores.
“Quem me fez chegar aqui foi o público, de todas as idades e de todas as condições. Foram eles que compraram os meus discos, que assistiram aos meus concertos, e a festa do meu aniversário dos 50 anos, vai ser a festa do público, sem o qual eu não os comemorava”, frisou.
Esta é uma data que sempre desejou e para a qual trabalhou intensamente com a orquestra que o tem vindo acompanhar, nomeadamente nos espectáculos dos coliseus.
Do alinhamento dos espetáculos fazem parte, entre outras canções, “Eu tenho dois amores”, que vai cantar “numa roupagem nova, de maneira que seja o público também a cantar”.
“Mais e mais amor”, “Joana”, “Morena, morenita”, “Sempre que brilha o sol”, “Como passaram os anos” são temas obrigatórios do alinhamento, ao lado de canções mais recentes, disse o cantor de 70 anos, que reconhece não poder cantar “tudo o que público pede e ainda tem na memória como ‘Anita’ ou ‘Ninguém, ninguém’”.
“É muito emocionante as pessoas ainda hoje cantarem as minhas músicas, passados estes anos todos, como se fossem actuais”, referiu.
Marco Paulo argumentou que conhece o país como poucos, pois atuou “em todo [o território], de cidades a vilas e aldeias”, e ainda se recorda da “pessoa que o descobriu, Cidália Meireles”, que o ouviu num ensaio e o levou ao seu programa na RTP, “Tu cá, tu lá”.
O seu disco de estreia, “Não Sei”, em 1966, foi uma versão de António José de uma canção do cantor francês Alain Barrière.
“Foi aquele momento, aquela hora, que despontou tudo”, tendo-se seguido as primeiras gravações, as participações no Festival da Figueira da Foz, em 1966, com a canção “Vida, Alma e Coração”, e no da RTP da Canção, em 1967, com “Sou tão feliz”, em que ficou em 6.º lugar.
Gravou com Simone de Oliveira a canção “Tu e só tu”, voltou ao Festival RTP em 1982 com “É o fim do mundo” que se classificou em 11.º lugar.
Participou noutros festivais, como as Olimpíadas de Atenas, em 1970, com o tema “O homem e o mar”, ano em que realizou uma digressão pelo Canadá, e o da OTI, em Miami, nos Estados Unidos, em 1989, com a canção “Rosa morena”.
Quando começou a cantar, os seus ídolos foram Madalena Iglésias, com quem realizou uma digressão à Madeira, Simone de Oliveira e António Calvário, de quem cantava as canções quando ainda não tinha repertório, “mas, mais do que todos, Amália Rodrigues”, que teve “o privilégio de conhecer e ter ido ao seu camarim”.
Além de ter percorrido o país, cantou nas ex-províncias ultramarinas, antigos territórios sob administração portuguesa, foi atração de circos, em que cantava “Jesus Cristo”, de Roberto Carlos, a fechar a atuação, e actuou para as comunidades portuguesas em França, Alemanha, Estados Unidos, Venezuela e África do Sul.
Marco Paulo é o nome artístico de João Simão da Silva, nascido no dia 21 de janeiro de 1945, em Mourão, no Alto Alentejo. Actualmente conta 140 galardões de platina, ouro e prata, e um de diamante, por vendas de mais de um milhão de discos.
Aos 70 anos, Marco Paulo quer “ter saúde, gravar ainda um ou dois discos e estar em contacto com o público”.
“Não estou a pensar terminar daqui a dois anos, ou deixar de cantar. Eu quero continuar a cantar enquanto o público me deseja e eu sinta que o posso fazer. Se me sentir bem e [se sentir] que as pessoas me apoiam, eu quero continuar a cantar, mas não vou andar aí a arrastar-me, vou continuar a ir sítios onde eu gosto e me sinto bem”, declarou.