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Maré bioluminescente na praia do Furadouro

Num dia normal de praia o sol brilha, mas já pensou se à noite o mar também pudesse brilhar? Foi o que aconteceu na noite passada, na praia do Furadouro, devido a um efeito chamado de bioluminescência, um fenómeno natural causado por organismos capazes de emitir luz. O espectáculo da natureza não poderia ser mais belo: o mar azul fluorescente no escuro.

O que são organismos bioluminescentes? Existem alguns na nossa costa?

João Serôdio, professor do Departamento de Biologia da UA, e Jörg Frommlet responde:

“Chama-se bioluminescência ao fenómeno de emissão de luz por parte de organismos vivos.

A bioluminescência ocorre num conjunto muito diverso de organismos e terá surgido por diversas vezes, de forma independente, ao longo da evolução. Foram descobertas espécies de organismos bioluminescentes em grupos tão díspares como bactérias, fungos, microalgas (dinoflagelados) e animais (copépodes, poliquetas, cnidários e peixes).

A maioria dos organismos bioluminescentes são marinhos, embora haja alguns casos de espécies terrestres, como o bem conhecido pirilampo, um inseto coleóptero que emite uma luz amarelada. No entanto, no meio marinho, a bioluminescência é normalmente de cor azul, a cor que é mais bem transmitida através da água, e também a que é mais facilmente detetada por outros organismos. Este facto é importante, pois pensa-se que a bioluminescência é usada como uma forma de comunicação, com funções defensivas (assustar predadores), ofensivas (atrair presas) ou de reconhecimento de parceiros sexuais.

A bioluminescência tem tipicamente origem na oxidação de uma substância denominada luciferina, catalisada pela enzima luciferase (de que existem várias formas).

Um dos casos mais conhecidos, por ser comum em muitas zonas costeiras, incluindo em Portugal, é o da bioluminescência de microalgas do grupo dos dinoflagelados, frequentemente das espécies Noctiluca scintillans e Lingulodinium polyedrum. A imagem que acompanha este texto é uma foto de microscopia de varrimento de células de Lingulodinium polyedrum, um dinoflagelado bioluminescente comum na costa portuguesa.

Este fenómeno é facilmente visível a olho nu durante a noite, na zona de rebentação das ondas na praia, ou associado ao movimento de barcos, peixes ou cetáceos, podendo até ser detetado a partir do espaço. Em Portugal, estes fenómenos ocorrem especialmente no verão, quando o vento e as correntes oceânicas junto da costa criam condições propícias à proliferação e acumulação destas microalgas. Estes “blooms” bioluminescentes são mais frequentes no sul do país, no Algarve e na Costa Alentejana, mas ocorrem também mais a norte, incluindo na própria Ria de Aveiro”.

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