Carnaval

Meio século de Palhacinhas no Carnaval de Ovar

Mais de 160 convidados cantaram os parabéns ao grupo de passerelle mais antigo do Carnaval de Ovar. A festa aconteceu, no último sábado, com as Palhacinhas a celebrarem 50 anos de folia num jantar que teve música, surpresas e homenagens emotivas.

 

Rosinha Peralta e Rosa Filomena são as resistentes da primeira hora. Tinham apenas 11 anos quando se estrearam no então já famoso Carnaval de Ovar. Rosinha Peralta lembra-se de ser pequena e de ver o grupo que viria a dar origem aos Condores a desfilar de Borboletas e adorar de ver aquilo. “Comecei a lançar a ideia junto das minhas amigas de irmos também no carnaval. As nossas mães até eram costureiras e podíamos muito bem ir no carnaval. Porque não?”

A ideia vingou. Rosinha Peralta e Rosa Filomena fantasiaram-se de ‘Encapuchados’ e, numa altura em que o grupos tomavam o nome da fantasia, assim foi baptizado o grupo. “Aparecemos no cortejo e desfilamos mesmo sem ter feito a inscrição prévia. Deixaram-nos ir”, recorda Rosa Filomena. Só ao terceiro desfile, em que se apresentaram com o mítico traje da Palhaça é que o grupo adquiriu o nome que ainda hoje ostenta: Palhacinhas.

“Nesse tempo, havia um grupo formado exclusivamente por mulheres, ligado aos Levados do Diabo”, continua Rosa Filomena, “e nós éramos umas miúdas ao pé delas que já estavam quase todas na casa dos 20 anos”. Muito embora, nos primeiros anos ainda tivessem homens nas suas fileiras, o exemplo daquelas falou mais alto, e três anos depois, “decidimos que não queríamos cá rapazes, e assim ficamos só mulheres”.

Rosinha Peralta e Rosa Filomena são, portanto, as resisitentes da primeira hora. A primeira a desfilar e a segunda enquanto delegada. “Também desfilo, mas não com fantasia”, brinca Filomena. Precursoras dos grupos exclusivamente femininos, as Palhacinhas viram outros grupos de mulheres chegar ao corso mas isso nunca as afligiu. “Achamos que cada grupo tem a sua personalidade, as suas raízes próprias”.

Aliás, num tempo em que não havia distinção classificativa de passerelle, as Palhacinhas só não conseguiam competir com os grupos de homens para o primeiro lugar, devido à utilização de determinados materiais, mas atingiram muitas vezes o segundo lugar. Rosa Filomena explica que isso se ficava a dever ao faco de “trabalharmos muito em outros aspectos, o que sucede ainda hoje e é isso que nos distingue e dá vida”.

Um carnaval em que não tenham trabalho para fazer, parece que nem sabe a carnaval. “O trabalho que antecede os grandes desfiles nas sedes é fantástico, devido à amizade e ao companheirismo que se gera entre nós”, explicam as duas. “Nós crescemos com isto, estudamos e criamos a nossa vida, mas estavamos sempre disponiveis para ajudar o grupo”.

E as Palhacinhas entranharam-se na família. “Depois, vieram as filhas e as netas que foram também foram entrando para o grupo, e estão aqui hoje várias gerações que são o garante da sua continuidade”. “O que é indesmentível é que quem por aqui passou muita gente que continua a gostar do grupo”, assegura Rosinha, enquanto vai acenando a mais convidados que iam chegando ao jantar comemorativo dos 50 anos.

Este é um dia especial para ela. “Estou feliz por ver esta gente toda que gosta do nosso grupo e que, em muitos casos, veio de muito longe para estar connosco aqui hoje”.

Ao longo destes 50 anos, o carnaval foi evoluindo de forma natural, acompanhando a própria então vila e actual cidade ovarense. “Nós próprias soubemos adaptar-nos aos novos tempos”, sublinha Rosinha Peralta, abordando, inclusivamente, a novidade que é Aldeia do Carnaval, como um projecto de que gosta, pois considera que “os grupos estão mais unidos e está muito bem”.

Para este carnaval, formula votos de que seja excelente para todos e que as Palhacinhas continuem por muitos e bons anos. Uma certeza tem: “Eu vou continuar a desfilar!”

Passaram 50 anos desde aquele dia em que um punhado de vareiras se apresentou no início do cortejo, na Ribas, de surpresa. As Palhacinhas são, hoje, uma instituição do Carnaval de Ovar.

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