Ministro do Ambiente discorda de estratégias de recuo do litoral
O ministro do Ambiente, João Pedro Matos Fernandes, disse hoje discordar das estratégias ambientais de recuo da ocupação do litoral, considerando que conduzem à perda de biodiversidade.
João Pedro Matos Fernandes falava durante uma ação de arborização na Mata Nacional das Dunas de São Jacinto, promovida pelo Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) e pela Águas do Centro Litoral (AdCL).
“Não concordo com as estratégias de recuo da presença no litoral, que conduziram à perda de biodiversidade”, disse o ministro, sublinhando que “uma boa parte da diversidade tem a mão do Homem”.
Aquele membro do governo defendeu que as políticas de conservação da Natureza “não podem ser confundidas com o proibir por proibir”, considerando existir já um conhecimento bastante para que os instrumentos de gestão territorial não se fiquem pela indicação “do que não se pode fazer”.
Matos Fernandes deu conta da vontade política do atual governo de valorizar o património nas áreas protegidas, que consta do Plano Nacional de Reformas, de forma a deixarem de ser espaços neutros e contribuírem para o desenvolvimento do território.
“É nas zonas mais despovoadas que estão os parques nacionais e temos de ter uma política em que o Homem faça parte da biodiversidade”, disse, explicando que o objetivo é, por um lado, criar condições para a visita desses espaços e, por outro, garantir que há pessoas que continuam lá a viver.
O ministro anunciou que, na preparação do próximo Orçamento de Estado e no âmbito da denominada “fiscalidade verde”, deverão ser criadas medidas que beneficiem quem decide morar nessas zonas, para evitar o seu despovoamento.
Matos Fernandes aproveitou para criticar a política seguida anteriormente, que, ao apostar na retirada de serviços de proximidade, não facilitou a fixação humana nessas regiões.
Dunas de S. Jacinto até Ovar
O Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) e a Águas do Centro Litoral (AdCL) promoveram este sábado uma acção de reflorestação na Mata Nacional das Dunas de São Jacinto, Aveiro.
A acção consistiu na plantação de um total de 625 pés em cinco hectares, para substituir espécies invasoras, sendo 456 exemplares de pinheiros e 169 de medronheiros.
A Reserva Natural das Dunas de São Jacinto, que alberga a colónia de garças mais setentrional do país, foi criada em 1979 e abrange uma área aproximada de 960 hectares, dos quais 210 correspondem à área marítima.
Está implantada num cordão dunar bem conservado, consolidado por vegetação espontânea, confina com uma área florestada a partir dos finais do século XIX, com o objetivo de fixar as areias.
Entre 1981 e 1984 foram abertos diversos charcos, que constituem atualmente importante refúgio para numerosas aves aquáticas, nomeadamente as populações de patos da Ria de Aveiro.
Situada no extremo da península que se estende entre Ovar e a povoação de São Jacinto, limitada a poente pelo oceano Atlântico e a nascente por um dos braços da Ria de Aveiro, é considerado “um dos raros pontos do litoral onde é possível ver as dunas no seu estado mais natural” e “exemplo de preservação da natureza e biodiversidade costeiras”, devido à ausência de intervenção humana, em termos de urbanização.
As formações dunares são zonas sensíveis, devido à constituição arenosa, sendo reconhecida a sua importância para impedir na defesa costeira e salvaguarda das populações, devido ao papel que desempenham na defesa contra a intensidade dos ventos, das areias e dos avanços do mar.
A intervenção em São Jacinto surge na sequência das comemorações do Dia Internacional das Florestas e do Dia Mundial da Água e terá início com um ato simbólico no Centro de Interpretativo da Reserva Natural das Dunas de São Jacinto, que deverá contar com a presença do ministro do Ambiente e de várias personalidades.