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Morreu a palmeira centenária do Largo da Olaria

Foi esta sexta-feira abatida a palmeira centenária do Largo da Olaria, em Ovar. A árvore não terá resistido ao ataque do escaravelho vermelho, secou e morreu. Há muito que os moradores alertavam para o facto de o escaravelho vermelho ou escaravelho da palmeira (Rhynchophorus ferrugineus) a estar a consumir, solicitando que fosse feita alguma coisa.

“Porventura, irremediavelmente perdida, a palmeira, de pé, que foi plantada nas comemorações do dia da árvore, há 103 anos, espera que alguém se digne tratá-la, na esperança que seja possível, ainda, salvá-la”, pediam os moradores, em Março último.

Os residentes alertavam para o risco que corria a árvore centenária, apontando para o facto de, “no largo, e por baixo da sua coroa, outrora frondosa, poderem ver-se os casulos da larva do escaravelho, contribuindo para a disseminação do escaravelho da palmeira”. Agora, e partindo do princípio que a árvore morreu e com ela parte da história daquele largo ovarense, lamentam que pouco ou nada tenha sido feito para a salvar.

Sabia-se que este insecto possui grande capacidade reprodutiva. A fêmea do escaravelho deposita entre 300 a 400 ovos, completando o seu ciclo biológico em apenas 3 a 4 meses, significando que podem ter pelo menos três gerações por ano. Numa mesma palmeira, como esta, podem encontrar-se simultaneamente todas as fases do ciclo de vida do insecto: ovos, larvas, pupas e escaravelhos.

Do género Phoenix, espécie Palmeira-das-Canárias (Phoenix canariensis), este exemplar terá sido um dos primeiros do espaço público, senão mesmo o primeiro, a ser atacado por esta praga, em Ovar, o que quer dizer que outras, em locais públicos ou privados, estarão já atacadas ou o serão em breve, caso não haja um combate persistente à praga que as dizima.

Depois desse alerta, em Março último, a Câmara Municipal de Ovar informou que estava a ultimar um procedimento para aquisição de serviços no sentido de verificar a saúde das palmeiras do concelho e decidir em conformidade com o seu estado.

PERGUNTAS e RESPOSTAS
Como se previne a praga?
É preciso manter a palmeira debaixo de olho e fazer a manutenção. A poda deve ser feita entre Novembro e Fevereiro, quando o insecto está menos activo, retirando só as folhas secas e evitando podas do tipo “ananás”. Os cortes devem ser lisos e não lascados. Os resíduos devem ser destruídos por trituração, queima ou enterramento. Também há tratamentos preventivos, que custam cerca de 500 euros por ano, por palmeira.

Que sintomas apresenta a palmeira infestada?
Não é fácil a detecção precoce da praga. Quando as folhas parecem roídas nas pontas (em forma de V) e descoloradas, é urgente actuar. O ruído produzido pelas larvas enquanto se alimentam e um odor intenso resultante do apodrecimento dos tecidos internos da planta são outros sinais de alerta. Quando a coroa da palmeira tem já um aspecto achatado com as folhas descaídas, tipo “chapéu-de-chuva”, já será tarde de mais. As plantas ficam frágeis e as de maior porte podem mesmo cair, representando um risco para a segurança de pessoas e bens.

O que fazer em caso de infestação?
Deve informar a câmara municipal ou a Direcção Regional de Agricultura e Pescas, para que avaliem a possibilidade de recuperação. Esta comunicação é obrigatória. Se a praga for detectada na fase inicial, aplicam-se produtos químicos ou biológicos e fazem-se podas sanitárias, eliminando todas as folhas “comidas” pelas larvas e limpando a parte da palmeira afectada até chegar aos tecidos sãos. Se for irrecuperável, o proprietário é notificado para fazer o abate, que pode custar entre 300 euros e 1000 euros (dependendo do tamanho). Se não cumprir a notificação, terá de pagar os custos à entidade que execute o abate e fica sujeito a uma contra-ordenação que pode ir dos 100 euros aos 3740 euros, para particulares, ou dos 250 euros aos 44.890 euros, para pessoas colectivas.

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