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Morreu o Rei Matos “Ronca”

Figura muito acarinhada na cidade de Ovar, faleceu hoje, aos 66 anos, o popular Matos “Ronca”, depois de doença prolongada, informou fonte próxima da família.

Proprietário do Roncafé – “tasco de culto liderado pelo colossal Matos, uma figura omnipresente”, como descreveu o artista ovarense Xavier Almeida que ali organizou o evento “Matos em Festa” durante vários anos -, o seu espírito folião foi protagonista de uma merecida homenagem por parte da festa que adorava.

Depois de ter desfilado nos grupos carnavalescos Catitas e Não Precisa, foi coroado na forma de um dos Reinados mais divertidos e justos de sempre do Carnaval de Ovar, em 2013, porque, de certa forma, ele encarnava o Carnaval Vareiro.

Nesse ano, Matos “Ronca” teve Ana Ferreira (Aninhas) como Rainha consorte e recebeu o cognome “Dom Ronca – O Urtigas”, assim baptizado a partir de uma de muitas das suas célebres brincadeiras entre amigos que o recordarão para sempre. Em poucas ocasiões se viu a cidade consternada como hoje.

À família, endereçamos as mais sinceras condolências. O funeral de Joaquim António Rodrigues de Matos ainda não tem data marcada.

Conheci o Matos na distância revolucionária dos anos 70, entre a Pildra e o Glorys, com o Café progresso de permeio, finos e anedotas e que grande contador de anedotas! Na troupe de reis da JOC, quando entrei , em meados de 1970, já lá ele andava, terceira voz de primeira linha, divertido, excênrico, amigo respeitado, com a graça oportuna, mordaz e de um humor ribombante. Militante da FEC-ML vendia o jornal “O grito do Povo” a muitos elementos da Troupe, quase todos nos antípodas daquela ideologia, e comparecia aos sábados a vender este jornal no mercado em Ovar, trajado a rigor, bóina, camisa aos quadrados… o nosso Che Guevara. E como era parecido!
O Matos era naturalmente simples e extrovertido, amigo inesgotável, forte e solidário.
A tristeza de ver partir mais um amigo, que nos transmitia a ilusão de pertencermos a uma grande comunidade, livre, tolerante, imensamente otimista. Mesmo quando a realidade nos dizia precisamente o contrário, mesmo quando os problemas nos faziam sentir que a noite romântica está a terminar. Como em Romeu e Julieta, já se ouve a cotovia, ou será o rouxinol? Para o Matos ( Matinhos) era mais a noite do macaquinho na árvore lembrando ao leaozinho que a lua não fala. RONCA.

Hélder Ventura in Facebook

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