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Murtosa tem Museu dedicado às enguias que alimentaram tropas de Mussolini

O que têm a ver as tropas de Mussolini com as enguias de escabeche é uma das muitas revelações que faz o novo museu Comur – Comur – Fábrica de Conservas da Murtosa, Lda, que vai ser inaugurado sábado na Murtosa, onde a Câmara investiu cerca de 1,3 milhões de euros.

Segundo Joaquim Batista, presidente da Câmara da Murtosa, “não é mais um museu da indústria conserveira, porque existem outros e bons no País”, mas um equipamento que conta a relevância das conservas de enguias para o território murtoseiro.

Aproveitando a fábrica original de conservas da Comur, cujo edifício adquiriu à empresa, a autarquia transformou o espaço, acrescentando novas tecnologias aos equipamentos fabris, com soluções interativas que ajudam o visitante a perceber o contexto histórico e local das conservas de enguias, mas também a conhecer as espécies da Ria de Aveiro.

Conforme explica Joaquim Batista, a atividade conserveira nasce de um saber que já estava enraizado, “o das fritadeiras da Murtosa, mulheres que fritavam o peixe e o conservavam em molho de escabeche, para conseguirem vender o excedente em locais de grande distância”.

A indústria nasce de uma primeira grande encomenda para a Grande Lisboa, mas o grande impulso é dado com a encomenda seguinte, para abastecer de conservas de enguias os soldados italianos, na II Guerra Mundial.

“Até então, as pessoas que fritavam enguias aqui iam procurando fazer face a pequenas encomendas, que normalmente surgiam das Beiras, nomeadamente das zonas de Viseu, Guarda e Castelo Branco, onde ainda hoje existe uma enorme tradição de consumo de enguias. Quando chega essa necessidade, essas senhoras percebem claramente que cada uma por si teria uma enorme dificuldade em responder a essa crescente procura daquilo que bem sabiam fazer que era a conserva de enguias”, descreve o autarca.

É aí que surge a Comur, quando um conjunto de homens de negócio do vizinho concelho de Estarreja se junta às fritadeiras da Murtosa, dando um sentido empresarial à atividade.

“O que queremos fazer é um equipamento, que demonstre a relevância e a ligação que particularmente as conservas de enguias têm ao nosso território”, explica Joaquim Batista.

Essa identidade é percebida no novo museu, em que se explica o processo de fabrico das conservas, mas também o surgimento da indústria no contexto do tratamento de um recurso da Ria de Aveiro, na época excedente, a enguia.

“Não mexemos em rigorosamente nada, nem nos tanques de lavagem, nem nas máquinas de embalar que ainda conseguimos recuperar, nem nos tanques da fritura. Estão todos lá para serem percebidos, mas associámos uma dimensão de imagem e de som ao espaço, que permite ao visitante interagir com ele e mais facilmente interpretá-lo”, descreve.

O museu Comur abre também com uma dimensão formativa, dando a conhecer aos mais novos as espécies da Ria, através de jogos didáticos e mesmo iniciativas gastronómicas.

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