“Não deixe a gripe estragar a festa”: os episódios de urgência por síndrome gripal nas crianças e adolescentes
6 de outubro I Campanha Gripe Pediátrica 2025

Um conjunto de entidades da área da saúde lançam esta segunda-feira a campanha “Não deixe a gripe estragar a festa”. A iniciativa visa sensibilizar pais, educadores e cuidadores para o impacto da gripe nas crianças e adolescentes, reforçando a importância da adoção de medidas de prevenção e proteção familiar.
Todos os anos, a gripe continua a ser uma presença indesejada nas famílias portuguesas. As crianças são um dos grupos mais afetados Em Portugal, 88% dos internamentos por gripe em idade inferior a 5 anos ocorre em crianças saudáveis.4
Embora na maioria dos casos a evolução da gripe seja favorável, as crianças estão em risco de desenvolver complicações bacterianas como otite média aguda, sinusite e pneumonia, que contribuem para um aumento da prescrição de antibióticos.5,6
Em Portugal, cerca de 70% dos episódios de urgência por síndrome gripal, registados no início da época da gripe de 2024, ocorreram em crianças e adolescentes,1,2 revelando o peso significativo desta doença nesta população.
A gripe em idade pediátrica não é apenas um problema clínico: é também um desafio social e económico. As crianças têm cinco vezes mais probabilidade de contrair gripe fora do agregado familiar7,8 e o dobro da probabilidade de a transmitir dentro de casa9, resultando numa estimativa de 195 dias de trabalho perdidos por cada 100 crianças com menos de três anos5. Estes números refletem não só a pressão sobre o sistema de saúde, como o impacto que a doença tem nas rotinas das famílias.
Com o objetivo de alertar e sensibilizar para a doença e reforçar a literacia de pais, educadores e cuidadores, surge a campanha “Não deixe a gripe estragar a festa”. A personagem Viroco, “o especialista em estragar a festa”, é a mascote desta edição e protagoniza os materiais da campanha, convidando pais e crianças a testarem os seus conhecimentos sobre gripe pediátrica e a adotarem medidas simples para evitar a propagação do vírus de forma lúdica e educativa.
Este ano a campanha adota um formato multiplataforma com presença na rádio, na imprensa, nas redes sociais e no site www.gripeinfantil.pt, onde é possível encontrar informações práticas, testes interativos e conselhos validados por especialistas.
Esta presença transversal pretende chegar às famílias com informação clara, prática e acessível, desmistificando mitos sobre gripe em idade pediátrica e promovendo comportamentos preventivos, como higiene das mãos, etiqueta respiratória e ventilação dos espaços fechados.
A campanha “Não deixe a gripe estragar a festa” resulta da colaboração entre a Associação Nacional das Farmácias (ANF), a Associação Nacional de Médicos de Saúde Pública (ANMSP), a Associação Portuguesa de Enfermeiros de Cuidados de Saúde Primários (APECSP), a Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar (APMGF), a Associação de Unidades de Cuidados na Comunidade (AUCC), as Farmácias Portuguesas, a Sociedade Portuguesa de Alergologia e Imunologia Clínica (SPAIC) e a AstraZeneca.
Referências
- Direção Geral da Saúde (DGS). Resposta Sazonal em Saúde: Vigilância e Monitorização. Relatório nº123; Semana 15/2025. Disponível emhttps://covid19.min-saude.pt/resposta-sazonal-em-saude-vigilancia-e-monitorizacao/. Consultado em 10/2025.
- Direção Geral da Saúde (DGS). Resposta Sazonal em Saúde: Vigilância e Monitorização. Relatório nº105; Semana 49/2024. Disponível emhttps://covid19.minsaude.pt/resposta-sazonal-em-saude-vigilancia-e-monitorizacao/. Consultado em 10/2025.
- Influenza in Humans. European Center for Disease Control and Prevention.Disponível em: https://www.ecdc.europa.eu/en/influenza-humans. Consultado em 10/ 2025.
- Afonso AC,et al. Uncovering the burden of influenza in children in Portugal, 2008-2018. BMC Infect Dis. 2024;24(1):100.doi:10.1186/s12879-023-086.
- Heikkinen T,et al. Burden of influenza in children in the community. J Infect Dis. 2004. Oct 15;190(8):1369-73. doi: 10.1086/424527.
- Recomendações sobre Vacinas Extra Programa Nacional de Vacinação. Comissão de Vacinas da Sociedade Portuguesa de Infeciologia Pediátrica e Sociedade Portuguesa de Pediatria. Disponível emhttps://www.sip-spp.pt/media/jbsn4cvv/recomendac-oes_vacinas_extra_pnv_sip_28setembro2020.pdf. Consultado em 10/ 2025.
- Endo A,et al. Fine-scale family structure shapes influenza transmission risk in households: insights from primary schools in Matsumoto city, 2014/15. PLoS Comput Biol. 2019;15(12):e1007589. doi:10.1371/journal.pcbi.1007589.
- Nayak J,et al. Influenza in children. Cold Spring Harb Perspect Med. 2021;11(1):a038430. doi:10.1101/cshperspect.a038430.
- Tsang TK,et al. Influenza A virus shedding and infectivity in households. J Infect Dis. 2015;212(9):1420-1428. doi:10.1093/infdis/jiv225.