A pandemia de COVID-19, que nos últimos dois anos tem assolado todo o mundo, tem deixado um lastro de destruição em muitos setores. A regra geral tem sido a do registo de elevados prejuízos em indústrias ou serviços cujo trabalho à distância não funcione e cujo negócio dependa da permanência em espaços físicos fechados de um número elevado de pessoas.
Neste sentido, o caso dos casinos é paradigmático daquilo que foi um desastre financeiro e económico de um setor com um peso relativamente grande na economia de diversos países.
Dadas as dimensões e características dos espaços físicos dos casinos e o carácter não-vital da sua atividade, os confinamentos decretados pelos diferentes estados, incluindo o português, implicaram o fecho dos casinos durante longos e penosos meses, resultando em muitos milhões de euros de prejuízo para as casas de jogo.
Com muitos apostadores a passar pela primeira vez para o jogo online, e com perguntas como “Posso obter bónus de registo várias vezes?” para ser respondidas, os casinos online floresceram, enquanto que os casinos convencionais definhavam.
Mesmo durante os interstícios dos confinamentos, e por diversos motivos, a atividade nunca registou níveis de receitas ou de clientes sequer comparáveis com os pré-pandemia. Essa tendência pode ser explicada por três fatores: em primeiro lugar, pelo receio de frequentar locais públicos com lotações elevadas e de exposição continuada; em segundo, as restrições fronteiriças e a muito lenta retoma do setor do turismo privou muitos casinos de uma boa fatia dos seus apostadores; em terceiro, a própria experiência de ir ao casino ficou bastante
adulterada pelas regras sanitárias – ir a um casino em que os jogadores estão de máscara e necessariamente afastados, numa mesa de jogo, por exemplo, e por mais que seja um mal menor, não é bem a mesma coisa.
Aposta no Digital e na Experiência Online
Numa tendência que vinha de trás, os casinos, como resposta a este cataclismo, investiram fortemente na componente online dos seus serviços, criando sites e apps próprios para o efeito. Como resultado, as receitas mundiais, e portuguesas por extensão, do jogo online bateram todos os recordes durante os anos de 2020 e 2021, assim minorando e compensando algumas das quedas abruptas da receita dos casinos convencionais.
Esta talvez tenha sido a consequência maior de todo este período pandémico: a aposta definitiva no setor digital, ainda que em complemento com a vertente física. As casas investiram em sistemas digitais cada vez mais imersivos e interativos, recriando online ao máximo a experiência dos casinos.
O Impacto nos Jogadores
Mas nem só os casinos sofreram com o encerramento dos seus locais de venda. Também os próprios apostadores sofreram na pele os efeitos desta realidade.
Muitos jogadores com o hábito de se distrair esporadicamente num casino sofreram algum tipo de ansiedade e nervosismo por deixarem de o poder fazer. Sob outro prisma, é também verdade que muitos apostadores relataram uma experiência positiva, no sentido de se libertarem da vontade ou vício de ir ao casino, e que pouparam algum dinheiro com o seu afastamento forçado dos casinos.
No entanto, aquele que foi o grande impacto da COVID-19 nos apostadores foi uma adesão sem precedentes às versões online dos casinos. Os relatórios e contas apresentados pelas casas confirmam aquela que foi uma migração em massa de quem jogava presencialmente para o jogo online, bem como o reforço no consumo de quem já o fazia anteriormente, com todas as consequências que tal fenómeno acarreta. Foram registados, em diversos países, números elevados de casos de jogo excessivo e descontrolo financeiro mas, também, o relato
de muitos jogadores satisfeitos com as condições criadas pelas casas para jogar a partir de qualquer lugar.
Como em tudo nesta pandemia, o balanço do impacto da COVID-19 na comunidade de apostadores é complexo e bastante diverso.
Regresso à Normalidade
Os casinos estimam que o regresso à normalidade seja rápido, assim sejam repostas as condições normais de acesso e eliminadas as regras de etiqueta sanitária. Os estados irão também ajudar à recuperação com medidas de apoio, como fez, por exemplo, o estado português ao estender por dois anos a concessão dos diversos casinos que atuam em Portugal, segundo o Jornal de Negócios.
