CulturaEspecial VerãoPrimeira Vista

“Jovem” do Furadouro nas bocas do mundo

A companha de pesca “Jovem” esteve nas bocas do mundo depois de salvar uma tartaruga gigante que veio nas suas redes cujo vídeo se tornou viral nas redes sociais.

Os homens da arte xávega não hesitaram em salvar a tartaruga enviando-a de volta ao mar. Quase uma semana depois do acontecimento, Paulo Correia, proprietário do barco, resume tudo em poucas palavras:  “Somos gente de bem”.

A safra da pesca deste ano arrancou em maio e só deve terminar em novembro e governo e investigadores são unânimes em considerar que os stocks de sardinha recuperaram. Mesmo assim, há sempre imponderáveis. “Ainda ontem nos roubaram o gasóleo dos tractores”, lamenta o responsável do “Jovem”. “Mal iniciamos a safra, tivemos logo uma avaria grande num dos tratores que nos fez parar um mês”, revela.

Mas diz que “desde há duas semanas para cá, temos trabalhado bem”. “Está a querer encarreirar agora”, reforça.

Continua por resolver o local para guardar as alfaias da pesca como sucede em outros municípios que protegem a xávega, arte ancestral de pesca. Paulo Correia desabafa: “Ainda há três semanas nos roubaram novamente as baterias dos tractores. Este ano já aconteceu duas vezes”.

Seja como for, o “Jovem” é o único embaixador da pesca tradicional com recurso à arte xávega a operar na praia do Furadouro. Esta técnica de pesca, praticada também em outras praias da região, deixou de ser praticada em 2019, quando o “Jovem” rumou à praia de São Jacinto.

Um ano depois, o “jovem” voltou retomando uma actividade que, nos séculos XVIII e XIX, fazia das praias de Ovar o principal centro da prática de pesca com rede e alagem para terra da região. Há muito que a arte xávega marca a identidade vareira e, portanto, há que salvaguardá-la.

Mais do que uma tipologia de pesca que se quer perpetuar, é um modo de vida enraizado nas comunidades que vivem ao pé do mar que se quer valorizar.

O Município, em tempos, manifestou vontade de avançar com uma candidatura da arte xávega a Património da Humanidade mas pouco mais se soube do processo.

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

Botão Voltar ao Topo