Saúde

MUSP faz denúncia da degradação do SNS

Ovar é o reflexo deste situação: o seu hospital perderá autonomia por vontade do Governo e com a conivência de várias forças partidárias locais, PS, PSD, CDS e M2030; o Centro de Saúde de Maceda encerrou e não há data de reabertura; outros Centros de Saúde, encerraram temporariamente e hoje funcionam de forma precária; faltam profissionais de saúde; em Ovar os privados ganham cada vez mais espaço no setor da saúde.

Em Maio um grupo de utentes do Serviço Nacional de Saúde (SNS) do concelho de Ovar reuniu-se no Jardim do Cáster numa sessão pública promovida pelo Movimento de Utentes de Serviços Públicos (MUSP).
A sessão pública inseriu-se na campanha nacional “Pelo Direito à Saúde” do MUSP que visa unir os utentes em prol da defesa de um SNS público, gratuito e de qualidade.
Esta iniciativa foi marcada pelas intervenções de António Nabais, membro da Direção Nacional do MUSP e Carlos Ramos natural e residente em Ovar e utente do SNS.
Nas suas intervenções, António Nabais e Carlos Ramos exigiram o total respeito pela Constituição de República Portuguesa, assegurando o pleno acesso à saúde a todos, e denunciaram a contínua degradação dos serviços de saúde e da carreira dos seus profissionais, tudo isto com a intenção de beneficiar e dar espaço ao negócio da saúde dos grupos privados.
O ataque ao SNS e aos seus profissionais é transversal a todo o País, e Ovar não é exceção. Também em Ovar o seu Hospital tem perdido valências e vive hoje sob a ameaça de ser integrado numa ULS, perdendo assim a sua autonomia. Também em Ovar, o Centro de Saúde de Maceda encerrou sem data prevista para a sua reabertura. Outros Centros de Saúde encerraram temporariamente e hoje funcionam de forma precária, sentindo-se de forma clara a falta de médicos de família e de outros profissionais de saúde.

Nesta sessão pública, sobre o Hospital de Ovar descreveu-se o seu histórico e a sua contínua desvalorização:
– Desde 1999, o Hospital de Ovar perdeu um conjunto de valências, a maternidade, a pediatria, o serviço básico de urgências e atualmente a realização de exames médicos está condicionada por falta de médico cardiologista;
– No ano de 2013 o Hospital de Ovar esteve sob a ameaça de ser entregue à gestão da Santa Casa da Misericórdia, intenção que não se concretizou;
– Em janeiro de 2017 foi apresentado pelo Governo PS um Plano de Negócios que visava integrar o Hospital de Ovar numa Unidade Local de Saúde (ULS);
– Esta ULS incluiria o Centro Hospitalar de Entre Douro e Vouga (Hospital da Feira) o Hospital de Ovar e vários Agrupamentos de Centros de Saúde de vários municípios no distrito;
– Esta ULS teria uma dimensão tal, que rapidamente sentiria dificuldades em articular as suas valências para dar resposta às necessidades da população;
– Para que se tenha consciência do impacto negativo que esta medida poderá ter nos serviços de saúde, importa que se conheça um conjunto de dados;
– O conceito ULS começou a ser implementado em 1999;
– Desde esse ano implementaram-se gradualmente várias ULS pelo País, que prontamente se identificam, Matosinhos, Norte Alentejano, Alto Minho, Baixo Alentejo, Guarda, Castelo Branco; Nordeste Alentejano, Litoral Alentejano, Algarve, do Médio Tejo, do Oeste e de Coimbra;
– Destas experiências extraíram-se resultados, que são a concentração, fusão e redução de serviços e valências hospitalares diminuindo assim a capacidade de resposta dos respetivos hospitais e aumentando os tempos de espera; destas experiências resultaram também a degradação das condições de trabalho dos profissionais de saúde, assim como a criação de mais oportunidades para a iniciativa privada;
– Ao contrário do expectável, destas experiências não se retiraram melhores cuidados de saúde para os utentes do SNS;
– Em 2017, entre outras questões, a população do concelho de Ovar foi convocada a responder à questão, se o Hospital de Ovar deveria ser ou não integrado numa ULS. As 7000 assinaturas recolhidas pela petição pública “Por um Hospital de Ovar de Proximidade, de Qualidade e com Autonomia”, deram uma resposta inequívoca: não!
– Esta resposta fez o Governo PS recuar;
– No entanto, em 2022 o Governo PS já com maioria absoluta, volta à carga e comunica às autarquias locais que mantém o interesse em aprofundar o conceito ULS integrando o Hospital de Ovar numa ULS com referenciação a Aveiro;
– Mediante a intenção do Governo PS, várias forças partidárias locais e um movimento independente, a registar PS, PSD, CDS e Movimento 2030, tentaram e tentam induzir a população a aceitar o mal menor: a integração do Hospital de Ovar numa ULS com referência ao Centro Hospitalar de Entre Douro e Vouga (Hospital da Feira);
– Portanto, estas forças partidárias e o movimento independente tentam induzir os ovarenses a aceitar o que rejeitaram há 5 anos; a deitar para o lixo as 7000 assinaturas recolhidas em 2017; a se conformarem com a concentração, fusão e redução de serviços e valências hospitalares; a resignarem-se à diminuição da capacidade de resposta do seu hospital e consequente aumento dos tempos de espera; a abdicarem da proximidade de um conjunto de serviços disponibilizados pelo Hospital de Ovar;
– Importa ainda registar que, numa permanente tendência de degradação, no ano de 2022 o Hospital de Ovar pela aposentação do médico cardiologista ficou incapacitado de realizar eletrocardiogramas. Até hoje este serviço não foi reposto.

Nesta sessão publica, sobre os Centros de Saúde no concelho denunciou-se o seguinte:
– O Centro de Saúde de Maceda, construído indevidamente com verbas municipais e inaugurado em 2016, funcionou menos de 2 anos por falta de médicos de família, e enquanto Centro de Saúde até hoje não reabriu;
– O Centro de Saúde de Arada não serviu a sua população durante mais de 2 anos. Presentemente serve os seus utentes de forma muito precária, recebendo-os apenas duas vezes por semana;
– O Centro de Saúde de São Vicente de Pereira, permaneceu encerrado por um longo período de tempo e no presente funciona de forma muito precária, recebendo os seus utentes apenas uma vez por semana;
– O Centro de Saúde de Ovar foi confrontado com a aposentação de vários médicos de família, que não foram substituídos de forma imediata e eficaz. Muitos dos seus utentes estiveram sem médico de família durante aproximadamente 1 ano;
– Hoje, no Centro de Saúde de Ovar, mesmo preenchidas algumas vagas deixadas por Médicos de Família, o tempo de espera para uma consulta de Medicina Geral e Familiar pode chegar a 2 meses;

Para agravar a atual situação, a freguesia de São Vicente de Pereira perde a única farmácia no seu território:
– A única farmácia na freguesia de São Vicente de Pereira encerrou e deslocou-se para São João de Ovar. A população de São Vicente de Pereira está cada vez mais desprotegida.

Sobre o negócio da Saúde fez-se a seguinte alusão:
– Em todo o País assiste-se diariamente à adoção de estratégias mais ou menos veladas para degradar o SNS, pondo em causa a qualidade, a universalidade e gratuitidade do SNS e promovendo o encaminhamento dos utentes do SNS para os operadores privados da saúde. Em Ovar não é exceção e conhecem-se bem os investimentos e a implantação dos grupos privados da saúde enquanto o Hospital de Ovar perde valencias e autonomia, enquanto os seus Centro de Saúde encerram ou servem de forma precária, enquanto as populações da periferia do concelho sentem-se cada vez mais afastadas o seu legítimo direito à saúde.

Conclusão
Este trajeto tem de ser interrompido, e a única forma de o fazer é mobilizar os utentes e lutar.
O MUSP apela à mobilização dos utentes da saúde para que participem em próximas ações e assim exigir “Mais SNS e melhor Saúde.”

MUSP – Movimento de Utentes de Serviços Públicos

Deixe um comentário

https://casino-portugal-pt.com/
Botão Voltar ao Topo