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Obrigado a quem fez acontecer! – Por Verónica Cunha

Agora em casa. Fizemos acontecer! Três semanas depois da tragédia ainda encontramos uma guerra. Um rasto de destruição avassaladora.

80 kilómetros antes de chegar a Valência começamos a ver os carros destruídos (e sabíamos que estávamos longe da zona 0). Foi chocante e deixou-nos logo apreensivos com o que íamos encontrar.

Levávamos a carrinha cheia mas sabíamos que não íamos salvar o mundo. Mas a fé moveu-nos.

Ninguém imagina como se encontra Valência…

Ao chegar a Alfafar, o Jorge estava à nossa espera carregado de carinho para nós, fomos bem recebidos, com uma refeição quente, com sorrisos e muita lágrima à mistura. Descarregamos onde havia pessoas a precisar de um pouco de tudo. E por mais incrível que pareça, conseguimos entregar em mãos que era o nosso objectivo, porque assim sabíamos que não se perdia nada. Que era entregue a quem precisava.

Conseguimos dar abraços às crianças que ficaram deslumbradas com gomas… Conseguimos ajudar a limpar em Paiporta.

O cheiro nauseabundo da lama era intenso mas, sinceramente, não nos importava porque a dor de quem perdeu tudo era mais forte. Houve sítios em que a água subiu até aos 3 metros de altura, era visível nas paredes.

Venho com a sensação de dever cumprido e com uma lição de vida enorme. Tenho a agradecer muito às minhas amigas e clientes porque se não fossem elas não levávamos tanta coisa.

Falta neste mundo muita humanidade. E se cada um de nós fizesse o mínimo, certamente, eram mais felizes. Acredito num mundo melhor e sei que às vezes é preciso haver catástrofes destas para o povo se unir.

Ao meu amigo Alen, de Aveiro, tenho muito a agradecer pois sem ele e sem o meio de transporte seria impossível.

Éramos eu, o Alen e Rosa Silva, falamos nisto a viagem toda…. Fizemos acontecer, fomos por nossa conta, suportamos as despesas todas e a nossa missão era entregar em mão tudo o que mandataram… e conseguimos.

Não fizemos por exposição ou para ter mérito, como ouvi ao longo destas duas semanas. Fizemos porque era nisto que acreditávamos, num mundo melhor.

E foi através da exposição que angariamos coisas, mas volto a frisar, pouca ajuda chegou. Ainda contactei várias pessoas com nome forte em Ovar mas a resposta foi negativa ou simplesmente fui ignorada. Confesso que nos primeiros dias chorei ao ouvir comentários maldosos. Mas as minhas clientes mostraram que somos mais fortes e acreditaram em nós.

Nós fomos e cumprimos.

Só o povo salva o povo…
E sinceramente é real.

Obrigada por tudo. E por também acreditar em nós.

Verónica Cunha (Ovar)

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