Polis diz que dragagens oferecem alimento a várias espécies
As dragagens da empreitada de desassoreamento da Ria de Aveiro estão a atrair várias espécies de aves em busca de alimento e até uma raposa já foi vista junto das condutas, revelou a Polis.
De acordo com a Sociedade Polis Litoral Ria de Aveiro, tem-se verificado que as áreas de depósito de dragados servem de zonas de alimentação de várias espécies de aves, em particular na baixa-mar.
“É frequente assistir a aglomerados de aves, nomeadamente garça-vermelha, peneireiro-cinzento, entre outras, durante a deposição de dragados, em busca de alimentos que possam advir do material depositado, como pequenos crustáceos, bivalves ou ainda peixes”, refere a empresa.
Durante o período de reprodução foram detetados vários ninhos em locais de deposição nas margens da Ria, nos concelhos da Murtosa e de Ovar, e na praia a sul da Costa Nova, um deles por baixo do tubo de descarga de dragados para o mar, que lhe serviria de protecção.
“Já ocorreu o nascimento de alguns exemplares, nomeadamente da espécie borrelho-de-coleira-interrompida, e foi observada a interação de outras espécies, como por exemplo uma raposa atravessando uma área onde se encontrava a tubagem de repulsão”, acrescenta.
Esse episódio, para aquela sociedade, “demonstra que a obra não afecta a normal vivência de várias espécies no habitat da Ria de Aveiro”.
Os trabalhos de dragagem na Ria de Aveiro decorrem com recurso a seis dragas e três batelões, que se encontram a operar no canal de Ovar, a sul da Praia do Areinho, no canal de acesso ao cais da Ribeira, no rio Boco, a norte e a sul da ponte da Água Fria, e no Canal de Mira, a sul da ponte da Barra.
“A intervenção é acompanhada desde o seu início por biólogos e técnicos especialistas nos ecossistemas em causa, dada a elevada sensibilidade destes ambientes e das suas ocupações, com especial relevância para as áreas de deposição de sedimentos, por se tratarem de espaços onde bastantes espécies de aves aquáticas se alimentam e abrigam”, salienta a mesma fonte.
Do total de um milhão de metros de cúbicos de sedimentos a dragar dos vários canais da Ria (canais de Ovar até ao Carregal e até Pardilhó, da Murtosa, de Ílhavo (rio Boco), de Mira, do Lago do Paraíso e da Zona Central), cerca de 650 mil m3 serão depositados nas margens da ria, em zonas baixas ameaçadas pelo avanço das águas e pelas cheias, para proteção de pessoas e bens. Nos Canais de Mira e de Ovar até ao Carregal, para além dos depósitos previstos nas margens, parte dos sedimentos, cerca de 350 mil m3 será depositada na praia, na zona de rebentação, de forma a lavar o sedimento e reforçar a deriva litoral, com vista à minimização de efeitos erosivos nestes troços particularmente ameaçados.
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