Cultura

Polis Ria de Aveiro retirou arqueólogos das dragas

A sociedade Polis Litoral Ria de Aveiro retirou os arqueólogos acompanhamento das dragagens por videovigilância, numa decisão criticada pelo Sindicato dos Arqueólogos, assegurando que a solução garante a salvaguarda do património arqueológico.

“Consideramos que a solução implementada garante a salvaguarda do património arqueológico, dado que existe um acompanhamento permanente de arqueólogos com capacidade de fazer parar as dragas, caso verifique a presença de algum vestígio”, diz a administração da Polis.

A Sociedade Polis Ria de Aveiro é o dono da obra de “Transposição de Sedimentos para Otimização do Equilíbrio Hidrodinâmico na Região de Aveiro” (dragagens dos vários canais que constituem a ria de Aveiro)”, adjudicada ao consórcio ETERMAR/MMAS/ROHDE NIELSEN, pelo valor de 17,5 milhões de euros.

A empresa explica que, para poder cumprir as orientações da Direção-Geral da Saúde, foram retirados os arqueólogos de algumas dragas, “onde não era possível garantir o distanciamento obrigatório dentro das cabines, que têm um espaço exíguo”.

“No entanto, o acompanhamento arqueológico continuou a ser feito remotamente, em permanência por arqueólogos, através do acesso por vídeo aos painéis de instrumentação e controlo (interno) e à zona de suporte do elemento de desagregação e sucção (externo) das dragas em operação, que têm capacidade para fazer parar a draga, em caso de deteção de algum vestígio”, descreve.

Considerando que a permanência de arqueólogos dentro da draga aumenta o risco de contágio, a Polis sublinha que “importa limitar os contactos nesta fase excecional”.

“Esta decisão teve por base as orientações da Direção-Geral da Saúde, assim como o parecer da fiscalização e coordenador de segurança em obra, e a emissão de uma declaração médica, a corroborar com esta proposta”, acrescenta.

Relativamente à alegada falta de arqueólogos nos depósitos, a administração da empresa refuta tal afirmação, esclarecendo que “os mesmos se encontram em permanência em cada depósito onde ocorre deposição de dragados”.

O Sindicato dos Trabalhadores de Arqueologia (STARQ) considerou, em comunicado, que a substituição de arqueólogos no local das dragas por câmaras de filmar “é um expediente ilegal, que não está previsto no Regulamento de Trabalhos Arqueológicos, nem está autorizado pela Direção-Geral do Património Cultural”.

A visibilidade da câmara é também considerada insuficiente, já que “muitas vezes os vestígios são peças arqueológicas de pequena dimensão”, sublinhando aquele sindicato que a sua utilização não é reconhecida “como uma metodologia científica de trabalho arqueológico”.

A ria de Aveiro é depositária de um conjunto significativo de património cultural submerso, tendo já sido localizadas embarcações e cargas, sobretudo cerâmicas com datas que remontam ao século XV.

*Lusa

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