CulturaPrimeira Vista

Projecto de sensibilização para o lixo marinho vai ser financiado

O projecto “Fishing the Plastic – (H)À Pesca (N)Do Plástico” da Associação Business as Nature, numa parceria com a Câmara Municipal de Ovar, é um dos seis projectos vencedores do programa de “Prevenção e sensibilização para a redução do lixo marinho” aprovados e financiados pelos EEA Grants em Portugal.

O projecto visa contribuir para a prevenção e redução dos plásticos nos oceanos e para o aumento da economia circular local e prevê desenvolver várias acções de sensibilização, formação e acção e implementar a recolha de plástico marinho das nossas praias e actividades piscatórias, envolvendo as comunidades piscatórias e escolares, bem como as que interagem com o mar e a população. Este é ainda um projecto para a protecção dos oceanos.

Na cerimónia de apresentação que decorreu esta sexta-feira, no Terminal de Cruzeiros do Porto de Leixões, o ministro do Ambiente e da Acção Climática, João Pedro Matos Fernandes, criticou o uso excessivo dos bens descartáveis, considerando-o o problema mais agudo do ponto de vista ambiental no período pós-covid.

“Se me perguntarem neste pós-covid qual é o problema mais agudo do ponto de vista ambiental, eu não tenho a mais pequena dúvida: a tendência para o abuso, em alguns casos completamente excessivo e a roçar o disparatado, dos bens descartáveis. Não faz qualquer sentido”, alertou, salientando que vão todos parar ao mar.

O governante considera que não há qualquer explicação para achar normal que todos os bens venham embalados numa “bolsinha de plástico para deitar fora”.

Embora compreendendo que o uso de materiais descartáveis seja uma forma que os estabelecimentos encontraram para dar confiança aos clientes, o governante considera “um absurdo imaginar que o descartável dá segurança a quem quer que seja”, criticando o uso excessivo do plástico neste de tempo de pandemia.

“É um absurdo imaginar, e isso faz-se, que um barbeiro ou cabeleireiro nos dê uma toalha de plástico, que tira dentro de um saco de plástico, que nos põe à volta do pescoço e depois à volta da mesma põe uma toalha de turco porque a primeira afinal não presta para nada e com isto acredita que vai fazer melhor e servir melhor. É inacreditável que restaurantes e cafés, que obviamente sempre lavaram a louça agira nos sirvam em copos de plástico ou de papel, parece que afinal não lavavam a louça antes”, ironizou, sublinhando que esta é uma responsabilidade de todos.

O ministro reconheceu ainda que em matéria de gestão de resíduos, Portugal tem um grande caminho a fazer e defendeu que as autarquias têm nesta matéria um papel fundamental para alterar este paradigma.

“Num país como o nosso, onde tanto tem sido feito com números tão claros, no que diz respeito por exemplo à utilização de fontes renováveis na produção de electricidade, naquilo que tem sido a redução de emissões Portugal é mesmo um dos primeiros países do mundo que provou que há felizmente um divorcio entre aquilo que é a economia crescer e as emissões decrescerem, tenho de reconhecer que, quando chegamos à eficiência material, há gestão dos resíduos temos ainda um caminho grande para fazer”, afirmou.

Durante a cerimónia que durou cerca de duas horas, foram apresentados seis projetos de prevenção e sensibilização para a redução do lixo marinho, que receberão um milhão de euros de financiamento, no âmbito do programa EEA Grants Ambiente.

Cada um dos seis projectos seleccionados receberá, no máximo, 200.000 euros, com o sexto classificado a receber 159.755 euros, representando entre 75% e 90% do total de investimento previsto.

Com uma dotação total de aproximadamente 28 milhões de euros, o “Programa Ambiente, Alterações Climáticas e Economia de Baixo Carbono – Programa Ambiente”, foi criado na sequência da assinatura do memorando de entendimento entre Portugal, Noruega, Islândia e Liechtenstein, tendo em vista a aplicação, em Portugal, do Mecanismo Financeiro do Espaço Económico Europeu 2014-2021, nas áreas programáticas de ambiente e ecossistemas, mitigação e adaptação às alterações climáticas.

Na sua intervenção, Salvador Malheiro afirmou “o compromisso da comunidade vareira e da Câmara Municipal de Ovar neste desiderato de redução da poluição. Já sabemos que se tratam de problemas globais, mas que só poderão ser resolvidos a partir da ação local. E nós queremos dar o exemplo, trabalhando no terreno, na certeza de que podermos atingir a famigerada neutralidade carbónica o mais rápido possível.” O autarca agradeceu ainda a quem procedeu à avaliação dos projetos “e viu que o nosso é um projecto meritório”.

Conheça os seis projectos de prevenção e sensibilização para redução do lixo marinho

  • Projeto “Refill_H2O”, Instituto Politécnico de Viana do Castelo (IPVC)
    Incrementará a utilização de matérias-primas secundárias para substituir o uso de plásticos, com o desenvolvimento de uma estação de reenchimento de garrafas de água reutilizáveis. Depois de concebidos, desenvolvidos e testados, dois protótipos serão instalados e disponibilizados nas seis escolas do IPVC, bares, cantinas e residências académicas, locais onde são consumidas, anualmente, cerca de 66.000 garrafas plásticas de água mineral, o equivalente a 1.215Kg de resíduos.
  • Projecto “Porto Santo Sem Lixo Marinho”, Associação Natureza Portugal
    O principal objectivo é proteger o ambiente marinho da ilha de Porto Santo, através de esforços conjuntos dos principais intervenientes públicos e privados na eliminação de resíduos de plástico da natureza e na circularidade da sua utilização. Será feita a monitorização e avaliação contínua da situação dos resíduos de plástico produzidos na ilha e a optimização da sua gestão através de um plano de gestão comunitário, que envolve pescadores, autoridades, empresas, escolas e outros serviços públicos. Haverá ainda uma campanha de comunicação e sensibilização para reduzir o consumo de plástico descartável e os resíduos de plástico que acabam no mar.
  • Projecto “LowPlastic – A Arte de Reduzir o Plástico”, Município de Vila Nova de Cerveira
    Estão previstas actividades de sensibilização e monitorização no rio Minho, com recurso à embarcação existente no Aquamuseu. Estas acções colaborativas entre o Aquamuseu do rio Minho-Município de Vila Nova de Cerveira, grupos escolares e cidadãos têm tornado possível obter registos com o intuito de conhecer a realidade local e sensibilizar para os impactos dos resíduos plásticos no ambiente aquático. Em parceria com a Associação Portuguesa do Lixo Marinho, e articulação com o Município de Setúbal, estas acções serão replicadas no rio Sado. Serão desenvolvidas ainda ações de sensibilização e formação para disseminação de boas práticas, direccionadas a vários públicos-alvo, nomeadamente bares de praia/ fluviais, hotéis, outros alojamentos, pescadores e mariscadores.
  • Projecto “E-REDES – Fomento ao uso de redes biodegradáveis como ferramenta de promoção da sustentabilidade”, Município de Esposende
    Pretende desenvolver-se um estudo-piloto sobre a área marinha protegida do Parque Marinho do Litoral Norte. O projecto envolverá o fornecimento de redes de emalhar e tresmalho biodegradáveis à comunidade piscatória local, para posterior avaliação da redução da pesca-fantasma e da introdução de plástico sintético no oceano. O estudo envolverá a avaliação das propriedades físicas e da durabilidade de monofilamentos inovadores, a viabilidade do fabrico de artes com monofilamentos biodegradáveis e a sua eficiência pesqueira, quando comparadas com redes convencionais de materiais sintéticos. A avaliação será feita do ponto de vista económico, ambiental (proteção do ecossistema marinho e preservação da biodiversidade) e social (tradições e práticas locais).
  • Projeto “Fishing the Plastic – (H)À Pesca (N)Do Plástico”, Business as Nature
    Em parceria com o município de Ovar, este projecto contribuirá para a redução do lixo marinho plástico, em especial o de uso único, através do envolvimento da comunidade piscatória na sua recolha e encaminhamento para upcycling. Serão desenvolvidas acções de sensibilização criativas e inovadoras, especialmente dirigidas aos principais grupos com relação com o mar: restaurantes e bares de praia, comunidades piscatórias, crianças e jovens em idade escolar, associações profissionais, desportivas, recreativas e de lazer associadas à pesca e ao mar.
  • Projeto “Há Rio e Mar, Há Lixo para Transformar”, LIPOR – Serviço Intermunicipalizado de Gestão de Resíduos do Grande Porto
    A LIPOR, em parceria com o Instituto Português do Desporto e Juventude – Direção Regional do Norte, pretende desenvolver um conjunto de iniciativas e ferramentas que promovam intensa e continuadamente a Literacia do Oceano e a Protecção e Preservação do Mar, integradas no sistema educativo, na informação aos cidadãos e na capacitação de técnicos, ao nível administrativo e empresarial.

Deixe um comentário

https://casino-portugal-pt.com/
Botão Voltar ao Topo