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Receita anual de jogos online ultrapassa 1 bilião de euros e tendências apontam para uma faturação ainda maior em 2025

O Serviço de Regulação e Inspeção de Jogos (SRIJ) encerrou 2024 com números impressionantes. Foram 1,1 mil milhões de euros em receitas brutas de jogo online, um salto de 42% face aos 850 milhões obtidos em 2023.

Só no último trimestre a faturação atingiu 323 milhões, refletindo o dinamismo de 17 operadores licenciados que, antes de impostos, colocaram o sector digital à frente dos casinos físicos pela primeira vez.

A mesma fonte sublinha que, ao longo do ano, a atividade manteve um ritmo constante, com 260,9 milhões no 1º trimestre, 261,8 milhões no 2º e 266,3 milhões no 3º, confirmando uma trajetória de crescimento trimestral médio de 20% desde 2020.

Perfis de jogador: Quem são e como apostam

Apesar da escalada financeira, o número total de contas activas subiu 27,8% no último trimestre, fixando-se em 4,7 milhões. A expansão dos jogadores é evidente, já que 22,1% têm entre 18 e 24 anos e 33,9% situam-se na faixa 25-34, tornando os jovens o principal motor de volume de apostas.

Em março de 2025, o SRIJ contabilizava 4,6 milhões de utilizadores registados, mais 16,9% do que no ano anterior, reforçando a ideia de que a base de clientes continua a alargar-se em termos absolutos. Os jogos de fortuna e azar, sem dúvida, mantêm a liderança, com 57,2% da quota, mas, ainda assim, o póquer online mostra vitalidade própria.

Em receitas recorde, as variantes de Texas Hold’em e Omaha somaram 10% do GGR do segmento, impulsionadas por torneios rápidos e sit-and-go que se popularizaram no mobile. Nessa corrida, compreender a hierarquia de mãos é muito importante, pois dominar as sequências de poker permite minimizar decisões erradas mesmo entre jogadores iniciantes.

Ao contrário das slots, onde o resultado é integralmente aleatório, o póquer recompensa a estratégia bem-elaborada e contribui para tempos de sessão mais longos, algo que os relatórios do SRIJ confirmam ao apontar um tempo médio de jogo 18% superior nos títulos de cartas.

Regulação e impacto fiscal do sector em Portugal

Do ponto de vista fiscal, o Estado cobrou 25% de imposto especial sobre o jogo online (IEJO) sobre a receita bruta dos operadores de casino digital e entre 8% e 16% sobre a margem das apostas desportivas à cota. Esse quadro gerou 334,7 milhões de euros de receita fiscal direta em 2024.

Verba essa que o Ministério das Finanças afectou, em parte, ao Fundo de Turismo e à prevenção do jogo excessivo. A repartição do mercado continua, contudo, em transição. Relatórios trimestrais do SRIJ indicam que 60,5% da receita do 2º trimestre veio do casino online contra 39,5% das apostas desportivas.

Uma inversão face a 2021, quando o futebol dominava claramente o digital. Especialistas da consultora Deloitte acrescentam que cada ponto percentual de crescimento do GGR digital acrescenta 5 milhões de euros à cobrança de IEJO, razão pela qual o Governo acompanha de perto a evolução do sector e discute ajustes ao regime contributivo para 2026.

Até lá, a combinação de novos formatos de jogo, penetração 5G e métodos de pagamento instantâneos manterá o jogo online entre as indústrias tecnológicas de maior retorno para o erário público português. As contas de 2024 fecharam nos 1,1 mil milhões de euros, mas ninguém no sector espera abrandar.

Além disso, o relatório europeu da EGBA/H2 Gambling Capital antecipa que a receita online na UE suba para 47,5 mil milhões de euros em 2025, um ganho de quase 8% face a 2024. Portugal, que representa cerca de 2,7% desse bolo, deverá acompanhar o ritmo, o que colocaria o mercado nacional entre 1,25 e 1,35 mil milhões de euros esse ano.

Inovação nos produtos: Do crash ao live com realidade aumentada

Os operadores licenciados preparam-se para lançar mesas de casino ao vivo em 8K, jogos de “crash” de resolução instantânea e modalidades de apostas em eSports, segmentos que já captam 2,8% do GGR e deverão duplicar até dezembro.

A adoção desses formatos decorre da procura dos utilizadores entre 18-34 anos, que valorizam interatividade e ciclos de jogo mais curtos. As plataformas respondem integrando realidade aumentada e estatísticas em tempo real para manter o tempo médio de sessão acima dos 25 minutos.

Certamente o jogo online é cada vez mais um fenómeno móvel. A ANACOM registou 3,3 milhões de assinantes 5G e uma penetração geral de 175,9 cartões por 100 habitantes. Tal densidade de banda larga faz com que mais de metade das apostas já seja feita em smartphone. Tendência essa que está alinhada com a média europeia de 55% de “bets” em dispositivos móveis.

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