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Reformada pede ajuda para tratar dos seus animais

Pensão baixa não chega para tratar dos 11 cães e mais de vinte gatos

Desde sempre que Clara Maia não consegue ver um animal abandonado ou maltratado. “Não consigo ficar indiferente. Levo-o logo para minha casa para o acarinhar”, confessa Maria Clara de Pinho Maia, quase a completar 81 anos.

“Clarinha”, como é carinhosamente conhecida por amigos e vizinhos, já teve o dobro dos animais que tem hoje. “Já não posso das minhas costas e estou muito cansada”, declara, curvada, enquanto procura uma cadeira para se sentar. “Hoje, tenho 11 cães e vinte e tal gatos”, relata. É no dia em que falámos com ela, tinha acabado de cozinhar para os alimentar, numa tarefa cada vez mais difícil de executar. “Já não tenho corpo que aguente isto tudo e não conseguiria tratar de todos eles se não tivesse a ajuda da minha sobrinha”, admite.

Há mais de 50 anos que Clara Maia cuida e protege de todos os animais que lhe “pedem” ajuda. “Chegavam a deixar-me animais bebés à porta, com seringas e leite prontos a dar, para eu recolher, tratar e alimentar”, recorda, sempre de sorriso nos lábios, garantindo que nunca se recusou a ajudar nenhum deles, mas agora está complicado continuar a missão. A situação está outra vez praticamente insustentável, “porque as ajudas que tinha foram embora com a actual pandemia”, informa.

Foto: Paulo Ramos/Diário de Aveiro

Quando trabalhava como auxiliar de educação na Escola Primária de São Miguel era mais fácil, mas, agora que está aposentada, a pobre reforma que recebe não chega. Mesmo assim, continua a lutar para que nada lhes falte. “Eu não tenho coragem para virar costas e fazer de conta que não vi nada”, desabafa. Muitas vezes não consegue comprar os seus medicamentos para ter disponibilidade financeira para dar alimento aos animais. “Nem me passa pela cabeça ver os meus meninos passarem necessidade”, sentencia, desvendando algumas estratégias que foi aperfeiçoando ao longo do tempo para contrariar as dificuldades. “Ando sempre atrás das promoções de ração, tento comprar arroz e franguinho quando há, porque os mais velhinhos estão mais biqueiros a comer”. “A minha sobrinha é uma grande ajuda porque é ela quem vai buscar as compras, mas é sempre ir ao mais barato e com o dinheiro todo contado, porque de outra forma não dá”, reforça.

Pagar prestações
Figura frágil, “Clarinha” gasta quase todo o seu dinheiro em comida (para os animais), detergentes, areia para os gatos, medicação e consultas em veterinários, quando eles adoecem, entre outras despesas. “Neste momento, tenho uma dívida grande na veterinária”, revela a nobre senhora, “por causa de uma operação de urgência a uma cadelinha e que orçou mais de 2.000 euros”. “Estou a pagar aos bocadinhos por mês e enquanto me deixam ir pagando assim já é muito bom”, salienta, sempre agradecida.

Os cães, quase todos com mais de 10 anos, estão agora mais susceptíveis, pelo que as doenças estão sempre a aparecer. “Chego a levar dez da cada vez à veterinária, o que se torna muito muito dispendioso, mas eu assumi a responsabilidade, não lhes posso falhar”.
Maria Clara chegou a fazer obras no seu quintal para criar um abrigo para todos os animais que já não conseguia manter dentro de casa, para que nenhum ficasse ao relento. “Sempre tive animais, fossem porcos, ovelhas, cães, gatos, e agora tenho tudo cheio”. Sendo mais velha de dez irmãos, “Clarinha” conta que foi ela quem os criou a todos “e com os animais é a mesma coisa”. “É o meu destino. Se eu visse um animal doente na rua, eu não descansava até o trazer para casa”, recorda, sempre com aquele brilho nos olhos.

É por isso que lança um apelo para que a ajudem a pagar as contas dos seus queridos animais, incluindo a comida, as consultas e os tratamentos veterinários. Clara Maia não esconde que precisa de ajuda monetária que pode ser canalizada para o seu IBAN: PT50 0035 0573 0002 5485 9009 5, ou combinando a entrega, caso se trate de doações de bens, para o contacto 256 572 745.

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