Cultura

Candidatura do “Cantar dos Reis” sem evolução

A tradição do Cantar dos Reis continua pujante no concelho de Ovar, apesar de ainda não haver evolução no que toca à candidatura ao Inventário do Património Imaterial, submetida em 2016.

A celebração anual da tradição ovarense envolve a participação de centenas de vozes, reaviva as relações entre os membros e reafirma a sua pertença à comunidade. A Câmara Municipal lançou a ideia de uma candidatura em 2014 e, dois anos depois, o processo do Cantar dos Reis em Ovar foi submetida ao Inventário Nacional do Património Cultural Imaterial, com o apoio do Instituto de Etnomusicologia (INET-md) da Universidade de Aveiro (UA), responsável pela realização da investigação científica que suporta a candidatura.

Apresentada em Dezembro de 2016 e tendo sido correctamente submetida, de acordo com a legislação, a candidatura tinha um prazo de três meses para consulta pública e, algum tempo depois, devia ter havido uma decisão.

Tal não aconteceu. Na ausência de uma decisão em tempo útil, a Direcção Geral do Património revelou, em 2019, ter havido um lapso na candidatura que devia ter sido entregue em papel. Na altura, Jorge Castro, coordenador científico da candidatura do “Cantar dos Reis de Ovar” a Património Cultural Imaterial de Portugal, garantiu que “toda a documentação foi submetida na matriz ‘on-line’ e esteve sempre consultável”.

Surpreendido, o docente e investigador da UA assegurou que telefonou e enviou e-mails, com insistência, para a Direcção Geral do Património, procurando saber o desenvolvimento do processo, sem sucesso. “Nunca ninguém disse nada”.

Seja como for, no caso da candidatura ovarense, Jorge Castro Ribeiro não tem “dúvida nenhuma” que “é uma manifestação cultural única”. “Há muitos Reis pelo país, mas com estas características e este grau de sofisticação, os três números, cantados a várias vozes, com um percurso performativo em que as Troupes vão a casa das pessoas, não existe em mais lado nenhum e é identitário da comunidade vareira”, salienta.

O “Cantar dos Reis em Ovar” “tem uma razão de ser, uma história, personalidades marcantes”, defende o coordenador científico, que assegura que “a tradição tem todos os ingredientes possíveis e imaginários para ser reconhecida”.

Mas há mais processos estagnados na Direcção Geral do Património. Pelas contas do membro do INET-md, há, pelo menos, 27 instituições que fizeram a submissão “on-line” de candidaturas e, tal como a do Cantar dos Reis de Ovar, ainda não obtiveram qualquer resposta.

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