Opinião

Sabem o que as pessoas querem? – Ricardo Alves Lopes

Gostava de começar o texto assim: perdoem-me o abandono do lirismo por uma semana. Apetece-me.
No dia de hoje, em que entrego mais um texto ao Ovarnews, decidi avançar por uma área que há muito aqui abandonei. Refiro-me a opiniões viradas para uma vertente mais estratégica, ou comercial, se preferirem. Tenho adoptado, chamemos assim, um estilo lírico, com o intuito de mostrar a beleza da cidade, das suas gentes e de tudo o que a compõe. Mas hoje tenho uma série de coisas que pretendo dizer, e perguntar.

Existe uma ferramenta de gestão que se chama Análise Swot, que uns conhecerão e outros não, mas que é de uma utilidade que a maioria nem supõe. Olhando para ela a olho nu, será só um simples quadro, que até um menino de seis anos seria capaz de desenhar. E é verdade, porque as grandes ferramentas são as que descomplicam processos complexos. O que irá fazer diferenciar é a capacidade de cada um em ser isento a pensar sobre o seu negócio. As variáveis a serem analisadas são as forças e fraquezas internas e externas, referentes à empresa e ao meio onde se insere, seja social ou comercial, para depois extrapolar isso para oportunidades e ameaças.

Parece simples, não é?
E, de facto, não é complexo. Todos nós somos capazes de avaliar o que de melhor temos e o que de pior temos, se estivermos dispostos a mudar, claro. No meio disso, existe sempre a certeza que há variáveis que não podemos dominar, como são a economia do país, ou o desemprego da região, mas esses pontos são apenas as ameaças. E mesmo as ameaças, em alguns sectores, não poderão ser oportunidades? Não existia o low-cost antes da crise, foi um ajuste à realidade momentânea que o proporcionou.

No fundo, a conversão de uma ameaça numa oportunidade.
Já pensaram o que realmente diferencia o vosso negócio do vosso concorrente? O que faz com que as pessoas, por exemplo, tomem café no vosso estabelecimento em vez de no do lado? Ou, por outro lado, o que as faz irem ao vosso concorrente e não a vocês?

Eu sei que parecem perguntas tontas, quase desprovidas de importância, mas estou em crer que são exactamente essas que os nossos comerciantes, e mesmos gestores, não fazem. Muitas vezes, as rotinas roubam a possibilidade de se fazer essa análise. E ela é importante, por mais simples que pareça. E o que acham que podem melhorar? Essa pergunta, já se fizeram?
Pois é, fazendo estas perguntas e colocando-as dentro do quadro que vos falei (Análise Swot – pesquisem), podem vir a ter ideias para o vosso negócio que nem imaginavam. O quadro serve simplesmente para isso, para vos forçar a ter ideias. Quando virem os quadradinhos do que são bons e do que são menos bons, do que os outros são melhores e piores, do que o ambiente tem para vos dar e prejudicar, só vai faltar o campo das oportunidades. E a análise dessas oportunidades é que vai diferenciar os bons negócios, os vindouros, dos restantes.

Não duvido que todos desejam ser os melhores, em casos tenho dúvidas é que façam algo para o ser. É tão importante analisar o que fazemos bem como o que fazemos mal. A informação é que define os caminhos, e analisá-la não é gastar tempo. É investir.
Para finalizar, gostaria de informar que não pretendi fazer uma crítica a nenhum negócio, apenas alertar que podemos ser melhores do que somos. O que a Câmara ou a União de Freguesias organizarem pode dar visibilidade, mas o que pode trazer pessoas é o que temos para oferecer. E o comércio não terá responsabilidade nisso? Saberá o que as pessoas desejam, ou quererá oferecer o que acha certo?
São perguntas que deixo no ar, antes de regressar ao meu lirismo de outras semanas.

Ricardo Alves Lopes (Ral)
http://tempestadideias.wordpress.com
[email protected]

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