OpiniãoPrimeira Vista

Saudade… – Por Sérgio Lamarão Pereira

É com enorme gosto e muita satisfação que regresso ao jornal Ovarnews para escrever
quinzenalmente na rubrica O Mundo é a minha Terra.

Um regresso, várias vezes, adiado por múltiplos fatores e vicissitudes da própria
existência. Existimos, mas temos o dever de viver. Viver bem! Quando digo viver bem, digo
viver com dignidade!

Senti alguma saudade em publicar estas breves palavras, estas humildes frases que, e
não o digo por modéstia, não vão muito além de simples introspeções.

A saudade é comunicável. Pode ser transmitida através da linguagem. Só existe
linguagem porque existe pensamento. Só existe pensamento, porque existe linguagem.

Esta nostalgia dá-nos a consciência de algo ausente. Alguns indivíduos poderão ser
mais saudosos que outros, mas todos têm esse sentimento em comum; seja em relação a
pessoas ou objectos. Saudade…esse conceito intraduzível e tão português, tão lusitano.

Este sentimento também se manifesta através de inúmeras formas de arte. Manifesta-
se quando partimos em viagem, quando estamos em movimento. É deslocarmo-nos e
mantermos o pensamento focado em algo que não queremos deixar para trás. É partir, mas
sentir de imediato a necessidade de regressar. Estar longe e ter vontade de continuar; pois não
tendo a presença física de quem gostaríamos, temos essa presença sempre na consciência e
esse facto incentiva-nos a caminhar cada vez mais. Se ao regressarmos não encontramos o que
esperávamos teremos sempre a recordação dos momentos vividos.

Segundo Teixeira de Pascoaes… pelo desejo, a saudade converte-se em esperança e
pela dor converte-se em Lembrança; Esperança e Lembrança são assim duas características
básicas da alma portuguesa, tornando-se a Esperança sonhada ou desejada em forma feminina
de Vénus (ariana) e a Lembrança em forma feminina de Virgem dolorosa (semita).

Sinto saudade! Esta constância ou inconstância. Sentimentos que vão mudando. Foste,
és e serás, para sempre, a única flor no meu jardim. O resto, que direi? O resto são simples
ervas bravas e rudes que nascem e crescem ao acaso. Uma flor delicada e meiga. Muito bela e
perfumada. És a flor do meu jardim! Sim, sinto saudade!

Existiram dias em que não te reguei. Outros dias em que não te cuidei. Ao contrário de
ti, que foste meiga e cuidadosamente selecionada, fui semeado ao acaso. Uma planta rude,
agreste e bravia. Todavia, interiormente, muito frágil e delicada.

Os opostos atraem-se e ambos necessitam ser polonizados. Sinto saudade! Sinto muita
saudade…

Para ti “Mixinha”…

Sérgio Lamarão Pereira (Texto e Foto)

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