Tinha família e amigos, mas foi encontrado a boiar numa praia – Por Joana Amaral Dias

Francisco Colaço da Costa estava desaparecido desde a madrugada do passado dia 31 de julho, na qual foi visto, pela última vez, no Candal, em Vila Nova De Gaia. Entretanto, foi encontrado sem vida, o que foi o ponto de partida para uma reflexão de Joana Amaral Dias.
“Há uma fotografia do João Francisco que tem corrido Portugal. Com uma pulseira de hotel no pulso, a montanha e o mar em cenário, o jovem turista tem um semblante entristecido, olhar alheado. Podia ser uma banal foto de férias, algures no Mediterrâneo, mas não há como ver esta chapa sem pensar no fim-do-mundo para este ainda menino. Sem a interpretar como um epitáfio. Está de costas para o espetáculo crepuscular da Mãe-Natureza, de costas para o horizonte, de costas para o futuro, sem nos fitar, sem fixar a câmara, sem procurar o outro, olhos no vazio. No oco. Esse nada que engole vidas, esse vórtex-voraz suga-almas, essa dor sem nome, causa ou cor, monstra, de bocarra escancarada, que hipnotizou o João Francisco e que, depois, nunca mais o largou”, começou por refletir Joana Amaral Dias na respetiva página de Instagram.
A escritora e psicóloga clínica ainda assinalou: “O amanhã podia ter sido esplêndido, a vida é bela, este gaiense era aluno de mão cheia, já jurista, tinha família e amigos, interesses, mas foi encontrado a boiar numa praia que não essa da memória de viagem, dias depois de ter desaparecido à procura de afogar o sofrimento, de o calar para sempre. E calou. Esperemos é que a lamentável morte tenha dado voz à necessidade imperiosa de cuidar da saúde mental.”
“A depressão é uma grande assassina. Deixa-nos completamente sós no mundo, mesmo que estejamos no meio de gente querida ou até da multidão. E a solidão mata. Mata sempre. A morte de João Francisco Colaço, 22 anos, não pode ser apenas mais um número. Precisa de ser mudança e o ressuscitar desse amanhã perdido. Um abraço terno a todos os que o amavam”, completou.
Caso esteja a sofrer de algum problema psicológico, tenha pensamentos autodestrutivos ou sinta necessidade de desabafar, deverá recorrer a um psiquiatra, psicólogo ou clínico geral, podendo, ainda, contactar uma das seguintes entidades:
– Conversa Amiga (entre as 15h e as 22h) – 808 237 327 (número gratuito) e 210 027 159
– SOS Voz Amiga (entre as 16h e as 24h) – 213 544 545
– Telefone da Amizade (entre as 16h e as 23h) – 228 323 535
– Telefone da Esperança (entre as 20h e as 23h) – 222 030 707
– SOS Estudante (entre as 20h e a 1h) – 239 484 020