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Todas as pistas da PJ de Aveiro apontam para Fernando Valente

Processo da grávida desaparecida da Murtosa há sete meses e meio

Mónica Silva estava grávida já com sete meses e meio de gestação, quando desapareceu da Murtosa, há mais de sete meses e meio, apontando, para já todas as investigações da PJ de Aveiro, para um dos seus conhecidos, o empresário Fernando Valente.

O OVARNEWS apurou que desde início das investigações, as pistas da Polícia Judiciária incidiram sempre sobre Fernando Valente, de 39 anos, divorciado, que era conhecido da vítima e tal como a mulher desaparecida, natural e residente na Murtosa.

O empresário Fernando Manuel Tavares Valente é o único arguido do processo em que a PJ de Aveiro investiga os crimes de homicídio qualificado consumado, aborto agravado e profanação de cadáver, alegadament,e na Torreira, concelho da Murtosa.

Nesta fase, o que está em causa é solidificar o acervo probatório relativamente a Fernando Valente, aguardando-se ainda pelos resultados para comparação dos vestígios recolhidos com o ADN de Mónica Silva, a cargo do Laboratório de Polícia Científica.

Mas também e não menos importante são as conversações estabelecidas entre Mónica Silva e Fernando Valente, que estão nas “nuvens” do Facebook e do Instagram, que já confirmaram disponibilidade para enviar os conteúdos, devidamente certificados.

Nesta fase das investigações criminais, a recuperação do corpo da vítima, Mónica Silva, constitui a grande prioridade da Polícia Judiciária, sabendo-se que serão esses os próximos passos a partir de informação recolhida, entretanto, que está a ser cruzada.

Homicídio com criminalidade altamente organizada

A Polícia Judiciária de Aveiro confrontou-se com um tipo de crimes não só extremamente violentos, como de caráter altamente organizado, pelo que se impunha a declaração da especial complexidade do processo, como proposto pelo Ministério Público.

A juíza de instrução criminal de Aveiro determinou, há uma semana, a especial complexidade do processo, o que permite que as investigações da PJ de Aveiro possam prosseguir, por mais meio ano, com Fernando Valente legalmente privado da liberdade.

É que se geralmente os crimes de homicídio não carecem de vários meses para serem esclarecidos, neste caso, está-se perante circunstâncias pouco comuns, desde a forma como o homicídio com feto terão sido cometidos, até como o corpo foi escondido.

Para uma acusação concludente do Ministério Público será importante não só encontrar pelo menos vestígios do cadáver, como estabelecer a premeditação dos crimes executados, sabendo-se que o método para o desaparecimento foi o de “crime perfeito”.

A descoberta do corpo da vítima continua a ser encarada como sendo ainda possível, estando a PJ de Aveiro, o Ministério Público de Estarreja (Murtosa não tem Tribunal Judicial) e o Juízo de Instrução Criminal de Aveiro a trabalhar nesse sentido.

O empresário Fernando Valente, principal suspeito pelo desaparecimento da grávida da Murtosa, Mónica Silva, continuará em prisão domiciliária e com pulseira eletrónica, determinou, já esta semana, a juíza de instrução criminal da Comarca de Aveiro.

Espera-se o Facebook e Instagram

Fernando Manuel Tavares Valente, de 39 anos, divorciado, empresário, “continua fortemente indiciado pelos crimes de homicídio qualificado, aborto agravado e profanação de cadáver, apurou o OVARNEWS junto de fontes ligadas ao processo.

Para a magistrada judicial, seguindo a perspetiva do Ministério Público, não só se mantêm fortes indícios, como “atentos os últimos desenvolvimentos há um substancial adensamento da prova incriminatória em relação ao arguido”, Fernando Valente.

A tal ponto assim é que a juíza de instrução criminal de Aveiro constata “a inexistência de qualquer dado que aponte para uma alteração dos pressupostos de facto das medidas de coação, considera-se até desnecessário conferir o contraditório ao arguido”.

Há duas semanas, a solicitação do Ministério Público, a mesma juíza decretou a especial complexidade para o processo, o que prolongou o prazo de sair com a acusação de seis para doze meses, mesmo continuando Fernando Valente privado da liberdade.

A investigação da PJ aguarda ainda pelos resultados laboratoriais de algumas recolhas de vestígios, bem como a comunicação de todas as conversações de Mónica Silva, através do Facebook e do Instagram, não só, mas também, com Fernando Valente.

A listagem integral das mensagens escritas, incluindo as SMS do telemóvel de Mónica Silva, bem como o seu conteúdo, com a devida certificação, estarão dependentes da operadora de telecomunicações, mas principalmente do Facebook e do Instagram.

Ambas as plataformas digitais, sediadas na Califórnia, Estados Unidos da América, ainda não terão enviado por carta rogatória todas as solicitações pela Procuradoria-Geral da República, acerca do teor das comunicações em que interveio Mónica Silva.

A fita do tempo do processo

Detido pela Polícia Judiciária de Aveiro, em 15 de novembro de 2023, Fernando Valente ficou em prisão preventiva, na Cadeia de Aveiro, em 18 de novembro de 2023, até que a 21 de dezembro de 2023 passou a prisão domiciliária com pulseira eletrónica.

Fernando Valente, que antes de ter sido detido negou sempre publicamente qualquer envolvimento no desaparecimento da sua amante, Mónica Silva, de 33 anos, então grávida já com sete meses de gestação, está num seu apartamento, em Pedroso, Gaia.

Mónica Alexandra de Oliveira e Silva, que se encontrava em processo de separação judicial, deixou de ser vista na noite de 3 de outubro de 2023, quando disse aos dois filhos, de 14 e 11 anos, que iria tomar um café nas proximidades, mas não demoraria.

Na sequência das denúncias pelos mais diretos familiares de Mónica Silva, no dia 15 de novembro de 2023 a Polícia Judiciária de Aveiro deteve Fernando Valente, o principal suspeito do desaparecimento da grávida e até agora o único arguido conhecido.

Entretanto, Sara Silva, irmã gémea da desaparecida, Mónica Silva, tem vindo a ser inquirida no Ministério Público de Estarreja, para validar junto da procuradora da República titular do processo as declarações que já prestou à Polícia Judiciária de Aveiro.

O processo da grávida desaparecida da Murtosa, tem já dez volumes e sete apensos, o que diz bem do manancial de meios de prova recolhidos pela PJ de Aveiro, a esperar ainda resultados de perícias, estendendo-se o prazo até 18 de novembro de 2024.

Joaquim Gomes

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