Opinião

Um desabafo político – Vitor Amaral

Não sou filiado em nenhum partido político mas a minha ideologia política aproxima-me, em muitas matérias, do Partido Socialista. Daí que não tenha recusado integrar a lista do PS para a Assembleia de Freguesia de Válega, enquanto independente, por convite feito pelo Jaime Almeida e Vitor Ferreira. Porém, embora não seja militante, não posso deixar de expressar a minha opinião sobre o PS de Ovar. Entendo que este não tem tido nos últimos anos (não apenas nos mais recentes) a capacidade para se rejuvenescer e aproximar do cidadão. Podendo estar a ser injusto com as pessoas que têm gerido os destinos do PS/Ovar, algumas das quais há dezenas de anos, o partido local não tem dinamismo, está sem militância, sem ideias, parecendo mais o antagónico do “rumo certo” apregoado há 3 anos atrás.

A escolha de alguém para gerir e dinamizar as hostes socialistas vareiras desde Lisboa é como escolher, com a devida distância, um primeiro-ministro para governar o país desde Madrid. Não coloco em causa a capacidade da pessoa, mas é impossível estar próximo quando se está distante, não apenas fisicamente. Ovar necessita de um PS forte, seja no poder ou na oposição e isso só se consegue estando diária e insistentemente no terreno, como vejo outros partidos fazer (e bem!). Nos últimos trinta anos só uma vez senti o PS de Ovar próximo do cidadão, quando o Dr. Armando França percorreu o concelho para auscultar todas as colectividades, associações e a sociedade civil. Viveu-se na altura um tempo de dinamismo que não mais se repetiu, pelo menos aos olhos de quem, como eu, não é filiado no partido.

Ao que parece (digo desta forma porque ainda não vi nenhuma comunicação oficial) houve eleições no PS/Ovar e diz-se que vem aí um tempo novo com Luís Alves, outra pessoa cuja capacidade não coloco minimamente em causa. No entanto, enquanto cidadão, pergunto-me como é que o PS/Ovar não encontrou alguém para gerir os seus destinos que não tivesse renunciado ao cargo, pese o facto de o ter feito alegadamente por motivos pessoais. Recordo que Luis Alves, no seu comunicado público de renúncia disse que esperava que a mudança de liderança “coloque o PS Ovar mais capaz de enfrentar, com renovada esperança e energia, os desafios nacionais, distritais e concelhios que se lhe apresentam”. Se fosse militante do partido teria de questionar o Luis Alves sobre dois aspectos fundamentais: em primeiro lugar se a situação que o levou a renunciar ao mandato de presidente da comissão política concelhia do PS de Ovar foi ultrapassada; em segundo lugar, e tendo em conta as suas declarações atrás referidas, se está agora “mais capaz” de colocar o PS de Ovar na situação que ele desejou ao seu sucessor e que não conseguiu realizar, nas suas palavras, enquanto desempenhou aquele cargo (até Setembro de 2014).

Não conheço, na sua totalidade, as pessoas que o acompanham no mandato que agora terá pela frente, num período tão difícil para o PS local e que foi criado pelo próprio PS. Não sei se a “casa foi ou vai ser arrumada”. Desconheço o programa de acção. Porém, entendo que o Luís Alves não terá uma tarefa fácil, nem sequer facilitada pela restante oposição e porque ele sabe isso e teve a coragem de reassumir o cargo, está de parabéns. Contudo, espero que não se cometam os erros do passado recente. O PS/Ovar não tem assim tanto armamento para se dar ao luxo de desperdiçar balas. Uma das bandeiras do PS é saber viver com a diferença de opiniões e o PS local parece que convive mal com essa diferença e, se assim for, ao contrário de se reforçar perderá o pouco que lhe resta e entregará de “mão beijada o ouro ao inimigo”.

O PS precisa de congregar esforços unindo os que estão, recuperando os que partiram e conquistando os que não acreditam. Para isso terá de descer à rua, sem populismo ou demagogia, ouvir a sociedade civil, saber quais são as suas necessidades e aspirações futuras, apresentando de seguida propostas concretas, válidas e exequíveis.
Porque Ovar necessita de uma oposição forte, todos ficaremos gratos a Luís Alves se ele tiver a capacidade de liderar, ouvir, reflectir, dinamizar e propor à população objectivos concretos para o concelho, não apenas a curto prazo, como a médio e longo prazo.

Aguardo o primeiro comunicado do PS/Ovar pós eleições internas para ver se nele encontro resposta a algumas das dúvidas que ainda tenho. Pode ter sido emitido para a imprensa e eu ainda o desconhecer!…
Que fique claro que isto não é oposição interna, até porque, repito, não sou militante. É apenas o desabafo de um vareiro que gostaria de ver Ovar no rumo certo!

Vitor Amaral
11.06.2016
(in facebook)

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