Covid-19Saúde

Unidades de saúde de Arada e São Vicente de Pereira sem data para reabrir

ACESBV diz que vai fazer as mudanças que já deveriam andar a ser feitas há muito tempo

As unidades de saúde de São João e Válega estão a retomar a sua “nova” normalidade de funcionamento, mas o mesmo não está a acontecer com os pólos de Arada e São Vicente de Pereira que permanecem encerrados.

A população por eles servida, em especial a de idade avançada e com pouca mobilidade (não há transportes públicos), questiona-se sobre a falta de perspectivas para a reabertura.

A entidade a quem cabe esta gestão é o Agrupamento de Centros de Saúde do Baixo Vouga (ACES BV) cujo director, Pedro Almeida, entende o sentir dos utentes, mas recorda que “estamos num momento de mudança muito forte e acelerada na forma como se prestam cuidados assistenciais e, mais ainda, em Ovar, onde a situação que se registou não pode mesmo voltar a acontecer”.

Recorda que “um dos grandes problemas da transmissão de vírus tem a ver com a segurança e higienização de espaços e, muito em particular, em estruturas de saúde onde a probabilidade de convivência de pessoas saudáveis com pessoas infectadas é muito forte, pelo que deveremos reforçar cuidados no futuro próximo”.

O centro de saúde de freguesias pequenas eram “motivo para deslocação e até de algum convívio e muita gente, mesmo depois de tudo o que se passou, continua a comportar-se tal como até há poucas semanas atrás, ou seja, a dirigir-se para as unidades de saúde antes do seu horário de abertura, a confraternizar à porta das unidades de saúde e a deslocar-se às Unidades de Saúde por motivos desnecessários, por exemplo”.

Se a estes comportamentos se adicionarem as deficiências estruturais dos centros de saúde da região, “que não foram minimamente desenhados e concebidos para enfrentar situações de calamidade”, Pedro Almeida alerta que “temos as condições reunidas para que venhamos a repetir os mesmos erros”. O pólo da USF Laços de Arada não tem (ou não tinha até há pouco tempo) acesso a saneamento básico, e o pólo da USF Alpha de São Vicente de Pereira não tem circuito autónomo de resíduos hospitalares.
“Quase todas as Unidades de Ovar não permitem circuitos distintos de entradas e saídas de utentes e de profissionais e todas têm salas de espera muito pequenas com reduzidas condições de ventilação”, aponta o responsável, ao mesmo tempo que salienta o facto de “Ovar até ser dos concelhos melhor apetrechados na região, em termos de edifícios para Unidades de Saúde”.

Atente-se que todas as unidades de saúde encerradas e, entretanto, reabertas, funcionam num regime excepcional e muito diferente do que era norma antes da pandemia.

Em resposta ao OvarNews a diversas questões colocadas por email, Pedro Almeida destaca ainda que, hoje, “temos muitas pessoas a trabalhar em regime de teletrabalho, temos prestações de cuidados muito mais digitais, apostaremos muito mais na prestação de cuidados de saúde não presenciais, privilegiando os contactos telefónicos, contactos em videoconferência, com maior responsabilização dos “clientes”, entre outras.”

A saúde não será, pois excepção num mundo em que as relações de trabalho estão em grande mutação. O responsável do ACESBV salienta que “a saúde será a face mais visível face ao actual contexto de pandemia em que vivemos, pelo que muito mudará com erteza no curto prazo”, e anuncia que “vamos fazer, em 2020, as mudanças que já deveriam andar a ser feitas há muito tempo e que têm vindo a ser sucessivamente adiadas, por excessivo conservadorismo e paternalismo de todos os nossos responsáveis”.

Nos casos da USF Laços e da USF Alpha, o ACESBV sublinha que continua a “vigiar um elevado número de casos infectados e/ou suspeitos de infecção”, tem de lidar com “as recentes aposentações de médicos em cada uma das Unidades”, o facto dos concursos de ingresso de médicos para as suas substituições terem sido “adiados pelo contexto que o Ministério da Saúde viveu” e ainda terem “profissionais ausentes ao serviço por motivos clínicos, o excesso de carga de trabalho a que foram sujeitos nos últimos meses, com adiamento de férias e de gozo de folgas a que têm direito por terem trabalhado aos fins de semana, e que começarão a usufruir nos próximos meses”.

A estas factores, acresce o facto de “estarmos a tratar de USF de Ovar com polos – em que a regra em qualquer sítio do país é a de concentrar recursos em caso de redução de profissionais para continuar a assegurar o horário de funcionamento alargado das 8h às 20h, caso contrário comprometemos a acessibilidade à prestação de cuidados de forma generalizada”.

Os próximos meses ainda serão muito incertos no Centro de Saúde de Ovar, avisa Pedro Almeida pelo que, nos casos de Arada e São Vicente de Pereira, o responsável lamenta não poder, “minimamente”, comprometer-se com uma data de reabertura – pois “ainda nem sequer conseguimos definir a forma como vão funcionar os cuidados de saúde primários”.

Refira-se que, além de Arada e São Vicente, estão nas mesmas condições, os pólos do Furadouro (centro de saúde de Ovar) e o pólo de Maceda (USF Laços).

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