
Em forma de dedicatória às professoras Luísa Negrão e Teresa Simão que este ano (2025) se aposentaram ao fim de mais de quatro décadas ao serviço da Escola Pública destacando-se a longa carreira dedicada com paixão a lecionar na Escola EB 2º ciclo António Dias Simões (AEO).
A exemplo de vários outros, seus colegas pedagogos, que em diferentes disciplinas
se entregaram á educação e formação de várias gerações de jovens alunos durante as últimas quatro ou cinco décadas em liberdade e democracia, com profissionalismo e extraordinária paixão, dedicação e humanismo, desenvolvido e praticado na Escola Pública. Estas humildes palavras, num pobre português expresso no presente texto, certamente transgressoras da língua portuguesa, que vêm sobretudo resultando do privilégio de aceitação e convivência sem preconceitos em meio escolar, com muitas das experiencias de trabalho docente e não docente, só podem ser verdadeiramente insuficientes e até insignificantes para as poder dedicar com a dignidade merecida por exemplos de rigor profissional e postura humanista, que, marcam e marcaram várias gerações de cidadãos no seu percurso escolar.
São testemunhos de resiliência pedagógica, deixados neste caso concreto, na realidade social, cultural e educativa, vivenciada na Escola EB 2º ciclo António Dias Simões, por profissionais docentes que aqui e desta forma singela, se procura revisitar percursos e memórias de uma vida ao serviço da educação e de cidadãos com capacidade de pensar. São também apontamentos marcantes, dedicados a
percursos profissionais destas docentes aposentadas em 2025, que apaixonadamente se dedicaram nas diferentes vertentes à vivência escolar, como são os casos mais recentes da professora Teresa Simão, que assumiu grande parte dos seus anos de serviço à Direção e Coordenação deste Estabelecimento de Ensino,
tal como a professora Luísa Negrão, que inclui a Direção da Escola no seu percurso profissional, e assim, agradecer a amizade, generosidade, solidariedade e seu profissionalismo. Valores assumidos, partilhados e promovidos por profissionais da educação neste meio escolar e na sociedade local em que se integra o Agrupamento de Escolas de Ovar, a exemplo de idêntico trabalho desenvolvido por vários outros
profissionais, docentes e não docentes aposentados durante os últimos anos letivos,
assim como todos os que, independentemente dos múltiplos obstáculos persistem nesta caminhada no ensino com a experiencia acumulada nas suas diferentes fases de tempo de serviço das suas carreiras profissionais.
Às professoras aposentadas, a quem se dedicam estas palavras assim desta forma
exprimidas, assumidas com consideração e admiração pela sua tolerância e respeito
pela natural diferença de opiniões, que este texto inevitavelmente contém, em coerência com a experiencia de exercício de cidadania vivenciado em meio escolar.
Deixam-se agradecimentos que se estendem também à inestimável e decisiva colaboração, que foi de forma empenhada e entusiasticamente disponibilizada por
seus colegas docentes de cada um dos grupos disciplinares (Português e Ciências Naturais). Contributos sobre elementos bibliográficos de cada uma das suas colegas de área disciplinar, que permitiram valorizar e aprofundar os objetivos a que se propõe este trabalho, que procura destacar a ideia, de que, ser Professor, mais do que uma profissão é uma paixão, que esta comunidade escolar tem tido o privilégio
de poder viver com características próprias, que de certa forma ainda resiste a perder memórias que a evolução da Rede Escolar tende a apagar.
Ser Professor/a
Por mais exigentes e desgastantes que sejam as condições a que estão sujeitos os profissionais da educação, vivenciadas em meio escolar nestes tempos inquietantes e perturbadores que vêm recaindo sobre a Escola que os proletariza, marcando cada vez mais diferentes gerações de profissionais da educação como são os docentes, que, no seu exercício fundamental para a formação dos cidadãos de amanhã, estão muitas vezes sujeitos às desconsiderações de politicas educativas produzidas à revelia das
experiencias e realidades vividas pelas comunidades escolares, ou não raras vezes
incompreendidos por influencias intolerantes na sociedade. Ser Professor não é certamente uma mera profissão. É muito mais! É uma paixão partilhada com várias gerações de alunos.
Mesmo considerando as diferentes vivencias e posturas profissionais e humanas, individuais ou coletivas: Ser Professor é reconhecidamente uma tarefa aliciante e comprometedora, bem como uma vocação ao serviço da sociedade para apoiar, comunicar e orientar ativamente a formação / educação das gerações futuras,
proporcionando-lhes um conjunto de aprendizagens diversas, consideradas essenciais para o seu desenvolvimento integral e inclusivo na sociedade.
Ser Professor é igualmente assumir as exigências éticas e deontológicas associadas à
prática profissional. É desenvolver nos alunos todas as componentes da sua identidade
individual e cultural, identificando as suas diferenças e combatendo a exclusão e a
discriminação, bem como seu equilíbrio emocional. Missão que contribuirá para uma
formação integral para a cidadania democrática. Uma missão que exige trabalho árduo, persistente e resiliente na valorização da multiculturalidade e da escola inclusiva.
Dois exemplos de longas carreiras ao serviço da educação
Neste ambiente escolar em que convivem mais do que profissionais da educação, cidadãos portadores e promotores do humanismo e solidariedade, partilhada independentemente dos diferentes critérios de consensos que possam gerar na comunidade escolar a aceitação das suas opções de rigor e formas de estar no âmbito da atividade letiva ou do exercício de cargos de gestão escolar. Na
inevitável chegada do tempo de serviço para contrapor ao ritmo de uma vida pedagógica e cidadã, dedicada aos alunos, à escola pública, às comunidades escolares e à sociedade. Na memória dos que continuam esta caminhada na
educação com as suas diferentes formas de dedicação, empenho e entrega para além da vertente profissional. O ano letivo de 2025/26, na Escola EB 2º ciclo António Dias Simões, ficou assinalado, fundamentalmente no âmbito do pessoal docente, pela passagem à condição de aposentação da professora Teresa Simão e da professora Luísa Negrão.
Com diferentes origens da sua naturalidade, percursos profissionais a lecionar e especialidades da sua formação académica, os caminhos das docentes Teresa Simão (disciplina Ciências Naturais) e Luísa Negrão (disciplina de Português), que iniciaram a sua vocação no ensino com rigor, exigência, empenho, dedicação e paixão, como recordarão várias gerações de alunos, teve inicio nos anos 80 em diferentes escolas, vindo ambas mais tarde a enriquecerem e consolidarem o corpo docente na Escola EB 2º ciclo António Dias Simões, ao longo de toda a sua evolução administrativa, escola entretanto integrada no formado Agrupamento de Escolas de Ovar (AEO), e a
desenvolverem os múltiplos projetos em que se envolveram, incluindo na gestão e coordenação de estabelecimento, até ao dia das suas aposentações.
Professora Luísa Negrão: A paixão pela língua portuguesa
Foram 40 anos ao serviço da escola pública a formar cidadãos, no caso da professora Maria Luísa de Carreira Landeiro Negrão, que nasceu a 2 de março de 1960, na freguesia de Ramada, concelho do Porto, transmitindo a paixão pela língua portuguesa, para que os alunos saibam utilizar a sua própria língua materna corretamente, porque vale a pena aprender a ler, a escrever e a dominar o português e até
conhecer outras línguas para se tornar num individuo mais rico no que toca ao seu desenvolvimento pessoal. Uma missão que foi exemplarmente assumida pela professora Luísa Negrão, que residiu em Estarreja onde estudou até ao secundário na Escola de Estarreja, tendo posteriormente vindo viver para Ovar quando casou, apaixonando-se igualmente pela comunidade de Ovar a que se dedicou
pedagogicamente afirmando o português como base da aprendizagem de todas as disciplinas.
A professora Luísa Negrão Licenciou-se em Línguas e Literaturas Modernas, Portuguesas, Francês, na faculdade de Letras do Porto. E iniciou a atividade de professora em 1982/83, na Escola Secundária de Estarreja. Em 1983/84, lecionou na ainda Escola Preparatória em Ovar. Lecionou ainda na Escola Preparatória de Vale de Cambra, em 1988/89. Em 1996/97, voltou a lecionar em Ovar, na Escola 2,3 Ensino Básico de Válega, e a partir de 1997/98 acabou por se fixar na Escola, então EB 2,3 ciclo António Dias
Simões, em que veio a desempenhar vários cargos: Integrou o Conselho Diretivo, tendo como presidente o professor Manuel Cardoso; Representante do Curso Noturno; Delegada de Português; Representante ao Conselho Pedagógico; Coordenadora de Departamento; Subcoordenadora de Português 2º
ciclo; Diretora de turma e Avaliadora Interna e externa do grupo 210. Desempenhos de âmbito
profissional que veio conciliando com intervenções e atividades extracurriculares, a exemplo da equipa do jornal escolar “Trinca Cevada” ou dedicação à tradição reiseira, participando na Troupe de Reis da Escola que viveu o ambiente das noites frias da tradição durante uma década, terminando este
percurso reiseiro já com a designação do patrono da Escola António Dias Simões, personalidade de Ovar pioneira das ainda atuais características do Cantar os Reis e Troupes de Reis em Ovar.
Professora Teresa Simão: A Biologia estimulada a várias gerações de alunos
Durante o seu percurso profissional, a Biologia foi estimulada com particular paixão aos jovens estudantes ao longo de várias gerações, como disciplina fundamental na consciencialização dos alunos para os problemas ambientais, como temas mais importantes da atualidade na defesa do planeta.
Uma área de conhecimentos, também mais do que uma profissão, que a professora Teresa Simão, terá assumido como uma missão de vida, terminando a sua carreira docente a lecionar a disciplina de Ciências Naturais no 2º ciclo, em que a natureza é matéria fundamental a despertar curiosidade dos jovens alunos
sobre como funciona a natureza, as leis naturais, a História natural, e toda a paixão de conhecimentos e formação cidadã, que a disciplina proporciona nesta partilha entre docente e discentes, estimulando os jovens a pensarem criticamente.
A carreira profissional da professora Teresa Simão, inclui nomeadamente, uma longa
experiencia em órgãos de direção e coordenação de estabelecimentos escolares, que aqui se enumeram como elementos bibliográficos de uma exemplar vivência
pedagógica em diferentes missões ao serviço da Escola Pública.
Licenciou-se em Biologia – Ramo Educacional da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto.
Estágio Pedagógico (integrado no Plano Curricular do Ramo Educacional) realizado
na Escola Secundária Carolina Michaelis, no Porto.
Entrou no ensino (escola pública) em 1983.
Lecionou as disciplinas: Ciências Naturais do 2º e 3º ciclo; Biologia do Curso Complementar Diurno e Técnicas Laboratoriais de Biologia (TLB) – CSPOPE, do ensino secundário; Noções Básicas de Saúde do 3º ciclo e do ensino secundário; Ciências Naturais do Curso Complementar Liceal Noturno (CCLN); Ciências do Ambiente, do Ensino Recorrente Diurno; Ciências Naturais/Saúde, do Currículo Alternativo do Despacho 22/SEEI/96; Ciências Naturais do Percurso Curricular Alternativo, ao abrigo do Despacho Normativo nº 1/2006 de 6 de Janeiro; Ciências Naturais do 1º e 2º ano,
do Curso de Educação e Formação de Jardinagem e Espaços Verdes (CEF).
Lecionou ainda as Áreas Curriculares Não Disciplinares: Formação Cívica; Estudo
Acompanhado; Área de Projeto.
Lecionou igualmente o Módulo: Aprender com Autonomia dos Cursos Educação e Formação de Adultos (EFA) B1e B2 – Novas Oportunidades (regime de funcionamento diurno).
Entre os cargos desempenhados, destacam-se:
– Diretora de turma de turmas do ensino básico (ensino regular e PCA) e do ensino
secundário;
– Vice-presidente do Conselho Diretivo na Escola Secundária Madeira Torres;
– Vogal do Conselho Diretivo da Escola Secundária Nº1 de O. Azeméis;
– Vice-presidente do Conselho Diretivo da Escola Secundária Nº1 de O. Azeméis,
(cinco anos);
– Vice-presidente do Conselho Diretivo da Escola EB 2,3 António Dias Simões, em
Ovar, (3 anos);
– Coordenadora do Secretariado de Exames.
– Coordenadora do projeto “Escola Promotora de Saúde” (EPS).
– Coordenadora do Currículo Alternativo ao abrigo do Despacho 22/SEEI/96 e
Percursos Curriculares Alternativos (PCA) ao abrigo do Despacho Normativo º1/2006
de 6 de janeiro.
– Assessora técnico-pedagógica do Conselho Executivo do Agrupamento de Escolas de
Ovar;
– Coordenadora técnico-pedagógica dos Cursos de Educação e Formação (CEF), Tipo
II, Nível II, de Jardinagem e Espaços Verdes.
– Vice-presidente do Conselho Executivo do Agrupamento de Escolas de Ovar;
– Coordenadora dos Cursos EFA/ Cursos de Educação e Formação de Adultos (B1 e B2
em regime de funcionamento diurno e B1 e B2 em regime de funcionamento póslaboral).
. Mediadora do Curso EFA B1 e EFA B2, em regime de funcionamento diurno.
– Adjunta do Diretor do Agrupamento de Escolas de Ovar (Coordenação Pedagógica
do 2º e 3º Ciclos; “Apoios Educativos e Educação especial; CEFs/EFAs/PCAs; Exames e
Provas de Aferição; PLNM; PPES; PNL; Ensino Articulado; Bibliotecas; Clubes; Outros
Projectos”. (3 anos).
– Coordenadora da Unidade de Aferição (Esta Unidade de Aferição englobou os
dezassete Agrupamentos e Escolas não agrupadas da Área de abrangência da EAE);
– Representante da Área da Educação na Segurança Social (RSI), no Conselho de
Segurança e na Ação Social/CLAS, da CMO;
– Coordenadora de Estabelecimento da Escola EB 2,3 António Dias Simões –
Agrupamento de Escolas de Ovar (desempenho da função respeitando a delegação
de competências da CAP/ Direção). (13 anos).
Algumas das atividades realizadas ao longo da carreira:
-Organização de exposições sobre Apicultura/extração e prova de mel, em várias
escolas, com a colaboração de encarregados de educação e apicultores da região,
integradas no Dia da Floresta e no Plano Anual de Atividades, abertas à comunidade;
a exposição itinerante de Apicultura do Museu de Ovar integrou algumas destas
exposições;
– Organização de uma exposição sobre a Conservação da Natureza/a qualidade do
Rio Sizandro (recolha de amostras da água do rio, elaboração e tratamento dos
inquéritos feitos à população pelos alunos), integrada na semana das Ciências
Naturais;
– Organização de uma exposição sobre “Júlio Dinis” – Museu de Ovar, para a receção
aos professores da E.S. Nº1, de O. Azeméis;
– Organização da Prova Geral de Acesso ao Ensino Superior (PGA);
– Colaboração nas ações dos técnicos de saúde dos Centros de Saúde, relativas aos
cuidados de prevenção primária;
– Elaboração da candidatura ao Projeto Escola Promotora de Saúde, contemplando
quatro subprojectos: “Alimentação e exercício físico”; “Consumo de substâncias
psicoativas”; “Violência em meio escolar” e “Sexualidade”;
– Dinamização do projeto “Aprender a ser… um cientista”, dirigido aos alunos do
1ºciclo, em parceria com os dois Agrupamentos Horizontais do 1ºCEB da cidade de
Ovar (Ciência Viva);
– Elaboração e dinamização do projeto “Experimentar para aprender… em zonas
ribeirinhas de Ovar” (estudo das propriedades físico-químico-biológicas dos solos,
bem como da qualidade da água, na sua vertente físico-química e bacteriológica), no
âmbito da Ciência Viva V (Ministério da Ciência e da Tecnologia) /
Reapetrechamento dos laboratórios (reagentes, material de vidro, equipamentos),
sob proposta dos grupos disciplinares;
– Elaboração de uma memória descritiva e justificativa para a construção de um
laboratório de Biologia, em 94/95, aprovado pela DREN. (A obra teve início em
1996);
– Participação na elaboração de documentos sobre “Reflexão acerca do Decreto-Lei
nº6/2001 de 18 de janeiro” e “Análise comparativa entre os programas em vigor de
Ciências Naturais e Ciências Físico-Químicas e as Competências Essenciais das
Ciências Físicas e Naturais do Ensino Básico”;
– Organização da exposição sobre a “Comemoração do Centenário do Nascimento de
Rómulo de Carvalho/ António Gedeão”, com a abertura do laboratório a todos os
alunos do 1º, 2º e 3º ciclos, no âmbito do Dia Nacional da Cultura Científica – Ciência
Viva.
Conclusões
Terminadas as tarefas das professoras Luísa Negrão e Teresa Simão, na preparação de
aulas, testes, materiais escolares, reuniões com os pais e alunos, com os professores, direção e tantas outras funções, só se pode desejar que sejam felizes e aproveitem bem o tempo que agora têm á sua inteira disposição e ao seu ritmo para uma saudável aposentação.
Às professoras aposentadas aqui referenciadas, resta pedir desculpa por alguma ousadia sobre uma certa abordagem empírica relativa à temática da educação e à vivência escolar que durante várias décadas proporcionou o grato privilégio de se poder partilhar entre os vários elementos da comunidade escolar, um reconhecido espaço de debate democrático.
Aproveita-se igualmente para reafirmar o agradecimento às professoras que se
disponibilizaram a colaborar na recolha de dados biográficos sobre as professoras Luísa
Negrão e Teresa Simão, cujo legado de dedicação profissional e humanismo a esta
comunidade é bem mais significativo na memória das várias gerações que tiveram o
privilégio de serem seus alunos nas disciplinas de Português e Ciências Naturais.
11/12/2025






