Opinião

Algarve: o queixume de quem mete o bitoque a 20 euros – Por Pedro Nuno   

O Algarve, dizem, está às moscas. Depois da situação pandémica, as coisas não voltaram, de todo, àquilo que, em outrora, foram. Os prejuízos causados pelo “bicho” que nos assolou durante quase dois anos deixaram mazelas a todos, mas, talvez e em particular, àqueles que se dedicam ao turismo estrangeiro, mormente nas estâncias algarvias.

Nas últimas duas semanas, empresários e gente daquela região ligada à restauração e similares tomaram parte do tempo de antena dos noticiários para se lamuriarem, como se a razão estivesse única e exclusivamente à sua mercê. Só que não!

O Algarve está “deserto” porque os valores praticados por esta gente ultrapassam, de forma atroz, o razoável. E pasme-se: até os turistas estrangeiros, nomeadamente os britânicos, se queixam dos preços! E esse ligeiro pormenor é, por muito que lhes custe, elucidativo.

Amigos tenho que, há poucos dias, vieram do Algarve, de férias e na penúria. Dividiram a sua estadia entre hostels e, aqui e acolá, parques de campismo. Nos hostels, de modo a poupar algum, partilharam quarto com dois tipos de meia-idade de uma cidade qualquer do País de Gales.

Almoçavam no hostel ou no campismo e procuravam jantar fora deles, mas, no imediato, a ideia foi descartada: o prato mais barato que encontraram foi o famigerado bitoque, a um valor simbólico de 20 paus.

O fino numa esplanada de rua ficava a 2,5 e 3 euros. Uma pequena garrafa de água, provavelmente com pepitas de ouro invisíveis a olho nu, custava 2 euros. Iguarias que tão bem alegram o céu da boca ao comum dos portugueses, como rissóis, pataniscas ou chamuças, obrigar-me-iam, com a certeza dos prudentes, a contrair um empréstimo bancário.

Mas houve malta que, por lá, perdeu as estribeiras por completo e, neste perpétuo cardápio de excentricidades, incluiu a seguinte promoção no pequeno quadro de giz colocado estrategicamente à entrada de um snack-bar: “pastel de nata + copo de vinho do Porto = 10 euros!”.

Meros e singelos exemplos, entre tantos outros que proliferam, igualmente, em discotecas, hotéis e coisas do género.

O Algarve está às moscas porque há empresários obtusos que querem enriquecer rápida e facilmente, e tudo aquilo que seja contrário a esta grotesca máxima é, de pronto, excluído do idealismo desenfreado desta gente.

Não admira, portanto, ver esta malta a recorrer frequentemente ao queixume de quem não tem noção de facto e a derramar lágrimas de crocodilo para as câmaras e objectivas dos media. Temos pena, meus caros! Também eu gostava de muita coisa, como comer uma chamuça por um euro. Ou um bitoque sem pensar que, para tal, tenha de vender um dos rins.

Pedro Nuno Marques 

 

 

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