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Calçado “Made in Ovar” mostra-se em Milão

Num ano que esperam que seja “de consolidação” do calçado português, após uma contração de 5,1% em 2023, 68 empresas, duas das quais estreantes, estão em Milão , na Micam 2024, numa das mais de 50 iniciativas promocionais do setor previstas para 2024.

“No ano passado, a indústria portuguesa estava muito sobrelotada com os grandes grupos que desviaram encomendas da Ásia, por causa do problema da logística. E atualmente passa-se o inverso: estão a reduzir drasticamente em Portugal. Os clientes compraram muito e, se calhar, venderem menos do que projetavam”, desvenda Rui Oliveira, diretor da Matashoes, ao Eco, que sente igualmente os clientes com “receio de comprar tanto ou em antecipação”.

Ao nível da evolução dos preços, por outro lado, o gestor desta fábrica de Ovar fundada em 1988, que emprega 90 pessoas e exporta 99% da produção, confessa que ainda não sabe se os 10% de aumento que praticou no último ano, no somatório de duas revisões, terão sido suficientes.

Rui Oliveira, diretor da Matashoes – Fábrica de Calçado da Mata

No entanto, poucas horas após abrir o stand na feira italiana que termina hoje, o líder desta firma que fatura seis milhões de euros já percebeu que este ano está a ser mais fácil explicar os aumentos de preços. Até por já ir no terceiro aumento para o mesmo produto – e porque, tendo clientes diversificados, o poder negocial do outro lado é menor do que se dependesse de um grande cliente. E esta progressão no preço, explica, “também já tem a ver com o aumento do custo da mão-de-obra em Portugal”, que diz pesar 40% no custo dos sapatos que produz. “Como aumentei 8% os salários a todos os trabalhadores, há aqui um aumento de 3,5% direto, só de mão-de-obra. Isto em cima das matérias-primas”, calcula.

Paulo Gonçalves, diretor de comunicação da Associação Portuguesa dos Industriais do Calçado, Componentes, Artigos de Pele e seus Sucedâneos (APICCAPS), recorda um 2023 “muito exigente” para as empresas, mas perspetiva que este ano “já será, porventura, de consolidação”, em particular no segundo semestre, para que 2025 seja, então, “um ano de velocidade de cruzeiro para o setor”.

A APICCAPS já recebeu o adiantamento do projeto que submeteu em dezembro de 2022, relativo a investimentos totais de 10 milhões de euros para a promoção internacional do calçado e suportados em cerca de 50% pelos fundos comunitários, o diretor de comunicação garante que a associação “foi prevenindo as empresas que, numa fase de transição como esta, é normal que entre a apresentação da candidatura e os primeiros pagamentos houvesse um delay mais significativo” do que o desejado.

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