Cancro do pulmão: Estar atento aos sinais, sintomas e fatores de risco da doença
Um de agosto, Dia Mundial do Cancro do Pulmão

Em Portugal, o cancro do pulmão é a principal causa de morte por doença oncológica. Projeções apontam para 6155 novos casos diagnosticados em 2024. Dados de vida real apontam para 5547 diagnosticados em 2021.
O cancro do pulmão é uma doença grave e potencialmente fatal que requer uma deteção precoce para se obterem melhores resultados. Não esqueçamos que mais de 70% dos doentes diagnosticados e tratados em fase precoce estão vivos cinco anos depois versus apenas 12% se diagnosticados já numa fase avançada.
Hoje, mais de 65% dos cancros do pulmão são detectados em fase avançada ou disseminada. É urgente inverter este quadro o que implica diagnosticar e tratar mais precocemente. Conhecer os sinais, sintomas e fatores de risco pode auxiliar no diagnóstico e tratamento atempados.
Recordemos sinais e sintomas de cancro do pulmão: tosse persistente que se agrava com o passar dos dias; tosse com expectoração raiada de sangue ou cor de ferrugem; cansaço, pieira ou mesmo falta de ar de instalação súbita ou gradual; dor no peito que se agrava com a tosse ou a respiração profunda; fadiga com perda de peso inexplicável; infecções respiratórias de repetição; rouquidão persistente ou progressiva dificuldade em engolir. Qualquer destes sinais ou sintomas, isolados ou associados, justificam consultar o seu médico, presumivelmente realizar estudos complementares de imagem torácica para avaliar da presença de doença respiratória nomeadamente cancro do pulmão.
Todos sabemos, mas muitos não querem dar importância à relação com os hábitos tabágicos. Todas as formas de inalar compostos do tabaco – carcinogénicos – contribuem para um danificar progressivo das células pulmonares. Quanto mais cedo começou a fumar, quanto mais tempo fumou, quanto mais cigarros por dia o fez, maior o risco de cancro do pulmão. Fumar charuto ou cachimbo não diminui o risco. Justificar-se dizendo que não inala o fumo não diminui o risco.
Hoje, não podemos desvalorizar outros fatores de risco como o fumo passivo, exposição ocupacional ou o gás radão. Também a história familiar de doença oncológica ou a história pessoal de outra doença pulmonar ou outro cancro prévio são para valorizar como fator de risco.
Face à suspeita de cancro do pulmão possuímos hoje em Portugal, quer a nível público ou privado, toda uma tecnologia sequencial de avaliação diagnostica (broncoscopia, biopsia transtorácica ou por eco endoscopia brônquica e outras) que vai permitir confirmar ou excluir doença oncológica torácica. Também a avaliação da extensão da doença é hoje exequível com recurso a TAC, Ressonância Magnética ou PET (tomografia por emissão de positrões).
Depois, em reunião multidisciplinar, decidimos personalizar a decisão terapêutica com recurso a cirurgia, radioterapia, quimioterapia, imunoterapia, terapêuticas alvo utilizadas em modo isolado ou combinado. Tal tem permitido maior controlo da doença, pontualmente com longas sobrevidas em quantidade de vida e qualidade de vida.
O cancro do pulmão continua a ser mais prevalente no idoso, mas cada vez estamos a diagnosticar também em idades mais jovens. Reforço, é importante estar atento, hoje e sempre, aos sinais e sintomas para um diagnostico precoce. Não esqueçamos que, em todos, o diagnóstico de cancro do pulmão, implica uma profunda alteração dos sonhos de vida, do tempo de vida saudável, da qualidade de vida.
Fernando Barata, Departamento Oncologia ULS Coimbra, Hospitais CUF Coimbra & Viseu
Julho de 2025