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Concurso revela crescimento ligeiro da Raça Marinhoa

Apesar das iniciativas como a Ovarural – Feira Agrícola e da Raça Marinhoa do Concelho de Ovar que têm chamado a atenção para a situação, a verdade é que esta raça de bovinos “continua ameaçada de extinção, no nível mais elevado previsto pela União Europeia”, alertou Elisabete Guicho, secretária técnica da ACRM – Entidade Gestora da DOP Carne Marinhoa.

A ACRM está envolvida, pelo quarto ano consecutivo, na Ovarural, em conjunto com a câmara e a cooperativa agrícola locais, “porque é importante divulgar a raça e para fazer aumentar a possibilidade de levar estes animais a novas explorações”.

Este ano, o IV Concurso da Raça Marinhoa promovido pelo certame que terminou anteontem, contou a participação de um novo produtor do concelho de Ovar. “Um criador que vê colm bons olhos o aumento da exploração e consequentemente do número de animais para poder vir a integrar a fileira da produção de carne”, revelou Elisabete Guicho.

A técnica fala em “crescimento ligeiro” do efectivo da raça na região e, por isso, defende que todas “as iniciativas são importantes para angariar novos produtores, postos de venda, restaurantes para a causa”.

Actualmente, existem 2.200 efectivos de raça marinhoa e são 19 os concelhos que fazem parte da origem protegida da raça, 15 dos quais pertencem ao distrital de Aveiro e os restantes ao de Coimbra, onde vivem 2.100 animais. Os restantes 100 vivem noutras zonas do país, mas “não deixam de pertencer à raça por esse motivo”, considera Elisabete Guicho. No entanto, lembra que “os solos, as pastagens e os saber fazer dos agricultores da região ribeirinha tem a sua influência na qualidade do produto final do produto raça marinhoa”.

O último Quadro Comunitário de Apoio (QCA) a prever apoios para a criação destes animais data de 2015 e esteve aberto apenas um ano. “Os novos produtores que surgiram entretanto terão que esperar que volte abrir, embora se preveja que seja para breve”, revela a responsável.

Actualmente, os produtores da raça marinhoa dispõem de um apoio que é o mesmo que visa promover a renovação do material genético nacional. Este apoio destina-se aos animais com crias e varia conforme o nível de ameaça. Para a marinhoa, a verba estipulada do apoio é de 200 euros por cria.

Em resultado das medidas locais e nacionais de promoção, Elisabete Guicho diz que se pode falar em “crescimento ligeiro”, mas talvez seja mais correcto dizer que se “tem notado uma estabilidade no número de efectivos”, embora assinale uma “redução no número de explorações, muitas vezes porque as explorações maiores tendem a absorver as mais pequenas”.

Raça Marinhoa

A ACRM – Entidade Gestora da DOP Carne Marinhoa agradeceu todos quantos tornaram possível a realização da IV Ovarural, nomeadamente a Câmara Municipal de Ovar, a Cooperativa Agrícola do Concelho de Ovar, a EABL, técnicos e demais colaboradores envolvidos, “todos os criadores da Raça Marinhoa que afincadamente defendem e promovem a raça, aos apresentantes dos animais a concurso e transportadores”.

A Cooperativa Agrícola do Concelho de Ovar, através do presidente Manuel Guerra, diz trabalha para que “a Raça Marinhoa, que tem a sua origem nas marinhas de Ovar, não se extinga, porque é uma raça autóctone, de qualidade certificada e com história”.

O bovino marinhão implantou-se na zona ocidental do distrito de Aveiro, localizada na bacia hidrográfica do Rio Vouga, designada por “Marinha”. A primeira referência bibliográfica da raça foi feita nos finais do século XIX, por Silvestre Bernardo Lima.

É possível que seja oriundo do Mirandês que se dispersou de Norte a Sul do país, dando origem a diversas raças. O solar da raça inclui os concelhos de Ovar, Murtosa, Estarreja, Aveiro, Ílhavo e Vagos, tendo-se dispersado por outros concelhos do distrito de Aveiro e de Coimbra.

A Carne Marinhoa DOP possui características organolépticas distintivas, como a suculência e o sabor. Estas devem-se a uma alimentação rica e de vegetação diversificada da raça Marinhoa. A existência desta vegetação è devido à natureza fértil dos solos da região, banhados pelo Rio Vouga.

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