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Discutir o Carnaval

A discussão foi boa. A discussão saudável em que me envolvi estes dias, a propósito do que é e como está o carnaval em Ovar. A falar é que a gente se entende, é que se projecta o futuro. 

Inovação é uma palavra importante, no Carnaval e na vida. Mas inovação e evolução não são bichos que ferram a tradição, são, antes, alimento dela. E é isso que é importante compreender, a meu ver. A Aldeia já é uma realidade, bater e esbater problemas e consequências da sua localização, no meu entender, não leva a lado algum, que não seja a estagnação. 

A Aldeia é um esteio, neste momento, do nosso Carnaval. Somos o melhor do país, na nossa opinião, somos os fiéis a isto e áquilo, somos os mais criativos, os trabalhadores com mais aprumo, somos tudo isso. Mas isso é subjectivo, é tão verdade como os de Estarreja, os de Alcobaça ou até Loulé o dizerem. O que não é subjectivo é que foi feito um investimento, foi criada uma infra-estrutura, que nos distancia deles, que nos faz, verdadeiramente e inegavelmente, únicos. 

O carnaval no centro era maravilhoso, tenho recordações sublimes desses tempos, ainda que fosse menino, mas isso não impede de a Avenida Sá-Carneiro ter melhores condições de desfile, ser mais profícua para o controlo de bilheteira, para o aglomerar e dispersar de pessoas, que é importante num carnaval que se quer nacional. Vivo pela tradição que é local, mas de cobertura e visibilidade nacional. As pessoas, todas, devem participar. A chegada do Rei é aberta a todos. 

Dou o exemplo da Banda do Pirilau, grupo de amigos, que sem espaço no corso, ou sem vontade de se profissionalizar para o corso, aponta baterias à chegada do Rei. Participam como os grupos, fazem tão bem ou melhor que os grupos naquele dia. Têm brilhado. São a prova que o carnaval, nas suas diferentes vertentes, não está vetado ao público. Está aberto, está a mercê de sermos ainda melhores e mais divertidos, fantásticos.

Fala-se que a aldeia vai roubar gente ao centro. Não concordo. Penso que, mediante o esforço geral, nomeadamente dos interessados, que devemos ser todos, a Aldeia pode é trazer mais gente passível de ir ao Centro. A Aldeia não tem que ser uma coisa nossa, tem que ser uma montra nossa para todos. Os espectáculos devem ser mote de promoção, devem ser uma constante. Os workshops devem ser abertura da formação em Ovar, como a escola de artes e ofícios e a incubadora. A Aldeia, para as sedes, não vai roubar as pessoas do centro, vai levá-las para trabalhar. 

Os espectáculos lá, se os comerciantes do centro assim entenderem, podem ser um hall de entrada. Compete à empresa que gere a aldeia fazer os espectáculos, mas compete às pessoas do centro, nomeadamente comerciantes da restauração, não terem receio de se associarem a isso. Uma festa temática relacionada com o Carnaval, uma festa de promoção do espectáculo da Aldeia, uma parceria com os organizadores do espectáculo para uma sessão de autógrafos depois, tudo isso é possível. 

A primeira reacção vai ser encontrar defeitos nas minhas ideias, que foram tiradas agora de um alguidar onde se podem conceber outras. Mas, para mim, faz sentido sonhar primeiro e pensar nos qui-pro-quo depois. Inverter essa lógica é tirar paixão ao trabalho. Devemos ser racionais, mas não devemos ser pessimistas. Claro que há coisas a melhorar, vai haver sempre, mas isso não nos pode impedir de querer a inovação. 

A CMO já dispõe de página de facebook, as pessoas de fora, seja da Feira, do Porto, de Lisboa ou do Algarve, já estão conectadas ao Facebook, agora é não ter vergonha de divulgar. Não sei quem gere o facebook, mas, caso assim me seja permitido, deixo a dica de estampar sem vergonha fotos do carnaval, dos grupos em detalhe, dos trabalhos magníficos, das noites loucas, do concerto de estreia da Aldeia, da Aldeia em pormenor, dos projectos que têm em maquete, das memórias que o Guilherme Terra publica, das foto montagens do Zé Maia de outros tempos, das coberturas que o Manuel Vitoriano, a par do Ovarnews, faz no centro de artes e nos outros eventos da urbe. No fundo, como dizem os cantores em palco: façam barulho! 
Usem as imagens, mas façam barulho. 
A inovação e evolução, não são bichos papões, podem ser só o mote das tradições. Todos somos muitos, se o sim for a respostas às vontades. Problemas vão existir sempre, compete-nos, dentro das pequenas responsabilidades individuais, não aumentá-los mais. A política está a sanar, mas espero que todos os especialistas que apareceram nas autárquicas deste ano, nos quais me incluo ao opinar, possam responder com vontade aos desafios de Ovar. Não precisamos de ser todos presidentes de camara para podermos fazer algo pela nossa terra. Às vezes, basta não sermos pessimistas. Divulguem-nos, já ajuda!

Ricardo Alves Lopes (Ral)
http://tempestadideias.wordpress.com
[email protected]

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