Dor aguda não aliviada causa sofrimento desnecessário – Lucindo Ormonde
A analgesia do pós-operatório continua a constituir um desafio na medicina. Apesar de avanços significativos com o aparecimento de novos fármacos, melhoria da formação dos profissionais de saúde, criação de Unidades de Dor Aguda e implementação de protocolos clínicos, continua a existir uma incidência importante de doentes submetidos a cirurgia que relatam dor no pós-operatório sobretudo pós alta hospitalar.
Sabe-se que a persistência da dor aguda não aliviada é causa de sofrimento desnecessário, aumento do tempo de internamento e aumento da morbimortalidade. A longo prazo é seguida de dor crónica em cerca de 10 a 50% dos doentes tornando-se dor crónica severa em cerca de 2 a 10% dos mesmos.
O aparecimento de Normas sobre Organização Funcional de Dor Aguda da Direção Geral Saúde em 2012 foi um passo importante na legitimação da criação das Unidades de Dor Aguda nos hospitais portugueses. A implementação destas unidades apesar de múltiplas dificuldades (escassez de recursos humanos e de alguma incompreensível ignorância) tem vindo a decorrer nas instituições hospitalares portuguesas.
Dispomos hoje de um número elevado de fármacos e técnicas que são ferramentas importantes para o alcance do objetivo primário, alívio do sofrimento e sequelas. Porém ainda não alcançamos numa Escala Numérica de Efetividade de 0 a 10, o numero 5, equivalente a uma expectativa suficientemente qualitativa e quantitativa de resultados nacionais em relação aos objetivos traçados.
O aparecimento de novos fármacos, equipamentos e novas estratégias continuam em linha, e são uma estimulante fonte de discussão construtiva em relação a futuras soluções neste domínio.
A dor aguda pós operatória é um dos temas em destaque no Fórum Futuro 2016, uma iniciativa formativa promovida pela Grünenthal, que decorre em Lisboa, nos próximos dias 18 e 19 de junho. Mais informações em www.forumfuturo16.pt
Director do Serviço de Anestesiologia do Hospital de Santa Maria