Opinião

Eu não queria estas eleições – Por Raul Almeida

Responsabilizo Pedro Nuno Santos e Luís Montenegro em igual percentagem, por terem feito política de casino (piadas sobre a Solverde à parte), provocando eleições desnecessárias, pondo o calculismo pessoal à frente do interesse nacional.
Dito isto, a realidade impõe escolhas racionais em função das circunstâncias.

Luís Montenegro geriu francamente mal o caso Spinumviva, mas geriu o Governo com competência e bom senso. Soube dialogar e foi fazendo a justiça possível a grupos sociais e profissionais maltratados cronicamente.

Teve péssimas ministras na Saúde e na Administração Interna, mas apresentou excelentes ministros em áreas fundamentais, como as Finanças, a Economia, a Educação e a Justiça. Enfim, um Governo globalmente positivo, exceptuando as duas áreas referidas e o indigno, incompreensível e inaceitável adiamento do reconhecimento formal do Estado Palestino.

Do outro lado, Pedro Nuno Santos, apostado numa campanha focada no carácter de Montenegro, com pouco de palpável que pudesse fazer alguém pensar que uma mudança de Governo seria uma mudança para uma vida melhor. O esforço de moderação de Pedro Nuno merece nota positiva, mas o conteúdo não acompanhou a forma; ou onde acompanhou, foi igual ao actual Governo, como no caso da imigração.

Pedro Nuno tem um histórico de impetuosidade e irreflexão que mina a credibilidade das suas prpostas, e só se pode culpar a si próprio. Foi o homem da injecção bilionária na TAP, com o nosso dinheiro, de forma ruinosa, por capricho e radicalismo ideológico. Foi o homem que Costa teve de encostar, para não contaminar o Governo. É o homem que, apesar da melhoria de imagem, continua a rodear-se e aconselhar-se com a facção mais radical que o PS conheceu.

É o homem que ainda não nos apresentou um futuro Governo que nos tranquilizasse.

Tudo ponderado, a escolha será entre o certo e o incerto, o conhecido e o desconhecido, a previsibilidade e a imprevisibilidade. Não são tempos de política apaixonante, a campanha foi no geral muito fraca, mas a escolha racional parece muito clara.

Por fim, uma palavra de apreço a Rui Rocha e Rui Tavares, contra tudo e contra todos, insistiram em falar de politica e de políticas com dignidade e elevação; o sistema precisa disto.

Raul Almeida

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