
“Troupe de Reis António Dias Simões”, espectáculo integrado nas comemorações dos 150 anos do nascimento do “Pai-Fundador” do Cantar dos Reis de Ovar, estreou no Centro de Arte de Ovar, no passado dia 8 de janeiro, recolheu aplausos de todos os quadrantes.
O actor Pedro Damião, que integrou o elenco, comentou que foi “uma bela homenagem, com belos momentos de partilha, a António Dias Simões, homem de várias vidas e ofícios, que desenvolveu a educação, as artes e o percurso literário, nessa mudança de século ainda tão pouco distante de nós”.
Além do actor vareiro, a “Troupe” contou com direcção musical de Pedro Martins, elementos de várias troupes vareiras e ainda com a participação de Alexandra Gondim, Rogério Pacheco e Clara Gondim, respectivamente, bisnetos e trineta do homenageado.
Numa parceria da Câmara Municipal e da Academia de Artes Amélia Dias Simões Simões (AAADIS), o espectáculo, que tem agendada uma segunda e última apresentação no próximo dia 15 (neste momento, em dúvida), suscitou algumas críticas às quais respondeu Clara Gondim. “Estas pessoas (nr: que criticam a sua realização em tempo de pandemia) devem estar esquecidas de que o sector cultural tem o direito de exercer actividade como qualquer outro sector“. “Devem esquecer-se que enfrentámos e continuamos a enfrentar dificuldades dramáticas. Devem esquecer-se de que os apoios foram e continuam a ser quase nenhuns para milhares de pessoas”.
Usando as redes sociais, Clara Gondim, continua: “Não fomos proibidos de trabalhar, mas fomos obrigados a fazer alterações de horários, redução de lugares nas salas de espetáculos para 50%, cancelamento de centenas de eventos culturais”.
E questiona: “Quais foram os apoios que recebemos durante estes meses? Quais foram as medidas adoptadas pelo Ministério para facilitar a retoma do sector? É importante dizer também que estas pessoas se esquecem de que quando falamos sobre o sector das artes não falamos apenas de espectáculos, mas também das novelas que vêem à noite quando chegam a casa depois do trabalho, da música que ouvem na rádio quando andam de carro ou do livro que lêem antes de dormir. Falamos de todos os trabalhadores e agentes culturais que não têm condições devido à falta de apoios nos últimos meses”.
Sobre o espetáculo em questão, como todos os eventos que têm acontecido nos últimos meses, Clara Gondim garante que aconteceu com todas as regras de higiene e segurança implementadas pela DGS. “Tivemos todos os cuidados possíveis, tanto no dia do espectáculo como em todos os dias de ensaios”.
A acriz aproveita para “agradecer a todos os participantes pelo empenho, dedicação e paixão com que enfrentaram este desafio. Foi um espetáculo bonito, com gente de Ovar, que homenageou o meu trisavô António Dias Simões, impulsionador do que é agora Património Cultural Imaterial – A tradição de Cantar os Reis”.
E termina com o tema cantado no espectáculo: “P’ra que não sabe o que é uma noite de Reis verá
Que não viveu tudo o que a vida nos dá”.