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Centro de Arte de Ovar a “Engolir Sapos”

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O espectáculo “Engolir Sapos” vai apresentar-se no dia 23 de Março (sábado, 22h00), no Centro de Arte de Ovar, depois de ter passado pelo Teatro Viriato, em Viseu, a 15 de Março (sexta-feira, 21h30).

“Engolir Sapos” é uma reflexão artística sobre preconceitos e sapos de loiça. Em Portugal, existem entre 40 e 60 mil ciganos, uma minoria entres as maiorias. Em Portugal, existem entre centenas e milhares de sapos de loiça em estabelecimentos comerciais, uma minoria entre as maiorias dos produtos expostos. Os sapos existem para decorar. E para afastar. Ciganos.

Fernando Giestas, que escreveu o texto do espectáculo, explicou que a primeira fase deste trabalho foi de pesquisa e de residências artísticas de uma semana em diferentes territórios, como Ílhavo, Ovar, Lisboa, Montemor-o-Velho, Figueira da Foz, Viseu, Nelas e Canas de Senhorim.

“Fomos à procura da ideia do sapo de loiça que está à mostra, mais ou menos visível em alguns locais, e tentar perceber esse conflito, esse quotidiano dos territórios”, contou, acrescentando que “os preconceitos pairam no ar”, aparecendo, muitas vezes, nem se sabe de onde.

O material recolhido começou depois a surgir em forma de texto de teatro e a ser trabalhado pela equipa, levando a que, em palco, esteja um pai que julga e uma filha que não se cala, numa encenação de Rafaela Santos.

Fernando Giestas disse que a ideia foi reflectir sobre “como é que um pai mostra o mundo à filha e como é que a filha começa a trabalhar criticamente na leitura do mundo”. O pai é interpretado por Ricardo Vaz Trindade e a filha por Amélia Giestas, de 10 anos.

“Ela reclama uma crítica sobre as coisas e não aceita de uma forma total o que o pai lhe diz. E há essa relação conflituosa entre pai e filha”, sublinhou. Este é um diálogo que, na opinião de Fernando Giestas, se enquadra no dia-a-dia das pessoas, uma vez que todas terão de “engolir” alguns sapos, mas recusar engolir outros.

“Podemos é questionar-nos antes porque é que os estamos a engolir ou recusamos engoli-los. Essa é uma proposta nossa de questionamento sobre a vida, sobre nós, levando ao extremo no palco esse questionamento na relação pai e filha”, frisou.

Fernando Giestas disse que a ideia é levá-lo a todos os sítios onde se realizaram residências artísticas. “Para devolver um pouco do que foi o nosso trabalho e a nossa relação com as pessoas das comunidades ciganas e também para nos colocarmos a jeito perante as críticas que possam vir”, justificou.

O diálogo com as pessoas de etnia cigana foi “de grande sinceridade e honestidade”, mas a Amarelo Silvestre não abdicou da “fasquia artística” necessária para fazer este espectáculo. “Não fizemos a peça para agradar às comunidades ciganas, fizemo-la porque achámos que é um tema que merece uma certa reflexão artística”, realçou.

Na plateia, estarão alguns ciganos que foram convidados. Ringo é um deles, de quem Fernando Giestas espera receber a opinião no final do espectáculo. “Se vamos ferir suscptibilidades, porque vamos, de certeza, estaremos cá para tentar dialogar”, garantiu, considerando que “a arte também serve para ferir algumas susceptibilidades”.

Quem somos nós que expomos sapos, quem somos nós que tememos sapos, quem somos nós?

Em palco estarão Pai e Filha. “Engolir Sapos” é uma co-produção Amarelo Silvestre e Teatro Viriato, Centro de Arte de Ovar e Teatro Municipal do Porto.

Ficha artística e técnica

“Engolir Sapos”

Encenação: Rafaela Santos
Dramaturgia: Fernando Giestas
Interpretação: Amélia Giestas e Ricardo Vaz Trindade
Música: Ricardo Baptista
Desenho de Luz: Jorge Ribeiro
Cenografia e Figurinos: Henrique Ralheta
Apoio ao Movimento: Leonor Barata
Apoio à Dramaturgia: Jorge Palinhos
Assistente de Cenografia: Carolina Reis
Registo Vídeo: Eva Ângelo
Imagem do Projecto: Rosário Pinheiro
Produção Executiva: Susana Rocha
Gestão Administrativa: Paula Trepado
Criação: Amarelo Silvestre
Co-produção: Amarelo Silvestre, Teatro Viriato, Centro de Arte de Ovar e Teatro Municipal do Porto
Residências Artísticas Teatro Viriato, As Casas do Visconde, Centro de Arte de Ovar, Citemor, Projecto 23 Milhas e ZDB
Parcerias: Olho Vivo/Viseu e As Casas do Visconde
Apoio República Portuguesa – Cultura/Direção-Geral das Artes
Imagem: Rosário Pinheiro

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