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Hippies assinalam 50 desfiles no carnaval de Ovar

O grupo carnavalesco Hippies celebra 50 anos em 2018 e no corso de domingo voltará a demonstrar porque tem a reputação de “especialista em criações de esponja”, prestando serviços nessa área a colegas e outras instituições.

Na sede que a colectividade ocupa na Aldeia do Carnaval de Ovar, já quase não há espaço para os 40 elementos do grupo se movimentarem de tão preenchido que está o pavilhão com as peças a ultimar para os desfiles deste ano, que é subordinado ao tema “Macaquinhos no Sótão” e envolve adereços móveis com mais de cinco metros de altura e capacidade de movimentos mecânicos.

O professor de Educação Física, Ricardo “Topas” Pinto, é um dos elementos com mais antiguidade no grupo, integra os Hippies há 22 anos e conta que essa especialização construtiva partiu de uma aprendizagem inicial com grupos como os “Vampiros”, evoluindo entretanto para autonomia criativa própria. “Começámos a assegurar tudo e hoje até já fazemos serviços para fora”, revela.

As encomendas mais frequentes são de tingimento de esponja, material que, na origem, habitualmente só está disponível em tom cru. “Antes pintávamo-la à pistola e não ficava tão bem, além de isso só permitia ter cor à superfície e a esponja se manter em cru no meio, quando a cortávamos”, recorda Ricardo. “Mas em 2011 decidimos começar a tingir as esponjas nas cores que queríamos e quando viemos para a Aldeia do Carnaval construímos uma máquina maior, que dá para tingir pelo menos dois metros quadrados de cada vez”, realça.

Entre essa clientela externa, que vem proporcionando aos Hippies uma receita anual na ordem dos 500 euros só em tinturaria de esponja, incluem-se sobretudo outros grupos carnavalescos de Ovar, escolas envolvidas no desfile infantil do município e colectividades ligadas a outros entrudos da região, como é o caso do de Estarreja.

Os Hippies recebem ainda encomendas de promotores de eventos diversos, como aconteceu quando a Câmara de Ovar lhes encomendou os cravos de grande porte que assinalaram os 40 anos do 25 de Abril, quando a Junta de Freguesia de Ovar lhes pediu adereços para o seu festival de marionetas e quando uma delegação regional dos Escuteiros lhes confiou as suas mascotes.

Feitas as contas, há mais estatuto que receita, mas Ricardo garante: “Já ganhámos com o reconhecimento dos outros grupos. A nossa vitória também é um bocado essa”.
A experiência que consolidou essa reputação resulta, por sua vez, do “muito empenho”, seja esse aplicado em trabalho efetivo ou apenas em convívio.

“A nossa sede é a que está aberta mais tempo durante o ano”, garante António “Tuca” Araújo, que só está nos Hippies desde 2017 e que os colegas descrevem, por isso, como “o caloiro” da casa.
É ele quem explica que “ir à sede é como ir ao café” e que essa assiduidade resulta do “bom ambiente entre as pessoas do grupo”, que, embora estritamente masculino desde 1995, engloba jovens de espírito com idades dos 19 aos 69 anos e beneficia de um alargado leque de experiências profissionais – já que o colectivo integra desde estudantes a engenheiros biólogos, passando por designers, empresários do imobiliário, oficiais de justiça ou guias turísticos.

Chefes de cozinha também há: Ricardo “Pinguim” Matos está emigrado em Liverpool desde maio de 2016, mas, fazendo parte dos Hippies desde 1999, tira sempre férias do restaurante britânico por altura do Carnaval para se juntar aos amigos em Ovar nos eventos finais da programação. “Já é uma tradição e não quero faltar”, admite.

Se umas semanas antes de entrar em Portugal se afasta das redes sociais para não lhe “doer” a folia dos amigos nas primeiras festas da programação, já os últimos 15 dias reserva-os totalmente para o ex-líbris da animação vareira. Quando finalmente chegam as férias, semana e meia é então para trabalhar nos preparativos e participar nos cortejos, após o que restam alguns dias para recuperar da festa antes do regresso a Liverpool.

“Assim tenho tempo de curar a depressão pós-carnaval, para o choque não ser tão grande quando voltar ao trabalho”, conclui.

Nos desfiles de domingo e terça-feira do Carnaval de Ovar é esperada uma audiência diária que poderá ultrapassar os 21.000 espectadores: 80 em camarotes privados, 4.100 em lugares sentados e 17.000 nos estrados para peões.

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