M2030 quer impedir demolição do cine-teatro junto da UE

O Movimento 2030 avançou com uma petição à Comissão Europeia, ao abrigo da Convenção de Faro para impedir a demolição do edificado existente do Cineteatro.
O Movimento 2030 mantém-se vigilante e firme no processo de defesa do antigo Cineteatro de Ovar, partilhando as preocupações de boa parte dos vareiros que, como nós, se opõem à sua demolição. A nossa posição é já conhecida, de total defesa da reabilitação.
Relembramos que a discussão pública sobre este projeto, que devia ter sido iniciada pelo atual executivo, foi intencionalmente limitada. Em vez de envolver a população, o executivo decidiu tomar as suas decisões à porta fechada. Fomos nós, do Movimento 2030, que trouxemos este debate para o nível nacional.
A nossa intervenção na Assembleia Municipal em junho de 2024, seguida de pedidos de reunião com o executivo que nunca obtiveram resposta, demonstrou a nossa proatividade.
Posteriormente, numa reunião pública da câmara e em outra entre executivo e Movimento 2030, expusemos a necessidade de um debate amplo, já que a obra de demolição nem sequer estava prevista na estratégia política do PSD para os quatro anos de mandato. A resposta do atual presidente revelou intransigência e pouca vontade de diálogo. Face a esta atitude, decidimos avançar com uma petição pública que nos permitiu ser ouvidos na Assembleia da República, levando à criação de uma comissão parlamentar, onde ouvimos algumas vozes possíveis de apoio ao nosso apelo contra a a decisão de demolição.
Em surpresa, após um pouco mais de um mês, surge um projeto de resolução que poderia garantir
a salvaguarda do edifício, criando uma sinergia positiva entre o governo local e nacional. Contudo, a desilusão veio três meses depois, quando os votos por maioria foram contra a salvaguarda. O PSD, o CDS-PP e, vejam só, o PS, que em Ovar se apresentava como defensor do Cineteatro, votaram contra.
Em 2024, recebemos um ofício da CCDRC que sugeria à Câmara de Ovar a salvaguarda do edifício,
destacando, entre outros, o seu valor histórico e a raridade do seu estilo arquitetónico em Portugal.
Em setembro de 2025, após a câmara tornar público o projeto de demolição, o Movimento 2030 voltou a contactar a CCDRC para saber se a obra tinha parecer favorável. Ao contrário da resposta célere de 2024, não obtivemos qualquer resposta até à data de hoje, ficando sem saber se o parecer se mantém desfavorável, favorável ou até mesmo condicionado, se mudou ou se foi dado por outro
técnico.
Não queremos acreditar que o executivo camarário, composto por PSD e PS, tenha iniciado uma
votação unânime sem ter um parecer favorável, evitando assim futuros constrangimentos, tal como
aconteceu recentemente na Avenida do Bom Reitor, onde a câmara avançou com uma obra sem o
aval da CCDRC, vendo-a depois embargada. Recusamo-nos a aceitar que o mesmo episódio se repita.
Cumpre-nos informar que o Movimento 2030 avançou com uma petição à Comissão Europeia,
ao abrigo da Convenção de Faro.
Sendo o Movimento 2030 o único movimento político com um projeto conhecido para a reabilitação desde 2021, avançámos com uma petição à Comissão Europeia, evocando a Convenção de Faro. Este tratado, ratificado por Portugal, baseia a nossa defesa em 4 princípios legais sólidos:
* Património Cultural: O Cineteatro é um património herdado, reconhecido e valorizado pela população de Ovar, que quer a sua preservação para as gerações futuras.
* Participação Cidadã: O direito ao património cultural é inerente ao direito de participação na vida cultural, associado à Declaração Universal dos Direitos Humanos. A Câmara de
Ovar falhou ao não ouvir a população.
* Impacto Cultural: A falta de um estudo de impacto cultural demonstra uma falha na aplicação da convenção.
* Reabilitação vs. Demolição: A Convenção de Faro e a Carta Europeia do Património Arquitetónico promovem a reabilitação, precisamente o oposto do que estes partidos votaram por unanimidade.
Esta petição pode ser a nossa luz ao fundo do túnel. Não podemos acreditar na facilidade com que
estes dois partidos desistem do nosso antigo Cineteatro.
Apesar do seu estado, por inação dos seus próprios donos, este edifício merece carinho, atenção e uma segunda vida, uma segunda oportunidade que pode impulsionar o nosso concelho, criando assim o nosso futuro Posto de turismo de Ovar, mantendo a traça original de 1944, tal como o conhecemos, com duas salas para exposição permanente, e outra digital e interativa, e outra sala/ auditório de cinema equipado, preservando o valor real e a memória viva para que foi construído este edifício de 1944.
Para o acolhimento dos nossos visitantes, como mostra do que temos para oferecer, mas também para o cinema, para as artes, para quem vive da cultura, para quem dissemina o nome do município pelos quatro cantos.
Continuaremos a fazer de tudo para salvar este edifício, que significa tanto para os vareiros. Somos
bairristas, mas que se desenganem os fundamentalistas: O património de Ovar não é apenas para
Ovar, e deve estar à disposição do mundo.
O Movimento2030