Mestre Marcão: “Vesti a camisola da tricampeã”
Cerca de uma centena de pessoas oriundas de diversas partes da Europa (França e Alemanha incluídas), marcaram presença no workshop de percussão de Mestre Marquinhos, da Escola de Samba Acadêmicos do Salgueiro, neste fim-de-semana, numa organização da Escola de Samba Costa de Prata (ESCP).
Surpreendido com tudo o que rodeou a sua presença em Ovar, Mestre Marcão, nunca pensou sequer que esta visita podia acontecer. “Comecei a acreditar quando o Siro falou comigo sobre esta possibilidade e aí eu fui falar com o Carlinhos que já cá tinha vindo e me disse que aqui gostavam de mim para caramba”.
Houve obstáculos que surgiram e quase impediram a concretização, “mas depois a minha esposa deu uma força e eu vim”. Em declarações ao OvarNews, classificou a experiência de “maravilhosa, para mim e para eles, porque é uma partilha de conhecimento e de experiências do que eu vivi e aprendi e agora eu vou aprender com eles e com o que eles têm”. Do que viu, Marcão sabe que a Costa de Prata trabalha na base da “superação, subir sempre mais um degrau”, e garantiu: “Eu já vesti a camisola da Tricampeã e até estive com o Prefeito no colo”.
O sambista carioca defendeu que “o samba precisa destas parcerias, de pessoas que nos ajudem a evoluir e esta iniciativa é isso” e pediu “às câmara municipais que promovam e não deixem morrer estes intercâmbios”.
Mestre Marcão garantiu que já conhecia o Carnaval de Ovar e a Costa de Prata pelas redes sociais, “porque nós temos curiosidade. E apreciei muito o que vi”.
“Quando o Carlinhos cá veio eu fui lá saber junto dele: Como posso ajudar? Penso que, em cada dia, aprendemos sempre mais”. Pela sua parte, a disponibilidade da partilha foi total: “Não posso levar para o caixão o que eu aprendi com o meu pai, mestre Louro, o primeiro mestre da bateria do Salgueiro”.
Já a seguir as pisadas do pai, Mestre Marquinhos mostrou-se muito feliz por poder “conhecer outras culturas e ver o que as escolas de samba de outros países fazem. Para mim, é uma oportunidade e só tenho a agradecer porque estamos muito felizes de estar aqui”.
O presidente da ESCP, Rui Mané, assegurou que a presença de Mestre Marcão “significa muito e para mim muito mais, porque estou à frente desta bateria há 14 anos e penso que agora estamos prontos para receber os ensinamentos do mestre, coisa que há uns 10 anos não estaríamos”.
O que viveram estes dias “vai enriquecer a ESCP e não só, pois podíamos fechar a porta para só nós beneficiarmos, mas abrimo-nos a todas as escolas a possibilidade de evoluírem também”, pois os workshops foram partilhados, incluindo todas as escolas de samba do país.
“Uma coisa é a gente ver nas redes sociais, mas outra é estar presente e poder tirar dúvidas e perguntar a um mestre a sério”, destacou Rui Mané que não tem dúvidas de que estes “foram dias históricos”.
O tesoureiro da ESCP, Pedro Maia, agradeceu aos patrocinadores e a todos que “nos apoiaram nesta organização, pois sem eles não seria possível”. Por outro lado, não esqueceu que “esta vinda a Ovar aconteceu pela persistência da Gabriela e do Bruno Mourão, dois associados da Costa de Prata, que sonharam e acreditaram sempre que seria possível, o que permitiu que a escola também cumprisse esse objectivo”.
“Depois foi preciso fazer um grande esforço e acreditar sempre que era possível mesmo quando surgiram grandes obstáculos…”
ENTREVISTA
A visita gerou grande expectativa, mesmo junto dos mais jovens integrantes da escola vareira. Di Mirim foi um dos que acompanhou as duas ilustres visitas desde a primeira hora e até lhes fez uma entrevista rápida. Obrigado Di Mirim! Ora leiam:
Mestre Marcão: «Meu maior sonho é pegar a 10.ª estrela»
Onde tudo começou?
– Eu segui as pisadas do meu pai (Bira de Xuxa), que já havia sido Mestre de Bateria do Salgueiro.
Qual é o seu instrumento favorito?
– É o Surdo de 1ª e de 2ª.
Há quantos anos anda na bateria do Salgueiro?
– Já desfilo na bateria do Salgueiro há 37 anos.
Foi difícil entrar para Mestre de Bateria da Furiosa?
– Não, pois tal como você vem do berço da comunidade do samba, eu também cresci a ver o meu pai ser Mestre de Bateria do Salgueiro.
Qual é o seu maior sonho?
– Meu maior sonho é pegar a 10.ª estrela (melhor bateria do Grupo Especial).
Mestre Marcão, “só entende quem é Salgueiro?”
– Obviamente!!!
Mestre Marquinhos: «Quero seguir as pisadas de meu pai”
Há quantos anos anda nos Aprendizes do Salgueiro?
– Ando desde os 7 anos.
Começou com que instrumento, com o chocalho ou com outro?
– Com o chocalho, sempre!
Quer seguir as pisadas do seu pai?
– Sim, pretendo.
Qual é o seu maior sonho?
– Ser feliz, em qualquer circunstância.
Mestre Marquinhos, o que quer ser quando for grande?
– Depois de terminar a faculdade, o futuro o dirá.
O Salgueiro é a sua segunda casa?
– Não, é a primeira!
Mestre Marquinhos: “só entende quem é Salgueiro?”
– Claro que sim!!!
Por Di Mirim