Opinião

O céu de Julho de 2021 – Fernando J.G. Pinheiro

Este é um mês cujos primeiro e último dia são marcados pela presença do quarto minguante.

Ao início da noite de dia 4, Mercúrio atingirá a sua maior elongação (afastamento relativamente à posição do Sol) para oeste. Mas por este motivo apenas conseguiremos ver este planeta quando ele nascer na madrugada seguinte. Para quem for madrugador esta é uma excelente ocasião para se observar Mercúrio pois quando ele está perto de atingir suas maiores elongações igualmente consegue atingir pontos mais altos no céu.

Às zero horas de dia 6, o nosso planeta irá chegar ao seu afélio, ponto da órbita mais afastado do Sol. Apesar disso, como nesta altura do ano o hemisfério norte terrestre está voltado na direção do Sol, chega ao nosso país bastante mais radiação solar do que aquando da maior aproximação do nosso planeta ao Sol (o periélio).

Na madrugada de dia 8, a Lua será vista ligeiramente acima do planeta Mercúrio. Duas madrugadas depois já se terá aproximado da vizinhança do Sol, dando lugar à Lua Nova, o que não nos permite observa-la. Passados mais dois dias, o nosso satélite natural já se terá aproximado dos planetas Vénus e Marte, sendo possível observar esta conjugação destes três astros. A maior aproximação entre os dois planetas dar-se-á no dia 13, ficando separados apenas por meio grau (aproximadamente o diâmetro da Lua).

Algumas pessoas tentarão imaginar consequências de tais conjugações astronómicas, quiçá mesmo no que se refere a questões saúde pública. Mas as únicas consequências poderão advir resultarão da observação destas efemérides sem cumprir as devidas regras de distanciamento social.

O quarto crescente terá lugar na manhã de dia 17 junto à constelação da Virgem.

A seu turno, a Lua cheia chegará na madrugada de dia 24, apresentando-se o nosso planeta ao lado de Saturno. Dois dias depois já terá chegado até junto de Júpiter.

Infelizmente a presença da Lua numa fase tão próxima da Lua cheia irá dificultar a observação da chuva de estrelas Delta Aquáridas, cujo nome deriva do facto destes meteoros parecerem surgir da vizinhança da estrela delta da constelação do Aquário. Assim mesmo no pico de atividade desta chuva de estrelas (por volta de dia 28) ver-se-ão bem menos do que as duas dezenas de meteoros por hora que seriam observáveis.

Embora hoje em dia associemos estes meteoros ao rasto de poeiras deixado pelo cometa 96P/Machholz, nem sempre foi assim. Outros dois cometas, Krach e o Marsden, chegaram a ser os principais suspeitos.

Boas observações!

Fernando J.G. Pinheiro é investigador do Departamento de Física da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra e do CITEUC – Centro de Investigação da Terra e do Espaço da Universidade de Coimbra. Os seus domínios de especialização incluem a Astrofísica, Geomagnetismo e Meteorologia Espacial. Para além do seu trabalho de investigador, já exerceu funções nos orgãos sociais da Sociedade Portuguesa, e coordenou o grupo Solar System Science do CITEUC. Para além disto, Fernando Pinheiro é colaborador regular em atividades de divulgação científica.

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