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Os leilões em Esmoriz

Os tempos, que ao tempo eram vividos, estavam recheados de dificuldades mil. As carências de que Esmoriz enfermava, apesar do seu estatuto de Vila, eram mais do que muitas.
Mas, naquele tempo, que era tempo de outros tempos, o bairrismo imperava e a revolta contra o comportamento dos “edis vareiros”, era alimentada com o comportamento de desdém, de desprezo e de abandono, que à comunidade esmorizense era direccionado pela autarquia concelhia.
A rua, a ruela, a viela ou a estrada, um muito de tudo isto precisava de intervenção. Os verdadeiros Esmorizenses deram as mãos, mobilizaram o povo, e com a organização de leilões, lá iam juntando “algum” para algumas obras fazer.
Para Ovar, continuavam a sair os impostos, que eram gastos, ou desbaratados a seu modo, mas sempre distante das terras barrinhotas.
Os temas abordados, nessas manifestações de apego à sua terra e de cultura popular, eram diversificados, mas tradutores da vontade de um povo que se sentia colonizado.
Em carros decorados, ou em grupos portadores da boa disposição e do verdadeiro sentido crítico, desfilavam os esmorizenses.
As “ilusões” de um povo eram conhecidas e sentidas, e em carro decorado a verde e amarelo, um jovem espreitava por um canudo, enquanto, em seu redor, se cantava.

Um mercado queremos ter
com carne com peixe e tudo…
mas p’ra já não há dinheiro..
é vê-lo por um canudo!…

Termos cá a nossa Câmara
para nós seria tudo!…
Mas ela ‘inda está tão longe…
Que… é vê-la por um canudo!…

Termos Junta de Turismo
ainda está em estudo…
o dinheirinho vai indo…
E… é vê-lo por um canudo!…

Outros deixavam a mensagem do seu pensar, enquanto algum dinheiro se juntava para investir naquilo que a Ovar cabia fazer. Era assim naquele tempo e nem o tempo que nos separa daquele tempo, mudou esse velho costume.

Florindo Pinto

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