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Portugueses precisavam de "trabalhar um ano sem comer" para pagar a dívida

O ministro da Educação defendeu esta segunda-feira em Ovar que, para ser dispensada mais austeridade no Orçamento do Estado para 2014 e ainda pagar a dívida total do Estado, todos os portugueses teriam que «trabalhar um ano sem comer».

Numa sessão de esclarecimento sobre o próximo Orçamento, Nuno Crato argumentou que o corte nas despesas do Estado não é suficiente para «pôr as contas [da Nação] em ordem» e que se impõem ainda alguns «sacrifícios que vão transformar Portugal num país competitivo».

«Teríamos de trabalhar mais de um ano sem comer, sem utilizar transportes, sem gastar absolutamente nada só para pagar a dívida», garantiu o ministro, sublinhando que não há forma de pôr a economia a crescer «sem se sair primeiro deste beco».

Nuno Crato considerou, por isso, adequado um Orçamento do Estado que tem por base quatro pilares: consolidação orçamental, equidade, solidariedade e crescimento.

A nível social, o governante destacou a preocupante redução na natalidade, o que significa na sua opinião, a longo prazo mais prestações sociais do Estado para uma população em que há mais idosos do que trabalhadores ativos.

Já a nível económico, realçou que o crescimento e o emprego não poderão obter-se, nesta fase, através da mera injeção de capital na estrutura produtiva do país e de um maior endividamento para esse efeito.

«Não se pense que o crescimento e o emprego se obtêm só à custa da injeção de dinheiro e pelo aumento da dívida», avisou Nuno Crato, considerando que «a pura injeção de dinheiro na economia provoca a distorção do sistema produtivo e não consegue, por si só, criar crescimento».

Atrair investimento para o país é uma das soluções recomendadas, mas também nesse contexto, o ministro declarou que o futuro passa pela reforma do IRC, a redução da taxa do IVA e a agilização do sistema judicial.

«Estamos a apressar as ações executivas nos tribunais de primeira instância porque uma das condições que os investidores impõem [para apostarem em Portugal] é que os tribunais funcionem bem», explicou Nuno Crato.

A taxa de desemprego, que tem vindo a diminuir gradualmente ao longo de 2013, e o aumento das exportações, evidente nas últimas avaliações económicas, constituem alguns dos outros aspetos em que o ministro sustentou o seu otimismo.

«Em vez de termos entrado numa espiral recessiva, como dizem os mais pessimistas, Portugal entrou na espiral responsável, aumentando a sua competitividade externa», cita a Lusa.

"Fechar os olhos"

Marco António Costa, coordenador permanente da Comissão Política Nacional e porta-voz do partido, estranhou a ausência de referências do maior partido da oposição às melhorias nas exportações e produção industrial ou ao crescimento da economia e redução do emprego. 

“São boas notícias não para os ministros ou o Governo mas para os portugueses que foram durante estes anos bombardeados pela oposição com as más notícias”, disse, desafiando o PS a apresentar “alternativas” a um Orçamento de Estado (OE) onde pela primeira vez  em vários anos surge no cenario macro-económico para 2014 o crescimento da economia.

“Não vale a pena o PS dizer que o crescimento não se verficará pelo impacto negativo das medidas de austeridade. O cálculo para 2014 já conta com tudo o que vem no OE”, garantiu Marco António Costa . “Não decorre de investimento público mas da capacidade da economia em produzir e exportar”, notou.

À entrada do encontro organizado com a distrital do PSD, o dirigente voltou a “desafiar” o PS para aceitar debater o ´guião´ da reforma do Estado apresentado recentemente pelo vice-primeiro-ministro Paulo Portas, vendo na ausência de resposta “caso único no plano político europeu”.

A organização da sessão pertenceu à Comissão Política Distrital do PSD de Aveiro e decorreu nas instalações do Orfeão de Ovar.

A iniciativa inseriu-se nas 'III Jornadas Consolidação, Crescimento e Coesão' e conta com a presença de Nuno Crato, Ministro da Educação, Marco António Costa, Vice-Presidente do PSD, e Ulisses Pereira, Presidente da Distrital do partido, e realizou-se pelo terceiro ano consecutivo e iniciativa pretende levar conferências descentralizadas por todo o território nacional tendo como mote principal o debate e a explicação das principais medidas do Orçamento de Estado para 2014.

Após o debate na Assembleia da República sobre o documento do Orçamento de Estado para 2014, o PSD alarga a base de debate e reflexão em torno deste instrumento.  

 

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