Motores

Presidente da Câmara da Feira conduz um dos 39 carros da “Descida Mais Louca da Malápia”

Reflexo da criatividade e do engenho das equipas participantes, a prova com carros construídos de forma artesanal – sem motor e movidos apenas por impulso humano e força da gravidade – tem espírito de rali e atraiu em 2024 cerca de 9.000 espectadores. É essa audiência esperada também este ano no evento de S. João de Ver que continua a ter acesso gratuito, mas entre participantes, organização e entidades de segurança, envolve agora uma estrutura de cerca de 190 pessoas. Entre essas inclui-se o presidente da Câmara Municipal da Feira, Amadeu Albergaria, e também o seu irmão, Nuno Albergaria, presidente da Junta de Freguesia de S. João de Ver, onde decorre o evento. Cada um deles conduzirá um carro próprio, numa gincana com obstáculos distribuídos por um trajeto de 1,8 quilómetros que, atravessando a Linha Férrea do Vouga, se distingue por curvas acentuadas, um declive na ordem dos 6,5% e uma plateia vibrante e entusiasta. 
Santa Maria da Feira, 27 de Junho de 2025
É já amanhã, 28 de junho, que se realiza a sexta edição da “Descida Mais Louca da Malápia”, que, no município de Santa Maria da Feira, adota na sua designação uma referência histórica ao malápio, a pequena maçã que os habitantes da freguesia de S. João de Ver ofereceram ao Rei D. Manuel II na sua passagem pela terra durante a viagem inaugural da Linha Férrea do Vouga e que, a partir daí, os miúdos atiravam ao comboio em jeito de provocação traquina.
Organizada pela Associação Malapeiros Rolantes, a prova envolve o que o presidente dessa instituição define como “um ambiente de felicidade e adrenalina, onde não existe competição pelo carro mais rápido ou mais bonito porque o que realmente importa é criar laços com a comunidade e divertir toda a gente”. Vítor Duarte garante: “O que se pretende é a alegria da participação, a satisfação pela construção de um carro que funciona bem e o gozo de o ver rodeado por um público entusiasta, que aplaude as máquinas e os pilotos a cada obstáculo superado”.
O evento tem o apoio da Câmara Municipal de Santa Maria da Feira e da Junta de Freguesia de S. João de Ver, contando com a parceria também da Infraestruturas de Portugal, que gere o caminho-de-ferro local. Os carris do chamado “Vouguinha” serão nesse dia cruzados por uma frota de 39 carros artesanais, toscos e divertidos, o que representa um aumento de 25% face à participação de 2024. Confirmadas estão já equipas dos municípios da Feira e do Carregal do Sal, em representação de empresas, coletividades, famílias inteiras ou meros grupos de amigos com gosto pela bricolagem. Entre os pilotos confirmados está também Amadeu Albergaria, presidente da Câmara Municipal da Feira, e o seu irmão, Nuno Albergaria, que chefia a Junta e São João de Ver e terá como copiloto o pároco local, António Costa.
O investimento da associação promotora do evento ronda os 20.000 euros, o que abrange verbas próprias, patrocínios financeiros, doações em géneros e apoios logísticos, mas essa contabilidade não inclui o custo de adaptação dos carros, em que as equipas mais esmeradas chegam a gastar 2.500 euros por viatura – aplicados sobretudo em elementos decorativos e adereços cénicos – e mais de 40 horas de trabalho.
“É este envolvimento geral que faz da ‘Descida Mais Louca da Malápia’ um evento realmente social e comunitário”, defende Vítor Duarte. “A participação na prova promove o trabalho em equipa, seja entre pais, filhos e irmãos, seja entre amigos que se juntam para construir o carro e que ensaiam uma coreografia para acompanhar a viatura a pé, seja entre funcionários de uma empresa que, ao prepararem a máquina em conjunto, desenvolvem relações mais saudáveis e se ficam a dar melhor com os colegas”.
Este ano há boxes para os carros
Uma inovação em 2025 é que todos os carros participantes vão ter boxes próprias no início do trajeto, logo a seguir à rotunda com o Monumento ao Espírito Feirense, na EN1. Cada equipa passa assim a dispor de um espaço próprio para apoio técnico aos veículos, aos pilotos e outros membros da respetiva comitiva envolvidos no funcionamento efetivo do seu veículo.
Para evitar constantes movimentações de público entre um ponto e outro do trajeto, outra das novidades da sexta edição da “Descida Mais Louca da Malápia” – que teve a sua estreia em 2018, mas, devido aos constrangimentos da pandemia, esteve suspensa em 2020 e 2021 – é a transmissão da corrida em ecrãs gigantes, a partir de câmaras instaladas no que Vítor Duarte considera “duas das zonas mais espetaculares da pista”. Aumentam assim os ângulos de visão dos espectadores a partir da plateia – que se espera muito preenchida, dado que o evento integra a programação das já habitualmente populares Festas Sanjoaninas.
Isso facilitará a perceção global de uma prova que conta com desafios como curvas acentuadas e sem bermas, fardos de palha e toucos de cortiça a meio da via, escadas sobre o asfalto com degraus feitos de paletes e um pórtico em forma de castelo com visibilidade obstruída por espuma, num total de 13 obstáculos intencionalmente instalados num percurso de 1,8 quilómetros já de si a exigir particular cautela.  “Como não têm motor, estes carros podem não passar dos 50 ou 60 quilómetros por hora”, nota o presidente dos Malapeiros Rolantes, “mas exigem certamente muito mais perícia e bons reflexos do que os automóveis normais – e são muitíssimo mais divertidos”.

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