Opinião

Serração “Solidária” – Florindo Pinto

Em tempos de um controlo fiscal apertado, dirigido pelos serviços de finanças, em que as facturas são documentos sugeridos, aconselhados, recomendados e dados como indispensáveis para a eventual melhoria da economia nacional, nas praias de Cortegaça/Esmoriz, o comércio de lenha “floresce/prospera” e a lenha é vendida a esmo sem que um único “papel” surja a justificar uma qualquer transacção.

A recolha da matéria-prima, toros de árvores mortas ou bem vivas, – eucaliptos, pinheiros, austrálias ou mimosas, tudo serve -, acontece em plena floresta, que é propriedade de uma comunidade e está, ou devia estar, a ser administrada por alguém. E o abuso acontece a uma qualquer hora do dia, ou da noite e é feita sem autorização de uma qualquer entidade oficial, mas com a benevolência de donos que não sabem, ou não querem, a troco de votos, proteger aquilo que é de todos e não só deles.

A transformação de madeira em lenha, é feita à luz do dia, em um qualquer local público, ficando, para que alguém arrume, as ramagens que, por falta de valor comercial, são consideradas de “lixo”.

Um espaço que fora destinado a ser utilizado por jovens em diversão, é disso um exemplo vivo. Está transformado em “fábrica” e armazém de retém. O descasque de algumas árvores é ali feito e a troca da lenha, por euros, também.
O desplante dos “comerciantes” passa pela sua exposição/venda, de material retirado da propriedade alheia, agora em molhos, com bitola convencionada, que são expostos na via pública, em cima dos passeios, que, em uma qualquer localidade do mundo, são zonas destinadas à movimentação dos peões.

Mas, e ao ar livre, por que as “vivendas” não permitem o armazenamento de “tanta” acha, podem ser vistas longas rimas daquela madeira que se vende, a um povo oportunista, por um determinado e “tabelado” preço, que é tudo lucro, até por que não são conhecidos os custos na procedência.

A situação é conhecida dos autarcas concelhios e locais. Autarcas acomodados, que foram eleitos para, além de receber certas mordomias, gerir os bens da comunidade. Por isso, arriscam a possibilidade de virem a ser chamados a responder em Tribunal pela sua negligência ou conivência neste negócio que envergonha e confrange.

Mas, não só os autarcas locais são “parceiros” no negócio. Há em uma repartição pública, uma senhora engenheira, a quem foi dado conhecimento, pessoalmente, daquilo que se passa por cá. A senhora, funcionária com Estatuto de superior, e que passa o dia em um gabinete com ar condicionado, sugeriu às pessoas que a foram alertar para a ilegalidade, que durante a madrugada funcionassem como vigilantes daquilo que à sua guarda está. Só por brincadeira de mau gosto, a sugestão poderia dali ter partido. Mas… e por que dali outras “dicas” saíram, temos estado a aguardar que surjam, no terreno, medidas de correcção vindas do Porto, de Lisboa ou dos gabinetes dos senhores presidentes de Junta de Esmoriz, Cortegaça, Maceda, ou da Câmara de Ovar, os mais directamente ligados a este abuso.

Enquanto as medidas correctivas continuarem nas “gavetas”, e na inoperância de quem deveres tem para cumprir e fazer cumprir, a serração solidária estará em pleno funcionamento e a floresta a ser desbastada a esmo.

Florindo Pinto

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